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Cabocla da mata

Produtora cultural da Mata Norte lança filme sobre danças populares do interior de Pernambuco

A produção audiovisual, inédita, é assinada pela produtora cultural, coreógrafa e instrutora de danças populares, Juçara,  e será lançada neste sábado (30), no canal do Youtube Os movimentos, passos, misticismo, roupas e toda performance ligadas às manifestações de cultura popular da região da Mata Norte de Pernambuco, como Maracatu Rural, Caboclinho e Cavalo Marinho, considerados Patrimônios Culturais do Brasil, vão ser tema do filme “Cabocla da Mata”, que será lançado neste sábado (30).  A produção audiovisual, inédita, é assinada pela produtora cultural, coreógrafa e instrutora de danças populares, Juçara, idealizadora e protagonista da obra audiovisual. O público pode acompanhar a estreia no canal do Youtube (https://www.youtube.com/channel/UC0dGDYFKwDmiUicq7EtjKYg) da Cabocla Produção, gratuitamente. Produzido de forma independente, o curta-metragem traz, como cenário, o Museu Poço Comprido, que é Ponto de Cultura, localizado em Vicência e o  Vale da Onça, em Paudalho-PE, ambos municípios da Zona da Mata canavieira. No centro das atenções, Juçara, protagonista do filme, busca retratar todo o ritual presente nas brincadeiras populares. “Cabocla da Mata” é uma entidade que permeia todos os personagens presentes no Maracatu Rural, Cavalo Marinho e Caboclinho, trazendo a mensagem de que toda arte vem do divino e é corporificada nas pessoas que transmitem a mensagem através de seus dons. “A Cabocla da Mata'' nasce da observação da dança do personagem Arreiamá do Maracatu Rural. Nele, enxerguei toda a força indígena. E, a partir dos seus passos, visualizei o Caboclinho e o Cavalo Marinho, brincadeiras que são símbolos da região da Mata Norte de Pernambuco, lugar de onde vim” enfatiza Juçara.  Diante das lentes cinematográficas, a “Cabocla da Mata”, protagonizada por Juçara, apresenta os ritmos do baião, perré e guerra, que compõem a brincadeira do Caboclinho, trazendo movimentos semelhantes aos Caboclinhos tradicionais de Goiana, na Mata Norte. Logo depois, ela interpreta dois dos importantes personagens do Cavalo Marinho. O primeiro deles é a Ambrósia, uma adaptação do Ambrósio, personagem vendedor de todas as figuras, que faz sua propaganda dançando os passos de cada uma. A outra é a Véia do Bambu, que traz todo o fogo presente na mulher, a energia sexual da criação, demonstrando seu desejo sem nenhum medo, afirmando com a sabedoria de uma mulher vivida que o prazer sexual faz parte do ser humano. Ainda dentro dos papéis dos personagens, a anfitriã finaliza com o Maracatu Rural, dançando os passos do Arreiamá, personagem que representa a espiritualidade da Jurema nesse brinquedo. Seus movimentos passam pelo caboclinho e cavalo marinho, misturando tudo com o movimento do caboclo de lança. “Poder trazer essa interpretação feita pelo meu corpo é uma honra, me identifiquei bastante, pois tem, em sua essência, a sintonia de todos os ritmos da Mata Norte pernambucana”, acrescenta.  O figurino também será uma produção contemplativa especial para o público. As peças, que têm a direção artística do produtor cultural, Kleber Camelo, fazem um recorte das cores, tecidos e detalhes das três brincadeiras populares.  A roupa do caboclinho, por exemplo, foi inspirada nas tribos que habitavam essa região, com características mais simples que os indígenas da região da Amazônia. A proposta traz a personagem principal vestida com saia da fibra de bananeira produzida por artesãs de Vicência e São Vicente Férrer, que trabalham com esse tipo de matéria prima em seus artesanatos. Já no Cavalo Marinho, a caracterização traz elementos dos personagens da Ambrósia e da Véia do Bambu.  Inicialmente, foi realizada uma adaptação da roupa do personagem que seria o "Ambrósio" para um vestido e chapéu de palha com uma flor. A proposta é destacar o papel das mulheres na atualidade, onde elas podem dançar no folguedo, reafirmando a importância da ousadia da mulher e sua persistência na retomada do seu lugar. No Arreiamá, o figurino foi o tradicional, porém o toque final passou pela maquiagem. A boca vem pintada com batom vermelho, trazendo, também, a mensagem de que as mulheres podem ocupar os lugares que elas quiserem.  Toda a fotografia do filme foi feita por Mila Nascimento, cineasta parceira da Cabocla em outros projetos, e Caio Dornelas, produtor audiovisual da 9oitavos. Para garantir toda emoção e atenção do público, o curta-metragem contará com uma paisagem sonora autoral, que pretende deixar um clima ainda mais entusiasta. O rabequeiro, cantor, compositor, mestre de maracatu rural e militante das tradições populares, Maciel Salú é um dos artistas que estará no elenco musical. Também se soma ao time, o músico e instrumentista, Nino Alves. Além de encenar, Juçara colocará a voz, juntamente com Tati Pureza e Viviane Albuquerque, em uma das músicas do filme. Além disso, a produção musical tem a coordenação do artista da cultura popular, Ricco Serafim.

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arquivo familiar TMN com vo e familia

Doc pernambucano Elos da Matriarca tem sessão no Recife e em Curitiba

O documentário Elos da Matriarca retrata a vida de Luzinete Lupercina a partir de imagens de arquivo da família de 1995 até a pandemia. A matriarca de 85 anos foi mãe de 12 filhos e é uma das moradoras mais antigas de Água Fria, bairro da zona norte do Recife. A produção é dirigida pelo neto de Luzinete, o cineasta Thor de Moraes Neukranz. O recifense conduz o olhar do espectador para as mudanças estéticas e ideológicas do Brasil que se expressam em sua própria família.  O filme será exibido no Cinema da UFPE na quinta, dia 5 de maio, às 17h. A sessão especial será gratuita e contará com a presença do diretor e da matriarca, que vão debater com o público ao fim da projeção. Na semana seguinte Elos da Matriarca estará no 6ª FIDÉ Brasil, festival de cinema que ocorre na Cinemateca de Curitiba de 11 a 15 de maio. A obra pernambucana tem a sessão marcada na capital paranasense para às 20h30 do dia 12 de maio. Realizado de forma independente, o documentário foi parte do Trabalho de Conclusão do Curso de Neukranz na UFPE em 2021 e já ganhou as telas de festivais em cidades como Chicago, Rennes e Rio de Janeiro. A estreia de Elos da Matriarca aconteceu no 17ª Festival Brésil en Mouvements, e foi o único representante de Pernambuco no evento que ocorre anualmente em Paris. A combinação ousada com misturas de formatos de tela e técnicas cinematográficas convenceu os jurados da III Jornada de Estudos do Documentário, que concederam ao filme o prêmio de Melhor Montagem juntamente com VAI!, de Bruno Christofoletti Barrenha.  Veja aqui o trailer de Elos da Matriarca: https://youtu.be/c4V0KOQdG_A

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Turne Show Musica Rural Fotos Hugo Muniz

Mestres da cultura popular do interior embarcam para turnê inédita na Europa

Evento faz parte do projeto “ Show Música Rural'', que vai circular durante 20 dias de maio, levando música, poesia e danças culturais populares da região da Zona da Mata pernambucana, por cidades do exterior Expectativa, emoção e alegria marcam a estreia do projeto “Show Música Rural'', que vai levar mestres da cultura popular, da região da Zona da Mata Norte de Pernambuco para uma turnê, inédita, na Europa. A iniciativa tem como proposta difundir, registrar, preservar e transmitir, no exterior, os ritmos, danças e histórias das manifestações de raiz da região, como coco de roda, maracatu rural e ciranda. Além disso, o projeto vai ofertar rodas de diálogo, debates, oficinas de dança e percussão para estudantes de cidades europeias. A turnê, prevista para acontecer em 2020, só será possível ser realizada em maio deste ano, após a flexibilização dos protocolos da Covid-19. Serão 20 dias de muito trabalho e realização de sonhos, para muitos dos artistas que já estão de malas quase prontas e de passaporte em mãos. O embarque dos artistas está programado para próximo dia 11 de maio. Os ritmos presentes na turnê fazem parte da tradição pernambucana e são considerados patrimônio imaterial do Brasil, um reconhecimento oficial da importância dessa manifestação para a cultura do país. A região da Zona canavieira é um dos importantes territórios culturais do Nordeste, berço de vários mestres, mestras da tradição oral, que terão um espaço especial para brilhar durante a passagem do “Show Música Rural'', na Europa. Entre eles, um ex-trabalhador rural, cortador de cana de açúcar, e que hoje leva a vida como mestre de maracatu, ciranda e coco de roda, o Mestre Bi, da cidade de Nazaré da Mata, que está de passaporte em mãos e de malas prontas para o embarque. Também integra a delegação de artistas populares, o produtor cultural e músico, Ricco Serafim, de Carpina, que há mais de 30 anos se apresenta como coquista, uma das maiores expressões do gênero no estado de Pernambuco. O projeto tem, ainda, a presença do educador social, cirandeiro, mestre de maracatu , defensor da cultura popular e de origem de família rural, Josivaldo Caboclo, da cidade de Lagoa de Itaenga - filho do Poeta Bio Caboclo, falecido recentemente. Além deles, participam o percussionista, compositor e poeta, Nino Alves; e a coreógrafa, dançarina popular e produtora cultural, Juçara. Juntamente com os músicos, Henrique Albino, Josias Costa, Guilherme Otávio, Valdir Felix e Larissa Michele. Lançamentos - A apresentação em solo internacional marcará uma nova página na cultura pernambucana e na vida dos artistas. Durante os dias de shows, serão lançadas cerca de 15 músicas autorais, inéditas. As produções, criadas em meio a pandemia, pelos artistas, trazem poesias e versos embalados pelos ritmos do coco de roda, ciranda, e maracatu rural. O conteúdo musical também será disponibilizado nas plataformas de streaming da turnê, disponível no Spotify, Deezer, Apple Podcast, para acesso gratuito do público. Uma equipe audiovisual será escalada para acompanhar, de perto, os dias da passagem do grupo no exterior. Fruto deste trabalho é lançar um documentário, que ilustra música e depoimento dos artistas na realização do espetáculo. A ideia é que, quando retornarem ao Brasil, a produção audiovisual seja distribuída em emissoras de rádios e tvs públicas do Estado, para conhecimento do público. Toda produção audiovisual está aos cuidados do cineasta pernambucano, Nilton Pereira. Já os registros fotográficos são de Hugo Muniz. Produção do Figurino - Há mais de dois anos o grupo, que é formado por cerca de 25 pessoas, entre músicos, artistas e produção, segue realizando todos os preparativos para realização da turnê internacional. Semanalmente têm sido realizadas várias reuniões e encontros virtuais e presenciais, para afinar todos os detalhes. O figurino, por exemplo, é um quesito à parte. O figurinista, Kleber Camelo, importante artista ligado à moda popular, foi convidado para projetar as roupas dos artistas, que trazem características das manifestações culturais e retratam cenários da região, como os canaviais, engenhos de cana de açúcar e a força do povo da Zona da Mata. A produção, feita toda à mão, segue a todo vapor, com muito carinho e atenção aos detalhes. Além de gerar a oportunidade da criatividade, a construção dos figurinos movimenta a economia, já que conta com o apoio de lojas locais para fornecimento das peças em tecido e, também,de costureiras, para acelerar o trabalho. Agenda de atividades culturais -A turnê do “Show Música Rural'', está programada para acontecer a partir da segunda quinzena de maio. O retorno dos artistas será realizado antes do ciclo junino, no Estado. Durante 20 dias, o projeto cultural vai circular por eventos culturais, espaços públicos, como escolas e pontos turísticos da Europa, levando diversão, música, conhecimento e trocas de experiências e culturas, gratuitamente. O projeto conta com o incentivo do Governo do Estado, por meio dos recursos do Funcultura. “Estamos com coração alegre, mas muito animados também, por poder reunir tantos artistas em um projeto que fala de nossas raízes. Viver tudo isso, depois da pandemia, sem dúvidas, nos enche de orgulho”, enfatiza, emocionada, a produtora cultural e coordenadora do projeto, Joana D’Arc Ribeiro.

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gus

Do forró à música armorial: multiartista Gus sobe ao palco do Teatro de Santa Isabel

O lançamento de seu projeto musical acontece na noite de sexta, dia 29 de abril O Teatro de Santa Isabel, berço da cultura pernambucana, recebe em seu palco um novo rosto na música, Gus Arruda Lins, o Gus, que embora já tenha percorrido uma longa jornada fixando seu nome nos bastidores de produções artísticas, se lança agora como músico para chancelar o título de multiartista. Recifense, radialista de formação, ator e diretor audiovisual, Gus desenvolveu sua carreira em diversas funções do meio artístico. Dirigiu videoclipes para nomes fortes como os grandes Geraldo Azevedo e Nando Cordel e dirigiu a miniwebsérie “Recife é um ovo”, que teve grande repercussão de público e na mídia, rendendo a Gus prêmios e indicações no Rio WebFest, die Seriale (Alemanha) e DC WebFest (USA). Como extensão deste projeto, também realizou a miniwebsérie "A Maior História de Amor em Linha Reta do Mundo", em parceria com a Secretaria de Turismo e Lazer do Recife. Compositor desde a adolescência, Gus decidiu que este é o momento ideal para soltar a voz e apresentar seu trabalho ao público. Em seu espetáculo autoral o que se pode esperar é uma apresentação de total entrega e paixão, íntima, na voz suave de um artista essencialmente pernambucano, que bebeu na fonte de mestres como Dominguinhos, Accioly Neto e Geraldo Azevedo. O ritmo cantado por Gus é, por convergência, xote: das primeiras 5 músicas da setlist do show, 3 são ritmos de forró. O primeiro single de lançamento, chamado “Primavera”, já pode ser ouvido nas plataformas de streaming. No dia do evento, será a vez de "Então Pronto", música que canta a inquietude do artista com sua cidade, Recife, fazendo com que ele rume para São Paulo e precise lidar com tantas idas e vindas. “Eu iniciei minha carreira em cima do palco, há mais de 10 anos. Por conta das poucas oportunidades, deixei o ofício de ator para me dedicar à direção, e também me apaixonei. De certa forma, acabei “arrudeando” e voltando aospalcos através do meu trabalho como diretor. Mas tudo bem! Ser artista tem a ver com sensibilidade, não apenas ofício. Sobre o espetáculo, confesso que a ansiedade está imensa. Vou retomar algo que amo, já no Teatro de Santa Isabel. Que responsabilidade! Estamos preparando o show com muito carinho, para que as pessoas me conheçam também como artista dos palcos e da música.” A apresentação "Gus - Show de Lançamento" é um projeto aprovado pelo edital "Recife Virado na Cultura", que premiou artistas e projetos culturais em 2021, para serem realizados este ano. Serviço: Gus (Show de Lançamento); Dia 29 de Abril no Teatro de Santa Isabel Estilo Musical: Forró / MPB Ingressos: https://www.guicheweb.com.br/gus-show-de-lancamento_16587 Ouça o Single Primavera em:

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Obra Paisagem Artista Regina Silveira

Discussões sobre fome e violência pulsam a expansão do acervo da Usina de Arte

Em diálogo com sintomas sociais atuais, “Paisagem”, de Regina Silveira, e “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta, ampliam a lista de instalações do museu pernambucano para mais 40 obras Um labirinto de paredes transparentes de vidro cravejadas por bala e uma horta sagrada que contém e congela a fome. Duas obras estruturadas individualmente, cada uma ao seu tempo e modo, por dois dos principais nomes das artes visuais do País, ocupando juntas mais de 800m² de área e que sintonizam a criação artística às cicatrizes sociais que marcam o Brasil e o mundo. São com esses ingredientes que a Usina de Arte amplia o acervo do seu Parque Artístico-Botânico, com as obras recém-inauguradas “Paisagem”, de Regina Silveira, e “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta. A visitação é gratuita, de domingo a domingo, das 5h30 às 18h. De nome sugestivo para uma obra interativa, “Paisagem” fixa residência no Parque Artístico-Botânico do equipamento cultural em Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco, após ser um dos destaques da 34ª Bienal de SP em 2021. Financiada pela Usina de Arte, a obra propõe uma experiência singular, ao convidar o visitante a enfrentar um labirinto de quase 100m², com paredes de vidros medindo 2,5m de altura que trazem a 1,4m do chão furos com imagens impressas de tiros que mimetizam terem sido cravejadas por balas. “Cada um tem a sua percepção e experiência ao entrar em Paisagem. O percurso pode ser muito curto ou infinito, direto ou circular - observo que há muitas saídas e todas estão à vista”, provoca Regina. Em uma conversa sobre as violências assistidas e sentidas, a obra materializa uma série de labirintos gráficos que a artista iniciou nos anos de 1970, trazendo também a representação de tiros, outra marca do seu trabalho, a exemplo da série Crash, nas quais louças de porcelanas são “quebradas”. Silveira explica que labirintos são configurações ancestrais de espaços difíceis de habitar ou atravessar. “Paisagem, deliberadamente, remete à violência diária que experimentamos – presencialmente ou virtualmente – em todo o mundo. Os tiros, furados e impressos digitalmente nos vidros, foram apropriados da mídia que consumimos em jornais, revistas e TV”, aponta a artista visual que utilizou na obra 12 tipos de representações visuais de estilhaços. Para ela, a nova residência fixa da instalação, agora ao ar livre, também acresce a ela novas nuances às já percebidas na Bienal. “Estar em espaço aberto transformou o labirinto numa verdadeira fantasmagoria - porque reage totalmente à qualidade da luz. Ganhou outro tipo de presença e até diria que ampliou muitíssimo seu grau de irrealidade”, finaliza. Os corredores do labirinto medem 1,20m e atendem às normas de circulação e de acessibilidade. A estética glauberiana da fome O enredo da violência também encontra assento em outra inauguração da Usina de Arte, a superlativa – em escala e entendimentos - “Um Campo da Fome”, de Matheus Rocha Pitta. O violento aqui, entretanto, é legitimado pela função transformadora que pode ter. O instrumento de resistência do oprimido apontado por Glauber Rocha no manifesto “A estética da fome”, grito anticolonialista de 1965 e pilar do Cinema Novo, no qual o diretor defende uma linguagem emancipadora a partir da falta de comida e diagnostica que “enquanto não ergue as armas, o colonizado é um escravo”. Pitta também trouxe como insumo criativo a descrição de um campo da fome ao leste da Acrópole, na Grécia Antiga. Um terreno de mata onde não se podia entrar sob a pena de que a fome fugisse daquela redoma, como se estivesse presa, e alcançasse outros lugares. “Quis fazer a obra nesse sentido de contenção da fome. Recentemente, o Brasil voltou para o Mapa da Fome, as condições brasileiras estão voltando para uma situação parecida com a época do Glauber, então imaginei um lugar quase que sagrado, para deixar que a falta de comida fique só ali, congelada”, explica o artista visual. Maturada por três anos, a obra traz uma horta petrificada de 720m² (18x40m), com 30 canteiros, onde em cada um deles estão dispostas peças de cerâmica de uma fruta, raiz ou legume, de tradição no cultivo agrícola pernambucano, com feição do seu momento de colheita e armazenamento. Ao todo, a instalação é composta por cerca de 9 mil peças produzidas por Seu Domingos, artesão de Tracunhaém (i.m.) - cidade da Mata Norte de Pernambuco que se destaca pela produção de artesanato com barro. O resultado é um sequestro cromático de matiz terracota, no qual os alimentos – tal qual a fome - só são percebidos a partir de um contato visual mais próximo. “A obra faz esse diálogo com o tempo em que se apresenta e também com o seu entorno a partir da homenagem à mão popular e ao artesanato, elemento imprescindível para a obra e que sai do seu meio de circulação. Frutas que são feitas para ficar na decoração de casa assumem outros papéis”, acrescenta Matheus Rocha Pitta, que tem deitado luzes sobre o elemento comida em sua trajetória artística. “Campo da Fome estabelece um novo marco nessa régua do tempo, pois nunca fiz um trabalho nessa escala monumental, e agradeço à Usina de Arte por isso. Tive liberdade total durante o processo criativo, sem restrição temática nem de espaço. Existe uma coragem muito grande aqui de abraçar a liberdade artística”. Originalidade e responsabilidade cultural O curador da Usina de Arte, Marc Pottier, sublinha que esse momento de expansão do acervo do Parque Artístico Botânico consolida dois formatos estratégicos de aquisição de obras do projeto: via residência artística e relacionamento institucional. “Ao tempo que queremos que o artista namore o espaço da Usina, entenda seu entorno e pense em um projeto que esteja em acordo com a natureza, com a história desse lugar que foi uma usina de cana-de-açúcar, exaltando a originalidade do projeto, também entendemos a responsabilidade cultural que a Usina de Arte tem para o fomento da produção artística a partir de laços com institucionais”. É nesse último caminho que a obra de Regina Silveira se insere, fruto

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AS SEVERINAS

Forró das Severinas será lançado no próximo dia 22

Com canções autorais e clássicos do forró e da MPB, o álbum Forró das Severinas estará disponível em todas as plataformas de música, no dia 22 de abril As Severinas, trio de mulheres do Sertão do Pajeú que há 11 anos encantam os fãs da poesia e da música regional, vão lançar o álbum Forró das Severinas, em todas as plataformas digitais de música, no próximo dia 22 de abril. O trabalho brinda toda a trajetória artística do grupo, passeando por canções presentes nos CDs e por clássicos do forró e da Música Popular Brasileira que o público já curtiu nos shows ao vivo. O Forró das Severinas foi gravado no CEU das Artes, em Serra Talhada. Para quem quiser assistir a gravação, além de ouvi-la, As Severinas vão disponibilizar o material no canal do YouTube do grupo em julho. As músicas autorais são composições individuais de Monique D’Angelo (Voz, declamações e sanfona) e de Isabelly Moreira (triângulo e declamações) e também parcerias das duas integrantes. “O repertório poético é versátil e traz várias poesias autorais, além de poemas dos vates pajeuzeiros Rogaciano Leite e Cancão. O nosso trabalho, além de trazer músicas autorais, traz músicas que já gravamos nos nossos três álbuns, a exemplo de composições de Zé Marcolino, Flávio Leandro, Chico César e Carlos Rennó, Benil, Ivan Gadelha e Luiz Romero”, detalhou Isabelly Moreira. “Além das grandes Bia Marinho e Maria Dapaz e também composições dos poetas Islan e Xico Bizerra em parceria com Biguá. E para engrossar esse caldo cultural, acrescentamos faixas de Assisão e Accioly Neto”, acrescentou ela. De acordo com Isabelly, o álbum vai levar a verdade musical e poética do grupo para dentro dos lares, ruas, calçadas e terreiros. Nas músicas Xamego de Fulô (Monique D’Angelo) e Forró das Severinas (Isabelly Moreira e Monique D’Angelo) são retratados os forrós sertanejos, as noites juninas, e é também um convite para o povo dançar e cantar, pois são dois baiões contentes. Nas canções Outros Pedidos e Ao Amor Que Chegará, ambas de Monique D'Angelo, é realizado um passeio pelas emoções dos amores, das saudades, dos afetos e das relações. Já em Mina Água, de Isabelly Moreira, são apresentadas algumas cidades do Pajeú, os costumes e as vivências locais que tanto marcam a própria identidade de As Severinas. “O Forró das Severinas é uma mostra de tudo o que fizemos até agora e é um mote do que pretendemos fazer. Esperamos que ao ouvirem esse projeto no dia 20 e ao assistirem, em julho, as pessoas curtam com a mesma ‘gostosura’ que foi poder construí-lo. Com esse álbum, todo mundo terá um show contratado para ver quando e como quiser”, comentou Isabelly Moreira.

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lia itamaraca

Nova Ocupação Itaú Cultural é dedicada à Lia de Itamaracá

A Ocupação Lia de Itamaracá, com abertura no dia 20 de abril e encerramento em 11 de julho, conta e reverbera a história dessa artista brasileira solar, das águas salgadas e da música popular. Sendo a 55ª edição desta série dedicada a artistas que influenciam novas gerações, a mostra tem curadoria compartilhada pela cantora Alessandra Leão, a jornalista e sua biógrafa Michelle de Assumpção e a equipe do Itaú Cultural, formada pelos Núcleos de Música e de Comunicação. Ela conta, ainda, com um hotsite com conteúdo exclusivo sobre Lia no site da instituição; temporada de shows, apresentados presencialmente pela cantora e seus convidados no palco da Sala Itaú Cultural, e programação educativa – presencial e virtual –, além de mecanismos de acessibilidade. “Usamos expressões poéticas para falar de Lia na exposição formada por três eixos chamados sal, som e sol, porque é o que ela é”, conta Michelle. “O que mais impressiona nela é sua determinação e coragem. Desde pequena, cantava tudo o que ouvia chegar em Itamaracá, onde nasceu e sempre viveu. Queria ser cantora famosa”, continua ela. “Por fim, chegou na ciranda como intérprete, quebrou os padrões da tradição da improvisação, e assim seguiu a trajetória dela”, conclui. “Ouvir Lia cantar é uma alegria”, diz Alessandra. “A voz se transforma, a música se modifica, mas ela, Lia, segue nos conduzindo ao movimento – seja na ciranda, seja no maracatu, no frevo ou no bolero. Lia é o mar inteiro. Ouvir os seus discos é mergulhar em águas profundas.” Esta curadora criou duas playlists, que podem ser conferidas em QR Code no espaço expositivo: Ela é Lia de Itamaracá e Vamos Cirandar, com músicas de cirandeiros diversos.‍ A mostraO eixo Sal revela de onde veio a Lia que chegou aos palcos. Ele trata desse território da artista, nascida na Ilha de Itamaracá, em 1944, como Maria Madalena Correia do Nascimento, que, mais tarde adotou o nome artístico Lia de Itamaracá. O espaço expositivo abriga imagens, fotografias, audiovisuais, telas e detalhes da decoração da casa da cirandeira. Ali se encontra, por exemplo, o certificado de que Lia descende do Povo Djoula, da Guiné-Bissau. A sua música dá o tom no eixo Som. “Mostramos toda a musicalidade que é de Lia e que a perpassa, porque ela vem da tradição de um bem cultural, a ciranda, que é patrimônio imaterial do Brasil”, conta Michelle. O país conheceu a cantora cirandeira como Rainha da Ciranda, nome de seu primeiro disco, lançado em 1977, e assim seguiu. Versátil e sincrética, em seu trajeto ela cantou no meio dos roqueiros, no Abril Pro Rock, em 1998. Em 2019 lançou o seu quarto disco Ciranda sem fim com produção de DJ Dolores. Neste trabalho, eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre daquele ano, pela Associação Paulista de Críticos de Arte, deu um passo além da ciranda mesclando sons tradicionais a outros contemporâneos, sem perder suas referências na origem musical. O eixo Sol é formado por diversos elementos e conquistas de Lia, que ultrapassou as barreiras do som marcando presença, também, no cinema e na moda. Em 2020, o bloco Ilú Obá de Min abriu o Carnaval de rua em São Paulo com uma homenagem a ela. No ano passado, a cantora se apresentou em show na SP Fashion Week, para uma coleção inspirada em obras do artista pernambucano Francisco Brennand. Entre 2003 e 2019, ela participou em pontas ou como personagem em pelo menos seis filmes. Um deles, foi o curta-metragem Recife Frio, dirigido pelo pernambucano Kleber Mendonça. Deste diretor, ela também participou de outro filme, o célebre Bacurau, de 2019, no papel de Dona Carmelita, uma espécie de guardiã do lugar. Ainda, ela foi personagem principal do curta-metragem documental Formiga Come do Que Carrega, do diretor Tide Gugliano. Fez, também, uma participação especial no premiado longa-metragem Sangue azul, sob a direção de Lírio Ferreira, em 2014. Todo esse percurso a levou a ser considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco e a receber um bom número de homenagens, como a Ordem do Mérito Cultural, pelo Ministério da Cultura, e o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco, pelos serviços prestados à cultura do estado e do Brasil. Não falta, neste eixo, a representação de marcas registradas da cantora: os seus vestidos, nos quais predomina o azul, acessórios e as unhas pintadas de cor escura com desenhos minúsculos, como bolinhas. Também se vê ali outros aspectos da vida de Lia, que coloca sua arte a serviço de pautas de movimentos populares, como a sua ligação com a Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. Ainda, encontra-se neste eixo passos de uma artista que circula por outras rodas e territórios da cultura, como quando recebeu e dançou com o povo Fulni-ô, grupo indígena que habita próximo ao rio Ipanema, no município de Águas Belas, em Pernambuco. Por fim, toda a exposição é permeada por sons que remetem à ciranda e ao mar de Lia. Indiretamente, a mostra homenageia, ainda, outras mulheres: Dona Duda, “mãe” da ciranda, e as irmãs Baracho – Severina (Biu) e Dulce Baracho, filhas de Antônio Baracho da Silva (1907-1988), conhecido como mestre e rei cirandeiro, a quem se atribui a popularização do gênero, também celebrado nesta Ocupação.

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occ crianca cidada

Orquestra Criança Cidadã promove inédita série de concertos voltados para a comunidade do Coque

Apresentações ampliam sintonia com a população local, em especial com os alunos de escolas públicas da região (Da Coordenação de Comunicação da OCC) No próximo dia 20 de abril, às 10h, a Orquestra Jovem Criança Cidadã, principal grupo musical da OCC, realiza a primeira apresentação da série “Concertos para a comunidade”, na quadra da Escola Estadual Monsenhor Leonardo de Barros Barreto, no bairro de São José, zona central do Recife. A rigor, este é o primeiro evento musical da Orquestra Criança Cidadã na própria localidade de onde saíram seus primeiros alunos, em julho de 2006. A iniciativa faz parte de uma inédita estratégia de aproximação e divulgação da OCC junto à comunidade do Coque. O concerto da próxima quarta será dirigido aos alunos da Escola Monsenhor Leonardo, mas já na apresentação seguinte – dia 26 de maio, às 17h, na quadra do Compaz Joana Bezerra – toda a comunidade poderá ter acesso. Cada evento da série “Concertos para a Comunidade” serve como preparação para os concertos oficiais da Orquestra Jovem, como o do próximo dia 26, às 20h, no Teatro de Santa Isabel. Os alunos da Escola Monsenhor Leonardo, por exemplo, terão a mesma oportunidade de ouvir a Abertura "Egmont" e a “Sinfonia nº 1”, de Beethoven, e a “Ciranda das sete notas”, de Villa-Lobos – além de dois brindes: “Lamento sertanejo” e “Mourão”, sempre muito aplaudidas nas apresentações da OCC. “Em geral, a preparação para esses concertos envolve muitos ensaios de naipes e ensaios gerais, estudo individual, estudo coletivo… tudo para que possamos fazer o melhor possível no sentido de ter uma apresentação com a música muito bem ensaiada, bem madura, artisticamente falando, e que a gente possa tocar o coração dos moradores do Coque”, conclui José Renato. Além desta apresentação, estão marcados concertos para a comunidade nos dias 26 de maio (Compaz Joana Bezerra, às 17h), 22 de junho (Escola Joaquim Nabuco, em horário a confirmar), 24 de agosto (Escola Técnica João Bezerra, em Brasília Teimosa, às 15h30), 21 de setembro (Igreja Batista do Largo da Paz, 15h) e 27 de outubro (novamente no Compaz Joana Bezerra, às 17h). A Orquestra Criança Cidadã é um projeto social realizado pela Associação Beneficente Criança Cidadã, incentivado pelo Ministério do Turismo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

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Grupo Magiluth gravacao podcast Ficcoes Itau Cultural foto Levy Mota

Magiluth abre nova temporada do podcast Ficções Itaú Cultural

Hoje (14 de abril), o Itaú Cultural dá início à segunda temporada do podcast Ficções Itaú Cultural – uma série de audiodrama, com a versão sonora do premiado Tudo que Coube Numa VHS, do grupo pernambucano Magiluth. Na sequência, os novos episódios, disponibilizados a cada 15 dias, trazem Todas as Histórias Possíveis e fecham com Virá. As três peças foram realizadas por esta companhia entre 2020 e 2021, com a proposta de descobrir formas de reinstaurar a presença compartilhada entre atores e espectadores dentro do contexto da pandemia. A trilogia ganhou formato sonoro especialmente para o podcast. O podcast Ficções Itaú Cultural – uma série de audiodrama pode ser conferido na seção de podcasts no site do Itaú Cultural https://www.itaucultural.org.br/secoes/podcasts e nas demais plataformas de streaming da instituição. Indicado na categoria Teatro Digital ao Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e vencedor do Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro na categoria Melhor Espetáculo Inédito, Tudo que Coube Numa VHS abre esta trilogia que, a cada peça, traz pontos de vista diferentes de uma mesma história. Neste, um personagem conduz o público por um percurso no qual transforma o espectador em cúmplice das memórias de um relacionamento. A condução em torno dessas recordações, que na versão virtual acontecia por meio de plataformas virtuais e redes sociais, agora busca envolver o público apenas por meio da experiência sonora. “O principal desafio de levar para o podcast essas experiências sensoriais, que antes tinham muito o recurso visual, foi pensar em como fazer com que as pessoas pudessem experimentar o máximo possível disso só com a audição”, revela o diretor e dramaturgo Giordano Castro. Para manter a característica do grupo de proximidade entre ator e espectador, Castro diz que a versão criada para o Ficcções Itaú Cultural ganhou trilha sonora, criada pelo músico Kiko Santana, que ajuda na costura com o público dessas memórias fragmentadas do personagem. “A analogia com o VHS é por ele ser aquele lugar onde tudo é gravado picotado, misturado, como são as lembranças de um relacionamento, nas quais não se sabe direito quando começou e o que aconteceu”, explica o diretor. A versão original do espetáculo, que acontecia virtualmente em sessões individuais para cada espectador, teve grande procura, porém limitava a quantidade de público. Agora em podcast, apesar de reduzir a experiência da multiplicidade sensorial ao estímulo sonoro, é vista por Giordano Castro como um ganho para o ouvinte. “As pessoas podem ouvir o espetáculo a qualquer momento e conhecer a trilogia como um todo, com outros olhares da mesma história”, adianta. Próximos Em Todas as Histórias Possíveis, que entra no ar no dia 28 de abril, a trama é contada pela visão do dramaturgo. Disponibilizada a partir do dia 12 de maio, Virá fecha a participação do Magiluth no podcast com a versão da história contada pela segunda pessoa envolvida no relacionamento em questão. Após a estreia dos três episódios do grupo pernambucano, a segunda temporada do Ficções Itaú Cultural recebe a atriz Letícia Rodrigues, com a série Radio Reality. Na sequência, o podcast conta com a participação Juão Nyn, Cia Teatro Documentário e Grupo Clariô de Teatro. Nesta edição 2022, a programação coloca quinzenalmente no ar novas produções sonoras, sempre às quintas-feiras, com episódios de aproximadamente 20 minutos. Após estreado, todo o material pode ser conferido a qualquer momento no site e plataformas de streaming do Itaú Cultural. Mini bios do grupo e do elenco Magiluth Fundado em 2004, na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Com um trabalho continuado de pesquisa e experimentação, tendo sido apontado pela crítica e pela imprensa como um dos mais relevantes grupos teatrais do país. Com sede em Recife, realiza colaborativamente diversas ações nos eixos de pesquisa, criação e formação artística, em constante diálogo com o território em que está inserido. Possui em seu histórico 11 espetáculos, fundamentados em princípios da criação teatral independente, de realização contínua e com aprofundamento na busca pela qualidade estética. Entre eles: Corra (2007), O Canto de Gregório (2011), Dinamarca (2017) e Apenas o Fim do Mundo (2019). Em 2020 e 2021, desenvolveu três experimentos concebidos especificamente para o momento de suspensão social: Tudo que coube numa VHS, Todas as histórias possíveis e Virá. Bruno Parmera Ator, produtor e designer, formado em comunicação social pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Integra o Magiluth desde 2016. Além de ator, é designer e artista visual, desenvolvendo também essas funções no grupo. Criou trabalhos como o DVD/CD Elba Ramalho em Cordas, Gonzagas e Afins (Sagrama e Encore, 2016), MOV - I Festival Internacional de Cinema Universitário (2016), I Encontro Internacional de Turismo Criativo (2016) e I Festival de Cinema LGBT, em parceria com a ONU-Brasil (2017). Erivaldo Oliveira Ator, estudou Teatro na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Está no Grupo Magiluth desde 2010. No audiovisual, atuou no longa Tatuagem, de Hilton Lacerda, Légua Tirana, de Marcos Carvalho (em pós produção), e na supersérie Onde nascem os fortes (Rede Globo, 2018).  Giordano Castro Ator e dramaturgo nascido em Recife. Licenciado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, realizou um intercâmbio internacional em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra (Portugal). É membro e um dos fundadores do Grupo Teatral Magiluth. Como ator, participa de quase todos os trabalhos do grupo e é responsável por cinco dramaturgias montadas pelo Magiluth. No audiovisual, esteve em Tatuagem, de Hilton Lacerda, Tungstênio, de Heitor Dahlia, na série Treze dias longe do sol e na supersérie Onde Nascem os Fortes. Em 2020, escreveu e dirigiu os projetos Tudo o que coube numa VHS e Todas as histórias possíveis. Lucas Torres Ator e arte-educador formado pela UFPE e pós-graduado pela Universidade Católica em Arte Educação. É membro e um dos fundadores do Magiluth. No grupo, além do trabalho como ator, responde também pelos Adereços e Cenotécnica. Em paralelo ao Magiluth, mantém uma pesquisa em teatro de formas animadas, tendo participado de vivências e oficinas com Títeres e Actores (México), Cia Mevitevendo (RS), Mão Molenga (PE), entre outros. Mário Sergio Cabral Integra o Magiluth desde 2012. No audiovisual, atuou em Piedade, de Cláudio Assis; na supersérie Onde nascem os fortes, da Rede Globo; na série Chão de Estrelas, de Hilton Lacerda; e em Animal Político, com direção de Tião e realização da Trincheira Filmes. Em 2019, foi indicado ao Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, como

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ALGOMAIS 1

"A gente tinha que fazer a Paixão de Cristo em 2022, senão nunca mais ela aconteceria"

Após dois anos sem ter apresentações, Nova Jerusalém volta a exibir a Paixão de Cristo. O presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, relata as dificuldades causadas pela pandemia, como está sendo a retomada e conta, com humor e emoção, a história da criação do espetáculo. A história da criação da Paixão de Cristo em Fazenda Nova, no município do Brejo da Madre de Deus, daria um filme, com toques de drama, aventura, comédia, romances proibidos, uma boa dose de inspiração épica e vários finais felizes. Nesta entrevista a Cláudia Santos, Robinson Pacheco, presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova e coordenador geral do espetáculo, contou detalhes desse roteiro, que começou a ser escrito por seus avós e pais, resultando na ousadia de construir um espetáculo grandioso, com efeitos especiais, estrelado por atores famosos nacionalmente e encenado numa cidade-teatro, construída como uma réplica de Jerusalém. Emocionado, ele revelou as dificuldades enfrentadas no período da pandemia e fala com otimismo da retomada com a 53ª temporada que acontece de 9 a 16 deste mês e traz no elenco Gabriel Braga Nunes no papel de Jesus, Christine Fernandes, como Maria; Luciano Szafir, interpretando Herodes, o ator Sérgio Marone, como Pilatos, a influenciadora digital Thaynara OG, no papel de Herodíades, e a atriz pernambucana Marina Pacheco no papel de Madalena. Como surgiu a ideia de criar o espetáculo da Paixão de Cristo? Em 1951, a Vila de Fazenda Nova tinha mil habitantes. Um cidadão de nome Epaminondas Mendonça migrou com a sua esposa Sebastiana, de Quipapá, na zona da mata, onde ele era vice-prefeito e tinha uma farmácia, para morar aqui, por orientação médica. Ela sofria de artrite e aqui temos a fonte hidromineral de água magnesiana, recomendada para quem tem esse problema. Ambos eram meus avós. Chegando aqui, comprou uma casa, botou uma loja de tecido, uma farmácia e uma pequena pousada que vivia de eventos, como o São João. Minha avó adorava teatro e era ligada à cultura popular. Meu avô também tinha uma pousada no Recife e, todas as vezes em que queria lotar o hotel em Fazenda Nova, chamava os clientes e os conhecidos para virem para cá, porque em certas datas havia apresentações. No 7 de setembro, minha avó fazia o espetáculo sobre Dom Pedro e a Independência, em dezembro, sobre o nascimento de Jesus. Mas a Semana Santa era a baixa estação, não vinha ninguém. Uma vez o genro dele foi visitá-lo e levou um exemplar de O Cruzeiro, com o encarte Fonfon, que trazia uma matéria sobre um espetáculo da Paixão de Cristo numa cidade alemã. Meus avós eram muito católicos e aí ele disse: “Sebastiana faz um espetáculo sobre a Paixão de Cristo, vai lotar os hotéis (já havia três na vila)”. Ela disse: “vou chamar Lourinho (que era Luiz Mendonça, um dos filhos do casal que interpretou o primeiro Jesus) e vou dar essa ideia para ele”. Lourinho, com o colega Osíris Caldas, escreveu a primeira peça chamada Drama do Calvário. Esse meu tio morava no Recife, trabalhava na Secretaria da Fazenda, e trouxe as pessoas ligadas ao teatro, do MCP (Movimento de Cultura Popular). A esse grupo de atores se juntou a figuração toda daqui da vila. Eles fizeram o espetáculo em 1951 e em anos posteriores. Em 1955 meu pai, Plínio Pacheco, um jornalista e oficial da aeronáutica, era gaúcho e veio morar no Nordeste procurando um lugar mais quente. Chegando ao Recife, conheceu meu tio Luiz Mendonça, no bar Savoy. Meu pai era diretor de redação do Diário da Noite e do Jornal do Commercio. Um dia meu tio falou com o fotógrafo Clodomir Bezerra (que era correspondente de O Cruzeiro), para ele fotografar uma cena do espetáculo, em fevereiro, no Carnaval e enviar para a revista para ver se publicavam. O fotógrafo e os atores ficariam hospedados no hotel. Clodomir disse que só iria se envolvesse Plínio, porque ele era o chefe de redação dos dois jornais e tinha muita influência. No meio do papo, meu pai teve uma ideia: “vou conseguir um vagão da Rede Ferroviária Federal e vamos levar 30 jornalistas até Caruaru e de lá vamos de caminhão”. Naquela época não havia estrada, carro, energia elétrica ou água encanada. Eles vieram em pleno Carnaval e no domingo todos foram brincar num bloco, inclusive minha mãe, Diva, que tinha 16 anos e ajudava os pais no hotel. Quando ia saindo, ela viu o gaúcho de bermuda, sapato, camisa abotoada até o pescoço, lendo jornal, às 10h. E perguntou: “você não vai para o bloco?”. Ele respondeu: “não, prefiro ficar aqui lendo três jornais”. Minha mãe ficou impressionada. Ela voltou, às 4 da tarde, toda suada, com as sandálias na mão e papai continuava lendo jornal (risos). Ela disse: “eu já brinquei Carnaval o dia todo, tomei um porre e você está aí no mesmo lugar? (risos). Aí meu pai: “isso é coisa de gaúcho”. Daí surgiu um romance, mas meu avô não queria porque meu pai era desquitado. Eles fugiram para o Rio Grande do Sul. Passados dois anos, meu avô mandou uma carta pedindo para voltarem. Eles voltaram, ele ficou baseado no Recife, depois vieram para cá na Semana Santa e ele assumiu a produção do evento que era realizado na rua. Como a cidade-teatro foi construída? A via sacra era encenada na escada externa de uma grande casa onde as pessoas assistiam da rua e algumas assistiam de cima do muro da residência. Esse muro, em 1962, caiu com mil pessoas em cima dele. Na época havia 6 mil espectadores. Meu pai cancelou o espetáculo na hora, a sorte é que ninguém se machucou. Aquele foi o último ano do espetáculo na rua. Ele começou a trabalhar no projeto para a construção do teatro e em 1966 comprou um terreno, com uma verba do Ministério da Cultura, e foi atrás de patrocínio. Mas não conseguiu. Em 1967 assumiu o Governo de Pernambuco, Nilo Coelho, que soube pelos jornais do projeto. Ele veio aqui,

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