Se há pouco mais de dois anos, cerca de 80% das lideranças cristãs desconhecia a temática Gênero, como apontou uma pesquisa realizada à época pela Diaconia, hoje o cenário é de informação e avanços nos quatro territórios onde a entidade atua, com a formação de grupos e fórum voltados ao debate,capacitação e incidência em políticas públicas. “Há muitos desafios pela frente, mas vejo resultados importantes conquistados em um curto período de tempo dentro das igrejas e organizações. Isso, sem dúvida, reflete a excelência do trabalho desenvolvido pela Diaconia, que se torna referência na temática Gênero não apenas no Brasil, mas também para instituições de outros países”, avalia o boliviano Willy Ugarte, representante da Igreja da Suécia (Svenska kyrkan) para a América Latina. A Igreja da Suécia é financiadora do projeto Justiça de Gênero, desenvolvido desde 2014 pela Diaconia com lideranças cristãs das regiões metropolitanas de Recife e Fortaleza, Sertão do Pajeú e Oeste Potiguar. Na última sexta-feira (20), cerca de 15 funcionários/as e parceiros/as ligados à iniciativa participaram de um momento de avaliação com o representante, realizado na sede da entidade, na capital pernambucana. Na ocasião, foram apresentados os contextos quando do início projeto, as conquistas alcançadas até o momento e os desafios que deverão nortear o trabalho da Diaconia a partir de 2017, após encerramento da parceria. Como principais ganhos, o grupo destacou a capacitação não apenas do público externo, mas da própria equipe da Diaconia, que passou por um curso de extensão em Gênero entre 2014 e 2015, ministrado pela Escola Superior de Teologia (EST), especialista na temática. A mudança de pensamento e atitude do público sensibilizado, que passa a multiplicar o conhecimento e cria novos espaços de discussão e incidência, a exemplo do Fórum de Mulheres Cristãs e Políticas Públicas de Pernambuco, também foi observada pelos participantes, assim como o sucesso das Câmaras Temáticas de Gênero (espaços de formação, apoio e empoderamento). “A partir do novo triênio (2017-2019), as Câmaras Temáticas serão adotadas como estratégia de trabalho da Diaconia também em outras áreas, como Meio Ambiente e Juventude”, lembrou o diretor executivo da entidade, Pr. Armindo Klumb. Ao final do encontro, Ugarte apontou a importância de sistematizar a experiência do projeto Justiça de Gênero para que outras organizações possam conhecê-la e utilizá-la no trabalho em prol da equidade entre homens e mulheres. “Um grande desafio, ao final do projeto, é fazer com que as igrejas e grupos de jovens e mulheres beneficiados também encontrem suas próprias estratégias para ir em frente na temática”, observou o boliviano, ao mesmo em que sinalizou a possibilidade de renovação da parceria com a Diaconia. “Vamos estudar alternativas para ver se é possível continuar a parceria a partir de 2018”, disse. Mais resultados – Entres os principais resultados do projeto também estão a capacitação de 73 mulheres protagonistas de processos formativos em justiça de gênero; a sensibilização de 55 jovens, de 41 grupos juvenis, para a temática e o compromisso assumido por eles com a promoção da equidade de gênero; a constituição e consolidação de oito espaços interdenominacionais comprometidos com intervenções na perspectiva da justiça de gênero; sete igrejas membro da Diaconia atuando em espaços de incidência política; e a construção por mulheres de 15 textos norteadores para igrejas como suporte para processos educativos, dentre outros. *Por Clara Cavalcanti