Arquivos Vi no Instagram - Página 9 de 47 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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REC cresce com produções nas telinhas e na telona

A palavra de ordem na REC Produtores Associados para a eterna transição do setor audiovisual é adaptação. Produtora de longas de destaque da sétima arte pernambucana, como Cinema, Aspirinas e Urubus e Tatuagem, a empresa que já teve forte atuação na publicidade tradicional, desenvolveu ao longo dos seus 21 anos outras expertises, como a produção de séries para TV e, mais recentemente, o desenvolvimento de vídeos para redes sociais. O sucesso avassalador dessa nova forma de consumo audiovisual, por meio de canais como Instagram e YouTube, resultou inclusive na criação do mais novo núcleo da marca, a iREC. Em meio a tantas mudanças, a empresa teve um crescimento de 14% de faturamento em 2018 e projeta avançar em 40% neste ano. “Em duas décadas houve uma mudança de hábitos de consumo e de comportamentos da sociedade que refletiram na questão da comunicação. Hoje tem gente que não vai a uma loja física, porque compra tudo na internet. Estamos dentro do processo de se reinventar diante dessa nova dinâmica do mundo. Não temos uma fórmula pronta, nós nos adaptamos de tempos em tempos às novas demandas do nosso mercado”, afirma Ofir Figueiredo, sócio da REC. Entre as mudanças no setor, Chico Ribeiro, também sócio da produtora, ressalta que hoje o consumo de audiovisual aumentou significativamente. No entanto, há grandes audiências com produtos praticamente caseiros, que não passam necessariamente pelo trabalho profissional. Em números, o setor audiovisual hoje é responsável por 0,46% do PIB brasileiro, segundo a Ancine, empregando mais de 330 mil pessoas, entre diretos e indiretos. Para transitar com sucesso entre as oportunidades e ameaças desse novo momento, a REC surfou na onda de crescimento do setor no Brasil. Apesar da crise econômica, o audiovisual viveu seus melhores anos, a partir da Lei 12.485, que ampliou a demanda por produções independentes para a TV fechada, além de investimentos crescentes do Fundo Setorial do Audiovisual. “Enquanto o País vem de crise ou de crescimento quase inexistente, a cultura vem em crescimento, principalmente no audiovisual”, compara Chico Ribeiro. Das oportunidades surgidas com a Lei 12.485 estão experiências na produção de séries, como a ficção Fim do Mundo, produzida para o Canal Brasil, que circulou neste ano. Neste momento a REC está rodando também a série Rotas, sobre turismo no Estado, para o Canal Box Travel. A REC foi selecionada, por meio da chamada da Rede Globo, para produzir o filme de final da ano da Rede Globo Nordeste. Os recentes terremotos na Ancine e na política cultural brasileira, no entanto, estão tirando o sono dos players do setor no horizonte dos próximos anos. A REC tem também prestado serviços de produção para grandes empresas parceiras. Na área de séries, a produtora trabalhou nas vinhetas de abertura e encerramento das séries Justiça e Cine Holliúdy, ambas da TV Globo. Outra produção global com assinatura da empresa foi o serviço de pesquisa de locações e infraestrutura da série Onde Nascem os Fortes. Recentemente, fez também uma produção local do filme espanhol Yucatan, que tinha cenas gravadas em Pernambuco, realizado pela madrilenha Ikiru Film. “Além dos nossos conteúdos, também prestamos serviços para produtoras de fora do Estado e até do Brasil”, conta Ofir. Os sócios contaram que no ano de 2019 voltaram a surgir demandas da publicidade, que é um dos leques de atuação da empresa. A REC foi responsável, por exemplo, pelo filme da Fenearte deste ano e pela campanha de 50 anos do Detran, que foi produzida para o público interno. “Hoje estamos rodando muita publicidade pública, principalmente no último trimestre, o que não vínhamos fazendo nos últimos anos”, relata Chico. Há uma demanda também de vídeos corporativos, que chegam à produtora por meio de grandes agências de publicidade no Estado, como Blackninja, BG9, Aporte e Propeg. Com o crescimento do consumo audiovisual pelas redes sociais, a mais nova cartada da empresa é a organização de um setor específico para esse serviço: o iREC. “É um núcleo exclusivo para atender as demandas de conteúdo publicitário para as redes sociais. É um serviço que já existe, mas está ganhando uma nova estrutura, que trará mais competitividade”, destaca Ofir. Na produção autoral da sétima arte, o destaque mais recente da REC é o longa Estou me guardando para quando o Carnaval chegar, feita em co-produção com a Carnaval e sob direção de Marcelo Gomes. O trabalho entrou em cartaz em julho. “A REC foi conhecida inicialmente pela produção de cinema autoral. Temos hoje dois projetos em desenvolvimento nessa área, mas o nosso foco está mais diversificado. Os tentáculos da nossa produção estão mais distribuídos, justamente pela adequação que passamos em virtude das mudanças do mercado”, destacou Ofir. *Rafael Dantas é jornalista, repórter da Revista Algomais e assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com)

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Cultura pop japonesa conquista os recifenses

Já faz algum tempo que vários bens culturais do Japão fazem parte do cotidiano dos jovens no Ocidente, seja por meio de mangás, animes ou jogos digitais. As produções japonesas conquistaram um espaço relevante dentro do cenário pop mundial, rompendo fronteiras geográficas ou diferenças de cultura. No Recife não é diferente, todo um universo do entretenimento japonês foi incorporado à rotina dos moradores da cidade, sobretudo, a parcela mais jovem da população. Desde o famoso macarrão instantâneo, o inconfundível miojo, até as grandes feiras de encontro e celebração da cultura oriental, a cidade aporta diversas práticas e atividades relacionadas ao povo asiático e abriga uma legião de fãs apaixonados e engajados em tudo o que é relacionado à Terra do Sol Nascente. O fenômeno começou com a publicação dos primeiros mangás no Brasil, em meados da década de 80, mas ganhou força mesmo no fim dos anos 90 e início dos anos 2000 com a alta popularidade de animes como Dragon Ball e Pokémon em exibição na TV aberta brasileira no período.Os mangás, as histórias em quadrinhos japonesas, se caracterizam pela forte preocupação com o lado humano dos personagens e são uma diversão para todas as pessoas, independente de idade. A produção dessas histórias abrange uma variedade maior de leitores do que os gibis tradicionais, por isso, há a preocupação na produção de especificar o público alvo, direcionando o tipo da narrativa de acordo com o leitor. Dentre os principais tipos, destacam-se os mangás Shonen, que são aventuras com muita ação, direcionados para o público jovem masculino, e geralmente são aqueles que mais obtêm êxito no Ocidente. Sucessos como Naruto, One Piece, Dragon Ball fazem parte dessa categoria. Os do tipo Shojo são romances leves e focados no público jovem feminino como, por exemplo, a obra Sakura Card Captions, já os Seinen são voltados especialmente no público masculino adulto, como Ghost In The Shell. Cada um desses tipos envolve uma gama de gêneros literários diversificados, que vão desde o mais tenro romance, até as ficções científicas e contemplam públicos que não se veem tão bem representados nos outros quadrinhos, como crianças, mulheres e idosos. A historiadora Viviane Holanda, 25 anos, relaciona sua paixão com os quadrinhos orientais aos valores que são transmitidos dentro das obras. “Ao contrário das produções ocidentais, que enfocam mais no protagonismo individual, nas japonesas o herói é parte de uma equipe, e geralmente, só consegue alcançar o seu objetivo em grupo”, explica. “Posteriormente, descobri que isso é um traço da cultura deles, de pensar no coletivo antes do individual”, completou. Já o universitário Pedro Pequeno, 20 anos, relaciona outras questões ao fenômeno. “Desde criança tive muito contato com os desenhos japoneses, na TV mesmo, e a partir daí comecei a explorar muito essa conexão por meio dos eventos que acontecem na cidade”, destacou. A cultura pop japonesa atingiu tamanho patamar, que crescem a cada dia o número de otakus e de eventos relacionados ao que é produzido na Terra do Sol Nascente. Otaku é como são conhecidos, popularmente, os fãs da cultura japonesa, que formam um público respeitável na cidade e as convenções servem como uma maneira de unir essas pessoas. “Os eventos são muito importantes para a disseminação da cultura japonesa, porque é lá onde os fãs de vários tipos de animes e mangás se reúnem para trocar influências. Acontecem também exibição de animes, o que faz você conhecer as novidades produzidas. Além das barracas vendendo todo tipo de mangás, expondo as novidades e os raros. Sem os eventos, isso ficaria meio solto na internet, cada um na sua bolha. O evento agrega gostos diferentes”, explica Viviane. Na fileira de outros eventos que exploram essa cultura de games e de heróis, os encontros dos fãs de cultura pop japonesa têm cada vez mais se diversificado para abrigar os mais diferentes públicos, consolidando fãs cativos dentro da cidade. “Acredito que a infância das pessoas, assistindo aos desenhos na TV, misturando aos eventos que acontecem acabaram criando um grande grupo de fãs aqui, fidelizando-os e atraindo curiosos pelas tradições japonesas”, destaca Pedro. Pelo caráter plural dos tipos e temáticas dos mangás e animes, os eventos acabam se tornando também bastante democráticos para todos que participam. Neles se vê gente de todos os gostos e todas as idades, desde os primeiros fãs advindos dos primeiros animes e mangás no Brasil na década de 80, até os filhos destes, que herdam dos pais o gosto por essa parte da cultura japonesa. Isaac de Melo, atendente em um restaurante no Recife, é um otaku das primeiras gerações, e acredita que houve grande revolução para os fãs da cultura pop japonesa a partir do surgimento e da popularização da internet. “Antigamente era muito difícil encontrar um mangá, um anime, hoje em dia está muito mais fácil e isso é graças à internet, que facilitou a proximidade com esse mundo. Antes, se eu queria ver algum anime, entrava em contato com um rapaz da locadora, que ia encomendar a fita ou o DVD para só depois de 15 dias eu conseguir assistir à produção”, relembra. Isaac mantém até hoje ligações com a cultura oriental, seja lendo os mangás, jogando as produções eletrônicas de lá ou praticando o cosplay em feiras e eventos japoneses. O chamado cosplay, é uma prática de se vestir igual a um personagem dessas histórias ou dos games, tentando ser o mais fiel possível ao original. Todos os eventos que ocorrem no Estado possuem concursos de melhor cosplay, alguns até estipulam categorias diferentes para os praticantes concorrerem. Exemplo disso são as categorias de cosplay individual e em grupo. “Eu só faço cosplay de personagens que eu respeito e admiro. Eu incorporo aquele personagem. Não é simplesmente se vestir igual a ele. Tem que unir a aparência com a personalidade”, elucida Isaac. O que encanta Isaac são as diferenças e peculiaridades da cultura asiática, tanto nos formatos das produções, quanto nas narrativas produzidas. “Os quadrinhos brasileiros são mais ligados à comédia, muito raramente se vê um quadrinho de ação,

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4 fotos de movimentos populares no início do século passado

Encontrar imagens de grandes aglomerações de rua no início do século passado não são fáceis. No acervo de Manoel Tondella, da Fundaj, localizamos quatro imagens nas duas primeira décadas do século XX. As três primeiras tratam-se da recepção do General Emídio Dantas Barreto. A última é provavelmente uma festa popular. As datas informadas abaixo estavam na descrição das fotos na Fundaj. Clique nas imagens para ampliar. . Chegada do general Emídio Dantas Barreto, em 1900. (Acervo Manoel Tondella) . Chegada do general Emídio Dantas Barreto no Recife, em 1922. (Acervo Manoel Tondella) . Chegada do General Dantas Barreto em Pernambuco; Passagem de carro puxado a braço humano na rua da imperatriz, em 1911. . Manifestação popular de rua, em 1910 . *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com) . LEIA TAMBÉM 10 fotos da Praça da República Antigamente . 5 fotos das Praças de Burle Marx no Recife antigamente

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25 anos depois: qual a herança da cena mangue?

*Por Rafael Dantas Modernizar o passado / É uma evolução musical / Cadê as notas que estavam aqui? / Não preciso delas! / Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos / O medo dá origem ao mal / O homem coletivo sente a necessidade de lutar / O orgulho, a arrogância, a glória / Enche a imaginação de domínio / São demônios os que destroem o poder / Bravio da humanidade. O monólogo provocativo de Chico Science dava início ao álbum da Nação Zumbi Da Lama ao Caos. No mesmo ano, o Mundo Livre S/A lançava também seu primeiro disco Samba Esquema Noise. Era o som dos “caranguejos com cérebro” tirando do mangue a diversidade cultural que caracterizou o movimento musical, que se espraiou para o cinema e até para a relação dos recifenses com a cidade. Um quarto de século depois, perguntamos a protagonistas, mangueboys e especialistas: o manguebeat morreu ou se metamorfoseou? Hugo Montarroyos, 44 anos, não tinha nem 20 quando o mix de sons do manguebeat explodiu. Ele era fã do primeiro momento, quando os shows de Chico Science e Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A juntavam pouco mais de 100 pessoas. “A banda e o público se misturavam. Eles terminavam de tocar e desciam para tomar umas cervejas com a gente. Sou de uma geração privilegiada que viveu aquele momento”. . . Frequentador do Circo Maluco Beleza, da Soparia e de outros espaços onde as bandas tocavam, Montarroyos se envolveu muito com aquela cena. “O Recife era um deserto cultural nos anos 80 e 90, principalmente para quem gosta de rock. A cultura forte de raiz estava restrita às periferias. A classe média não tinha se apropriado do maracatu. Até que as pessoas começaram a formar muitas bandas, como Chico Science. Aquilo tomou uma dimensão que ninguém imaginaria”. O mangueboy, anos depois, escreveu um livro sobre a banda Devotos e se tornou jornalista cultural. Tudo isso influenciado pelo movimento. As reuniões, shows e sensações que fervilhavam no final dos anos 80 e início dos 90 permanecem vivos na memória do jornalista e DJ Renato L. Autor do manifesto do movimento, junto com Fred Zero Quatro, ele conta que a metáfora do mangue foi apresentada por Chico Science numa mesa do Cantinho das Graças, um reduto de boêmios. “Nunca perguntamos a ele porque resolveu batizar de mangue. Mas ele chegou no bar dizendo que tinha usado alfaia, como se fosse o bumbo do hip hop, e feito outras inovações na música. E que iria chamar esse novo beat (batida, ritmo) de mangue”, conta. O grupo de apaixonados por música, que se encontravam com frequência, concluiu que a inovação não poderia ser só um beat. Veio a sugestão para que se tornasse uma cena. “Na mesma noite, numa espécie de fluxo de criatividade, veio a expressão caranguejos com cérebro e as metáforas básicas do manguebeat como: queremos criar um ecossistema cultural tão rico e diversificado quanto o mangue é em biodiversidade”, lembrou Renato, que anos depois veio a ser secretário de Cultura do Recife. . Inspirado na obra de Josué de Castro, o movimento falava do homem-caranguejo que vive as contradições sociais da cidade do Recife e a busca por transformá-lo em “caranguejo com cérebro”. Na metáfora da antena parabólica fincada na lama, fez a fusão de ritmos regionais com influências da música global e colocou o Recife em destaque até fora do País. “Há muitos anos não havia uma inovação no cenário brasileiro musical. O manguebeat foi uma coisa que em Pernambuco mexeu praticamente com todos os setores da cultura, como literatura, cinema, artes plásticas. E ecoou fora do Estado e até do Brasil”, analisa o jornalista e crítico musical José Teles. Contraditoriamente, o lugar em que ele tinha mais resistência, segundo Teles, era o Recife. “Não se tocava o manguebeat nas rádios, às vezes era motivo de chacota. Mas chegou logo no exterior. No primeiro disco, chegou em Nova Iorque e na Europa”, relembra. A vocação para inovação é algo que transcende o manguebeat na avaliação do vocalista da banda Mundo Livre S/A, Fred Zero Quatro. “Pernambuco tem uma vocação para o inusitado, para o original, o ousado, o vanguardista. Quando a gente começou a ter visibilidade nacional e ganhar prêmios, muita gente nos perguntava: o que é que tem na água do Recife?”. O interesse por saber o que inspirava os músicos recifenses tinha uma razão. Logo após os “caranguejos com cérebro” saírem do mangue e se conectarem com o mundo, uma leva de novas bandas e de antigos nomes da cultura pernambucana começaram a gravar e exportar os ritmos, batuques e composições locais. “Na sequência dos nossos primeiros discos, teve gravadora de São Paulo que só contratava artista de Pernambuco. Veio um monte de gente como Devotos e Jorge Cabeleira. Todo mundo se espantou”, lembra Zero Quatro. A água do mangue recifense que contaminou a música do manguebeat tem uma história que passa por personagens como Manuel Bandeira, Cícero Dias, João Cabral de Melo Neto, entre outros tantos nomes de destaque da cultura nacional segundo o músico. Rapidamente, o som do mangue desperta o cinema pernambucano. O clássico longa-metragem da retomada Baile Perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, tem trilha sonora do manguebeat. Em entrevista à Algomais, em 2016, DJ Dolores afirmou que o movimento contribuiu para os cineastas locais descobrirem a capital pernambucana. “Um filme muito próximo do manguebeat foi Amarelo Manga, que trouxe a visão do Centro do Recife, que estava ausente na cinematografia do Estado, ainda muito influenciada por aquela coisa do Cinema Novo. Acho que esse discurso urbano atravessou os anos e, com certeza, interferiu na cinematografia das pessoas que estão realizando filmes atualmente”. A estética do mangue promove ainda a valorização do trabalho do design made in PE, segundo Renato L, Teles e Zero Quatro. Prova disso são as capas dos álbuns pioneiros, que eram produtos conectados com o efervescente momento cultural do Recife. As bandas brigaram com as gravadoras para garantir que as ilustrações que

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Manguebeat despertou a consciência ambiental

“Emergência! / Um choque rápido ou o Recife morre de infarto! / Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruindo suas veias. / O modo mais rápido, também, de enfartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar seus rios e aterrar os seus estuários (...)” A acidez do texto do manifesto Caranguejos com cérebro demonstra o cenário de desvalorização do mangue e a inércia criativa, econômica e cultural da cidade, no qual os jovens recifenses estavam imersos no período. O manguebeat, para muitos analistas, surge como uma resposta contundente àquela realidade, com o intuito de devolver o ânimo e reavivar o orgulho dos cidadãos da capital pernambucana. “Foi como se destampasse uma panela de pressão, havia toda uma energia reprimida no Recife. Era uma cidade morta no mapa, foi como se toda essa energia explodisse de uma vez só e isso contaminou, ou melhor, energizou todas as outras áreas da cidade”, relembra Renato L., jornalista e um dos expoentes do movimento. Renato L., o ministro da Informação do Manguebeat (título conferido por Chico Science), conta que sempre fez parte do movimento uma preocupação com o então estado da cidade e que aquela realidade incomodava todos os integrantes da cena. “O mangue surge como uma espécie de resposta à situação do Recife enquanto cidade. Tanto o punk como o hip hop trabalham muito nas letras a realidade ao redor e ambos foram muito fortes nas influências do movimento. A letra de A Cidade é preciosa para definir o que toda cidade brasileira sofre, de crescimento desigual”, esclarece o ex-secretário de Cultura. “Isso modificou a percepção do recifense e as pessoas passaram a olhar a cidade de outro jeito. O próprio termo mangue passou a chamar a atenção para o meio ambiente na época”, destaca Renato. A partir da explosão do manguebeat, lembra o jornalista, a população passou a ser tomada por uma série de novos sentimentos, como o de orgulho, tanto do ecossistema quanto de ser recifense, em contrapartida à antiga síndrome de patinho feio que assolava os moradores. “Recife foi apelidada da Seattle brasileira, por conta do Nirvana. Realmente, estava acontecendo muita coisa na cidade naquela época” destaca Hugo Montarroyos, fã das bandas. Dengue, baixista da Nação Zumbi, destaca que o movimento impactou outras localidades, provocando uma maior união entre seus habitantes. “Naquela época, os bairros se uniram mais. Lembro que éramos de Rio Doce, em Olinda, e tinha gente de Peixinhos, Candeias (Jaboatão dos Guararapes) e do próprio centro do Recife, além de pessoas de outros lugares, como Casa Amarela e o Alto José do Pinho. As partes das cidades se conheceram, trocaram experiência e já está na hora disso voltar a acontecer”, instiga o músico. . . Uma união que se reflete na característica do movimento de acolher diferentes ritmos. Ao contrário dos outros grandes movimentos da música popular brasileira, o manguebeat não se caracterizou por um padrão musical, mas o que unia os componentes da cena era uma noção coletiva, é o que explica Fred Zero Quatro, líder do Mundo Livre S/A e uma das cabeças à frente da cena. “O que conectava todo mundo, era um sentimento comum, uma postura de amor à diversidade. Vem daí essa alegoria com o manguezal, que é o ecossistema berçário de quase todas as espécies marítimas”, explicou. “Há, então, essa alegoria da diversidade ecológica com a diversidade cultural, e toda uma vontade de valorizar o espontâneo, a riqueza contida no multiculturalismo”, completou. Toda essa analogia com o ecossistema acabou também por despertar na população local o sentimento de valorização dos manguezais que até então era desprezado. “Antigamente havia uma visão do mangue como um local sujo, insalubre, fétido, cuja única função era o aterramento para a construção de novos imóveis e isso mudou”, constata André Galvão, que era editor da editoria de Cidades do Jornal do Commercio na época. O jornalista assistiu de perto a essa transformação, impulsionada também por organizações não governamentais e pelos veículos de comunicação. “A população hoje em dia quer conhecer o outro lado da cidade, o lado do mangue, o lado da lama e isso não seria possível sem a atuação das ONG’s, o forte apoio da imprensa e, sobretudo, a revolução cultural encabeçada por Chico Science e Fred Zero Quatro”, evidencia Galvão. “Você não tem como desatrelar uma coisa da outra, porque ao cantar sobre o mangue, ou gravar um clipe no estuário, ou conceder uma entrevista falando sobre o manguezal, as pessoas começaram a se interessar e a entender a importância do mangue para a cidade”, analisa o jornalista. O manguebeat, culturalmente, chamou a atenção da cidade para o estuário e também revigorou o movimento ambientalista, segundo Galvão. “Foi um processo de retroalimentação”, conclui. A ideia de que as letras ácidas com temática urbana sobre a realidade recifense acabaram por influenciar ativistas ecológicos é compartilhada por pessoas do movimento como Renato L. “Quando rolou essa movimentação do Ocupe Estelita, muitos anos depois da cena mangue, conheci muitas pessoas que acamparam lá no Cais, e os mais velhos me disseram que circulou ali o mesmo tipo de energia que eles sentiam na explosão do manguebeat, como se mais uma vez a cidade estivesse viva”, detalhou. É, parece mesmo que num dia de sol, Recife acordou com a mesma energia do dia anterior. *Por Yuri Euzébio, da Revista Algomais (redacao@algomais.com)   VEJA MAIS 25 Anos depois: qual a herança da cena mangue? 

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6 fotos do Liceu de Artes e Oficios Antigamente

O Liceu de Artes e Ofícios, no Recife, é uma das valiosas peças arquitetônicas no entorno da Praça da República. Vizinho do Teatro Santa Isabel e do Palácio do Campo das Princesas, o tradicional colégio foi construído entre 1871 e 1880. De acordo com Lúcia Gaspar, da Fundaj, a escola inaugurou este prédio no dia 21 de novembro de 1880. O projeto do edifício é do engenheiro José Tibúrcio Pereira de Magalhães, que também assinou outros prédios emblemáticos do Recife, a exemplo da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). "Em estilo classicista imperial, inspirado no neoclassicismo francês, o prédio é composto de dois pavimentos. A fachada sofreu pequenas modificações durante a construção e também no século XX, mas não chegaram a causar uma grande desfiguração do projeto de Magalhães. (...) Como uma das instituições que prestava um serviço à educação popular no Recife, o Liceu ministrava aulas de desenho, música, pintura, marcenaria, arquitetura, aritmética, alfabetização. Possuía uma biblioteca com algumas obras raras e um museu com um bom acervo", escreveu Lúcia Gaspar¹. As imagens abaixo são do Acervo da Villa Digital, da Fundação Joaquim Nabuco. Clique nas imagens para ampliar. . Trem passando na frente do Liceu (Acervo Josebias Bandeira) . Cartão Postal com o Liceu de Artes e Ofícios (Acervo Josebias Bandeira) . Fachada do prédio em 1904 (Acervo Josebias Bandeira) . Liceu de Artes e Ofícios (Acervo Josebias Bandeira) . Foto da Ponte Princesa Isabel, com imagem do Liceu ao fundo, em 1899 (Acervo Josebias Bandeira) . Imagem do Rio Capibaribe, com Liceu na margem esquerda, em  1915 (Acervo Benício Dias)   *Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com) ¹Trecho extraído do artigo Liceu de Artes e Ofícios. GASPAR, Lúcia. Liceu de Artes e Ofícios, Recife, PE. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em:<http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: 11 ago. 2018. . LEIA TAMBÉM 10 fotos da Praça da República Antigamente . 5 fotos das Praças de Burle Marx no Recife antigamente

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No Nordeste, regionalismo influencia as escolhas dos consumidores

O levantamento da Kantar sobre o Nordeste analisa as principais características e diferenças comportamentais da região. De acordo com a pesquisa, o Nordeste representa 25% dos domicílios brasileiros, porém contribui com apenas 15% do PIB do país. Segundo o IBGE, enquanto o PIB nacional cresceu 1,1%, em 2018 versus 2017, o Nordeste teve aumento de 0,6%, número abaixo do restante do país. A região Norte + Nordeste se diferencia do restante do país pela alta concentração de domicílios da classe DE, 47% versus 24% no Brasil, esse retrato muda toda a dinâmica de consumo na região. Com relação ao perfil dos consumidores, os domicílios se destacam com presença de crianças de até 12 anos e famílias numerosas, de 5 ou mais pessoas, com donas de casa mais jovens. Apesar da região ter a menor renda média domiciliar mensal do país, R$ 2.489 versus R$ 3.173 do total Brasil, ela é uma das únicas que consegue equilibrar o orçamento doméstico, ficando atrás apenas do estado de São Paulo. Em relação ao consumo, alimentos e bebidas têm um peso importante dentro dos lares no Nordeste e comprometem 26% de todo o orçamento doméstico. As cestas que mais se destacam são Mercearia Doce e Higiene e Beleza que, além de elevada importância, apresentam o maior gasto médio por domicílio. Categorias como café solúvel, cereal tradicional, deo colônia, leite em pó, caldos e cremes e loções são destaques na região. O Nordestino também se diferencia do restante do país ao apresentar menos idas ao ponto de venda e menos mixidade entre os canais. Enquanto no Brasil são usados, em média, 7 canais de compra, mais da metade da população do Nordeste acessa, em média, apenas 4 canais. O varejo tradicional é bastante relevante na região, porém quem mais cresceu no último ano, em comparação ao restante do país, foram autosserviços e os atacarejos. O levantamento aponta também que 44% das unidades compradas se concentram nos dez primeiros dias de cada mês. Durante a semana, destacam-se o sábado (21%) e, diferente do restante do país, a segunda-feira exerce uma importância relevante (17%). “O regionalismo é uma tendência forte no Nordeste e podemos ver como essa identidade é distinta do restante do país pelas escolhas dos consumidores da região, marcas locais são líderes em 16% das 110 categorias auditadas no Nordeste e chegam a ganhar importantes posições no ranking por regiões da Kantar, o Brand Footprint”, comenta Giovanna Fischer, Diretora de Marketing e Insights da Kantar. Ranking Brand Footprint 2019 Norte e Nordeste 1 Maratá 2 Vitarella 3 Ypê 4 Colgate 5 Soya 6 Fortaleza 7 Santa Clara 8 Deline 9 Italac 10 Nissin Ranking Brand Footprint 2019 Brasil 1 Coca-Cola 2 Ypê 3 Colgate 4 Italac 5 Tang 6 Nissin 7 Nescau 8 Soya 9 Piracanjuba 10 Vitarella

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Mais Vida nos Morros concorre ao Prêmio de Gestão Municipal da CNM

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) anunciou as 30 iniciativas pré-finalistas do Prêmio MuniCiência – Municípios Inovadores, ciclo 2019-2020. Todas as regiões do país participam da disputa, conforme o previsto no regulamento. Entre os estados com maior número de representantes estão Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. A Prefeitura do Recife é representado na lista pelo programa Mais Vida nos Morros, que é coordenado pela Secretaria de Inovação Urbana. De Pernambuco, concorrem ainda ao prêmio Programa Controlador Mirim, de São Lourenço da Mata (na categoria de médio porte) e o Projeto resgatando a cidadania através da destinação correta do nosso lixo, da Prefeitura  Santa Cruz da Baixa Verde (na categoria de municípios de pequeno porte). O Prêmio MuniCiência está na terceira edição e desta vez teve 235 inscrições (homologadas), entre consórcios municipais e Prefeituras. A proposta é identificar, reconhecer e compartilhar iniciativas municipais inovadoras e transformadoras, com impactos positivos na administração pública e para a sociedade. Iniciativas de todas as regiões do país foram selecionadas para a próxima fase.

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4 fotos do Colégio Nóbrega Antigamente

Um dos colégios mais tradicionais do Recife no século passado e fechado em 2006 funcionou até 1924 no Palácio da Soledade. De acordo com a base de dados da Biblioteca do IBGE,  que é a fonte das três primeiras fotos abaixo, o conjunto arquitetônico foi construído em 1764. O palácio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938. O prédio é atualmente de responsabilidade da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), que compartilha a administração do edifício com o Iphan. Além da primeira sede do Colégio Nóbrega, trazemos também uma foto mais recente da instituição, do site da Unicap. .. . . .

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5 fotos das Praças de Burle Marx no Recife antigamente

O paisagista Burle Marx deixou sua marca registrada na cidade do Recife, embelezando várias praças que até os dias de hoje são pontos de alto interesse de lazer dos recifenses, como a Praça da Jaqueira e a Praça de Casa Forte. Na semana em que o grupo Caminhadas Domingueiras fará um passeio por alguns desses espaços, resgatamos fotos antigas dos bancos de imagem da Fundaj (Villa Digital) e do antigo Diário da Manhã para mostrar essa memória.   Praça de Casa Forte . Praça do Derby   Praça Euclides da Cunha (Diário da Manhã, de 1935) "A Praça Euclides da Cunha foi e ainda é um espaço público que provoca inquietações nos recifenses por seu motivo projetual – o sertão, que no imaginário coletivo está vinculado a uma região de sofrimento. Porém, Burle Marx soube majestosamente trabalhar os atributos ecológicos – ao recriar o microclima do sertão em uma zona litorânea – e plásticos da vegetação da caatinga" - Joelmir Marques da Silva*. . . Capela de Nossa Senhora da Conceição, na Praça da Jaqueira (Fundaj) Também chamada de Capelinha da Jaqueira, a capela de Nossa Senhora da Conceição fica situada próximo à Ponte D'Uchôa, no atual Parque da Jaqueira. Ela era a capela do solar de Bento José da Costa. E, como naquele terreno existiam muitas jaqueiras, o local ficou sendo chamado de Sítio das Jaqueiras. - Semira Adler Vainsencher** . . Praça Maciel Pinheiro . *Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com) . *Joelmir Marques da SILVA. A Praça Euclides da Cunha, a paisagem sertaneja materializada em um jardim histórico moderno e patrimônio cultural do Brasil. São Paulo, Unesp, v. 14, n. 1, p. 126-150, janeiro-junho, 2018 **VAINSENCHER, Semira Adler. Capela Nossa Senhora da Conceição (Jaqueira). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>.

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