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Desafio do Desenvolvimento da Zona da Mata pernambucana

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais D a Zona da Mata pernambucana são produzidos dois dos principais produtos de exporta- ção do Estado: derivados da cana-de-açúcar e os carros. A monocultura da região passou a dividir o protagonismo na última década com a indústria automotiva e também de alimentos. Enquanto no norte a aposta do crescimento econômico é no adensamento da cadeia produtiva conectada à Stellantis, no sul estão em andamento investimentos importantes no turismo de sol e mar. Para o economista Sandro Prado, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), a recente industrialização da região é um fenômeno que contribui para reduzir o êxodo da juventude, mas o esforço pelo desenvolvimento da Zona da Mata deve ser ainda maior. “A região vem experimentando uma recente industrialização trazendo novas perspectivas através da diversificação das atividades produtivas, com destaque para o município de Goiana, porém ainda com uma empregabilidade aquém da necessária para reverter os altos índices de desemprego”. Ele considera que a formação econômica da região atrelada à atividade canavieira deixou traços marcantes na sociedade e na economia, com alguns desafios que ainda não foram superados. “A crise do complexo sucroalcooleiro iniciada nos anos 90, bem como os efeitos negativos que a sazonalidade do setor trouxe para o mercado de trabalho, deixaram muitos problemas. A região ainda possui uma elevada escassez de alternativas econômicas capazes de gerar emprego e renda para o grande contingente populacional o que, ainda hoje, provoca uma migração contínua dos jovens para a Região Metropolitana de Recife e para outros Estados”. *Leia a reportagem completa na edição 200.3: assine.algomais.com

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"É essencial melhorar a qualidade do urbanismo nas cidades do interior"

Infraestrutura viária, abastecimento de água e redução da violência urbana são alguns dos principais desafios elencados por Bruno Bezerra, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Cruz do Capibaribe, para o desenvolvimento do Agreste. Para além das questões econômicas, ele é uma das vozes que defende a melhoria da qualidade do urbanismo das cidades do interior. O crescimento econômico, sem o devido investimento em serviços e na organização dos municípios, é um filme recorrente em muitos pólos pelo País, como o de confecções. Integrande da ONG Bichos da Caatinga, ele destaca também a necessidade de cuidar do bioma e de promover a preservação ambiental na região. Quais os principais desafios para o desenvolvimento do agreste, na sua opinião? Quais as maiores demandas de infraestrutura da região? Nós temos problemas que precisam ser de fato tratados urgentemente como desafios estratégicos e não apenas como base para discursos eleitorais. Alguns desses problemas são básicos e se arrastam por décadas a fio, como é o caso do abastecimento d’água, um problema que é praticamente um ancião, desrespeitado por quase todos os governos na maior parte do tempo. Hoje um dos problemas mais graves de todo o interior de Pernambuco é a situação da nossa infraestrutura viária, que nos últimos anos foi negligenciada, provocando mortes, mutilações e ainda atrofiando o desenvolvimento do interior. Cada vez mais os negócios são digitais, mas o fluxo de produtos precisa de uma boa estrutura viária, tudo que nós não tempos em Pernambuco. A pauta deveria ser internet via fibra ótica, 5G e os avanços tecnológicos, mas seguimos travados com pautas miúdas, que discutem ações do tipo operação tapa-buracos. É muito atraso para um estado como Pernambuco, que sempre esteve na vanguarda. Outro desafio é a segurança, pois muitas cidades interioranas estão desprovidas de sossego em função dos altos índices de criminalidade. Existem desafios que não podemos esquecer como é o caso da capacitação profissional, além da desburocratização e simplificação do ambiente de negócios, especialmente da pequena empresa. Vale lembrar que 7 em cada 10 empregos no Brasil são gerados pela energia empreendedora dos pequenos negócios. Investir na pequena empresa é investir na geração de empregos, não tem mistério, mas tem muita omissão por parte dos governos. Sobre o polo de confecções, que é uma das grandes forças econômicas da região, quais as principais demandas empresariais para aumentar a competitividade? O grande desafio do pólo é seguir firme e forte popularizando a transformação digital. Costumo dizer que o problema não é o que a tecnologia pode fazer conosco, mas sim, o que podemos fazer com todo esse potencial tecnológico disponível hoje em dia. A transformação digital é uma mega oportunidade. Contudo, é uma transformação muito mais de pessoas do que de máquinas e sistemas de tecnologia da informação. É uma questão de mudança de atitude, de mentalidade, de fortalecer uma das nossas mais importantes habilidades: a capacidade de adaptação. Dito isso, é fundamental investir na capacitação das pessoas. É primordial criar políticas públicas para valorização das costureiras. E mais uma vez, é muito importante desburocratizar o ambiente de negócios. O Governo de Pernambuco precisa investir forte nas rodadas de negócios que existem hoje no Polo de Confecções, investir em eventos com o Estilo Moda Pernambuco (EMP) em Santa Cruz do Capibaribe e no Festival do Jeans de Toritama. Dinheiro para isso tem, o FUNTEC (Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Têxtil e de Confecções) é um tributo que tem uma boa arrecadação, sobretudo no agreste. Lamentavelmente, esse recurso não é reinvestido no Polo de Confecções como deveria. Mais uma vez precisamos citar as péssimas condições das estradas que tem atrapalhado muito o desenvolvimento do Pólo de Confecções, a falta d’água e os altos índices de violência, inclusive nas estradas, e de maneira alarmante em Santa Cruz do Capibaribe, a violência contra as mulheres. Nas duas últimas décadas, a região recebeu investimentos universitários, como a chegada de campus da UFPE e UFRPE. Essa contribuição da formação de mão de obra local já tem resultados no desenvolvimento regional? Os resultados já começam a impactar de maneira positiva nosso ambiente de negócios com a chegada de profissionais com melhor qualificação. Todavia, é necessário viabilizar uma maior interação da academia com o mercado, especialmente com a estrutura do Pólo de Confecções. Sendo o nosso principal desafio a capacitação de pessoas, o papel da universidade é estratégico nesse contexto. Isso sem falar na carência que temos de pesquisas do nosso ecossistema empreendedor. Nesse quesito a Universidade pode fazer a diferença. Para além da economia, quais as principais necessidades da região para promoção da qualidade de vida no agreste? Tenho dito que cuidar da cidade é a melhor forma de cuidar de si e de todos ao mesmo tempo. As cidades precisam ser boas para se viver, caso contrário, o desenvolvimento econômico não faz sentido algum. As cidades precisam ser pensadas e planejadas para potencializar o bem-estar das pessoas. É essencial melhorar a qualidade do urbanismo nas cidades do interior para que elas possam crescer promovendo a qualidade de vida na dinâmica urbana. É preciso melhorar e ampliar os serviços de saúde e, nesse contexto, temos a deficiência no saneamento básico, que é um problema gravíssimo. Melhorar cada vez mais a qualidade do ensino nas escolas públicas deve ser algo permanente. Investir em espaços de lazer e diversão para a população. Cuidar verdadeiramente do meio ambiente. Os dois principais rios do agreste, Capibaribe e Ipojuca, estão entre os mais poluídos do Brasil. O bioma Caatinga, que predomina no agreste, sofre impactos violentos em função do desmatamento e da ocupação desordenada e irregular das áreas rurais.

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"Trazer a economia para a formalidade é um grande desafio do Agreste"

A edição da semana da Algomais tratou sobre os desafios do desenvolvimento para o Agreste. Monaliza Ferreira, que é Doutora em Economia, docente da Universidade Federal de Pernambuco - Campus do Agreste (UFPE-CAA) e Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Economia Sustentável e Economia Aplicada, destaca que um dos problemas crônicos da região é a informalidade. Ela defende também que o avanço de capacitação dos profissionais e empreendedores locais e que o pólo de confecções deve criar caminhos para que seus produtos cheguem ao mercado exterior. O que a Sra apontaria como os principais desafios ao desenvolvimento da região do Agreste? O Estado de Pernambuco apresenta uma taxa de informalidade no mercado de trabalho de 48,63% no segundo semestre de 2022, de acordo com dados da PNAD Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022). O Estado constitui-se como um dos maiores centros de informalidade do Nordeste brasileiro, com valor bem acima da média nacional (39,5%). Esses dados dão conta das condições trabalhistas que se refletem no bem-estar desses indivíduos e da própria economia local. De um lado, a informalidade reduz os direitos trabalhistas, sendo uma das principais consequências a questão da previdência, visto que um estrato muito baixo desses trabalhadores contribui por conta própria para a previdência (15,22); de outro, o Estado deixa de arrecadar tributos em meio à informalidade. Isso porque a informalidade não aparece somente do lado do trabalhador, existe também a “firma” informal, os pequenos fabricos denominados no Agreste Pernambucano de “facções”, que representam um outro lado dessa informalidade. Trazer esta economia para a formalidade é um grande desafio do Estado para esta Região e que afeta principalmente o Arranjo Produtivo Local de Têxtil e Confecções. Ademais, atrelada a esta força produtiva, ainda subsistem gargalos ambientais que precisam ser equacionados, especialmente os voltados para a poluição dos rios, em virtude da lavagem de Jeans no Polo. São trade-offs (conflitos) que o setor público precisa equacionar, pois se de um lado a atividade industrial local gera emprego e renda, ainda que sob condições pouco favoráveis muitas vezes; por outro, causa danos ambientais que não podem ser ignorados, não quando o mundo clama pelo enfrentamento dessas questões. Outro desafio importante para o desenvolvimento da Região é a qualificação dessa força de trabalho, pois há uma relação direta entre informalidade e menor escolaridade, tal como apontam os estudos sobre informalidade das duas últimas décadas. E essa relação vai se refletir na dificuldade de absorção de novas tecnologias, tais como a indústria 4.0 que já se coloca como decisiva para a sobrevivência competitiva dessas firmas. O Agreste tem alguns arranjos produtivos importantes para o Estado de Pernambuco e o que gera mais empregos é justamente o Polo de Confecções, então pensar em desenvolvimento da Região passa pelo desenvolvimento sustentável e sustentado deste arranjo. A sustentabilidade ambiental perpassa por tecnologias que agridam menos o meio ambiente e a sustentabilidade econômica está relacionada com a criação de novos mercados, tais como o mercado externo. É difícil de compreender por que o Estado do Ceará, com um polo de confecções tão parecido com o pernambucano tem uma cultura de exportação (ainda que bem baixa relativamente à participação nacional, é contínua, segundo dados do Ministério de Comércio Exterior), enquanto o Estado de Pernambuco não consegue avançar nisso, apesar das tentativas realizadas através da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que apenas tem conseguido experiências pontuais de comércio internacional na Região, sem continuidade e sem volume.  Quais as principais forças industriais da região? Quais os principais gargalos enfrentados pelo setor para o crescimento? Existem importantes arranjos produtivos na Região e todos precisam de investimento: o da fruticultura em Petrolina, que enfrenta novos mercados concorrentes, especialmente da América do Sul; o agropecuário, de cujas intempéries climáticas colocam sempre os agricultores em estado de alerta e necessitam muitas vezes de suporte de investimentos públicos para a entrega do produto final; o de tecnologia, que se configura como uma das principais potencialidades econômicas do Estado e outros. Mas como dito, pela quantidade de empregos gerados e a movimentação econômica decorrente dessa cadeia, é importante que se volte especial atenção para o Polo de Confecções. Nesse setor, os gargalos são conhecidos: a informalidade e consequente dificuldade das firmas em inserirem-se em cadeias de valor globais, a partir da internacionalização de seus negócios; a falta de capacitação e visão gerencial para a melhor absorção de tecnologias inovadoras com produtos que possam alcançar mercados mais longínquos; a dificuldade de interlocução entre Estado e setor produtivo, com projetos que tragam resultados menos pontuais e mais duradouros, que possam se refletir no melhor bem-estar desta Região, através do chamado “desenvolvimento sustentado”. Como a chegada das universidades contribui para o desenvolvimento e a competitividade da região? A Universidade pode justamente ser esta ponte entre o setor público e o setor privado. Já é possível verificar as mundanças que o processo de interiorização trouxe para Caruaru e cidades vizinhas. O Curso de Design revolucionou diversas firmas instaladas entre Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe; as Engenharias firmaram diversos projetos que beneficiaram essas localidades, tanto na questão ambiental e de recursos hídricos, como na questão do chão de fábrica. Os cursos de Economia e Administração injetaram profissionais qualificados tanto do lado das consultorias como da própria qualificação dos administradores dessas empresas. Outros cursos, naturalmente, levaram maior bem-estar à sociedade, tais como medicina, os da educação e de comunicação social. Contudo, este processo ainda é acanhado, pois não mudou a situação de informalidade na Região, a questão ambiental ainda é um problema e a inserção em mercados internacionais de maneira contínua ainda não se deu. A Universidade pública e as demais instituições de pesquisa da Região, junto com o Estado e o setor privado poderiam fazer uma força tarefa rumo a realização desses objetivos. Todavia, ainda que o setor privado seja indispensável neste processo, esta indução precisa vir pela via do Estado. Nesse sentido, alguns editais de pesquisa do Estado já tentam fazer esta ponte. Há que se investir mais

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"A baixa renda per capita é o primeiro desafio da região sertaneja"

O empresário Rafael Coelho, vice-presidente da Fiepe, foi um dos entrevistados da semana da Algomais sobre os desafios do desenvolvimento do Sertão. Com negócios na cidade de Petrolina, ele afirma que o grande problema social da região é a baixa renda per cepita da população. Ele avalia que um dos caminhos de desenvolvimento de novos segmentos produtivos locais deve ser observando os potenciais da caatinga, em especial na indústria alimentícia e farmacêutica. Além disso, ele defende o avanço da industrialização de produtos já conhecidos da região, como do pólo gesseiro e da caprinovinocultura. O que o Sr apontaria como os principais desafios para crescimento da indústria nas diferentes microrregiões sertanejas? Nossa região tem diversos desafios. O primeiro é a baixa renda per capita, com uma população esparsa, fazendo os níveis de consumo serem limitados! Algumas áreas ainda sofrem limitações de oferta de água. Esse conjunto de coisas por si só já faz ser difícil desenvolver a indústria, seja pelo isolamento de outras indústrias que se suportam, pela dificuldade na contratação de mão de obra especializada ou para conseguir serviços de suporte à implantação das atividades econômicas. Regiões como a nossa precisam receber apoio de incentivos para que o processo de desenvolvimento seja acelerado e beneficie a todos. Existem novos segmentos industriais despontando ou segmentos tradicionais se reinventando na região? O Sr poderia destacar alguns? Temos que inicialmente pensar no potencial dos produtos nativos da caatinga que podem ser utilizados para diversos fins, seja na indústria alimentícia ou mesmo na indústria farmacêutica. Essa é uma porta que se abre com a pesquisa que devemos explorar – tanto a universidade, quanto os órgãos de pesquisa e mesmo as empresas, devem se interessar por essa nova fronteira. Outra fronteira são os nossos já conhecidos produtos regionais que podem ser industrializados aqui mesmo, gerando riqueza na sua origem. De certa forma as peles caprinas e ovinas seguem esse perfil, bem como a indústria gesseira, que podem se especializar em produtos diferenciados. Há um grande potencial que começa a ser explorado de energias alternativas, que já trazem um impulso econômico, principalmente através das contribuições fiscais ou da renda pelo uso do solo. Essa revolução energética é a grande oportunidade de desenvolvimento atual para o semiárido. Devemos também ter coragem para debater a possibilidade da instalação de centrais nucleares, esse é um ponto sensível, mas que está sendo revisto na Europa e aqui também precisamos analisar com muito acuracidade e sem paixões. É preciso ter o pensamento também para atender as demandas das áreas irrigadas que serão cada vez maiores e mais complexas, no sentido tanto de dar suporte como de processar e industrializar o que for produzido. O volume produzido e a diversidade dos produtos será uma realidade que demandará a parceria da indústria para escoar das mais diversas formas essa produção. Quais as principais demandas de infraestrutura da região atualmente? A construção de uma ferrovia seria relevante para aumentar a competitividade da região? Temos muitas demandas de infraestrutura. No caso do semiárido a execução dos diversos canais levando água do São Francisco para todo o interior do estado de Pernambuco seria uma obra basilar para garantir a prosperidade dessas regiões. Tudo isso sempre agregado ao ensino técnico de bom nível que capacite técnicos para o desenvolvimento dessas regiões. A perspectiva da ferrovia e da hidrovia do São Francisco, fazendo a ligação com o porto e a ligação com as grandes áreas produtoras de grãos do oeste baiano, seriam dois importantes vetores de desenvolvimento para essa região. A possibilidade de transporte confiável a um custo inferior viabilizaria ou tornaria mais competitiva tanto a produção de gesso do Araripe, responsável por quase 95% da produção nacional, quanto por exemplo a produção de proteína animal. No mundo visualizamos um crescimento do conceito ESG. Essa tendência já é uma realidade nas empresas do sertão pernambucano? No aspecto social, o Sr destacaria algum desafio regional a ser combatido ou que está sendo enfrentado? Todas as empresas brasileiras que se propuserem a exportar estarão sujeitas a regras de ESG. Isso já é uma realidade no Vale do São Francisco nas fazendas que exportam frutas, principalmente para o mercado europeu. Algumas redes inclusive possuem suas próprias certificações que precisam ser cumpridas à risca. Na empresa em que trabalho também estamos atrelados a uma certificadora LWG, que incorporam todos esses conceitos. Ou seja no semiárido também estamos submetidos a essa nova ordem. O grande desafio social da nossa região é efetivamente a renda per capita. Somos infelizmente uma das regiões mais pobres do Brasil. O combate à pobreza e à baixa taxa de escolaridade deve ser um desafio para todos nós. Todos precisam ter oportunidade de frequentar boas escolas, estudar e prosperar. Somente com o desenvolvimento econômico conseguiremos trazer o bem estar para todos.

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"Brasileiros e portugueses deveriam se conhecer melhor"

Q uem observa hoje o empresário Zeferino Ferreira da Costa no seu elegante escritório no bairro de Boa Viagem, no Recife, não imagina que ele trabalhou na adolescência numa mercearia em Portugal e, aos 18 anos, atravessou o Atlântico rumo ao Brasil, em busca de melhores oportunidades. Sua história de vida bem que daria um romance. Esteve à frente, junto com o irmão, num armazém de secos e molhados, que vendia para os barracões das usinas de cana-de-açúcar. Teve ainda uma padaria e um armazém de material de construção até ser um bem-sucedido empresário da construção civil. Em gratidão às oportunidades obtidas em terras brasileiras, que permitiram a sua ascensão, Zeferino Costa criou o Instituto Pernambuco-Porto, que visa a uma aproximação entre portugueses e brasileiros. Seu objetivo é promover o desenvolvimento científico, acadêmico, cultural e empresarial nas relações luso-brasileiras. Trata-se de um sonho acalentado há 25 anos e que se concre- tizou em julho passado com a inauguração da sede do instituto, um arrojado imóvel projetado por Acácio Borsói e Janete Costa, localizado dentro da Universidade do Porto. Nesta conversa com Cláudia Santos, Zeferino Costa conta sua trajetória e fala da sua paixão por unir brasileiros e portugueses e mostrar a Portugal as riquezas culturais e econômicas do Brasil. Qual o motivo que levou o senhor a sair de Portugal e migrar para Pernambuco? No meu tempo a emigração portuguesa se dirigia para o Brasil e para Angola. Quando estava em Portugal, meu pai disse para eu escolher entre esses dois países. Ele disse: “olha, tu vais para o lado que tu quiseres”. Em Angola estavam quatro irmãos meus e, no Brasil, havia um irmão que morava aqui. Optei pelo Brasil porque meu irmão estava sozinho aqui, apesar de ter muitos amigos, não havia ninguém da família ao seu lado. Em Portugal eu trabalhava desde muito jovem numa mercearia. Em 1960, aos 18 anos, eu só tinha sonhos e um deles era sair de Portugal para um país que estava melhorando. A perspectiva do Brasil era muito mais forte e eu vim para cá. Como estava a situação de Portugal nessa época para que a emigração fosse incentivada? Portugal estava melhorando, entretanto ainda tinha muito para melhorar. O espaço era pequeno, eu queria um espaço maior. O Brasil, pelo tamanho que é e com a população que tem, oferecia mais oportunidades para trabalhar. Eu pensei: vai sobrar alguma coisa para mim. Eu desembarquei aqui, no Recife, no dia 22 de janeiro de 1960, às 7 horas da manhã. Vim no navio Vera Cruz. Passei oito dias no mar. Qual atividade o senhor exerceu aqui ao chegar? Eu comecei a trabalhar com meu irmão. Ele morava em Itaqui- tinga que, naquele tempo, era um distrito de Goiana. Itaquitin- ga não é grande, é pequena, mas hoje já é considerada cidade. Trabalhava com meu irmão num armazém de secos e molhados, onde se vendia desde a charque ao feijão. Tínhamos também uma padaria para vender “por grosso”. Não vendíamos no balcão para o público mas às pessoas que tinham um barracão nos en- genhos. Nós levávamos produtos do Recife para Itaquitinga e os donos dos barracões dos engenhos compravam no nosso armazém e na concorrência também. Nesses barracões os proprietários das usinas vendiam para os trabalhadores, não é? Sim. Aqueles armazéns tinham de um tudo: tinham charque, utensílios para casa, que eram vendidos ao merceeiro, que era quem comercializava no barracão aos trabalhadores do engenho. Só vendíamos ao público aos sábados ou sextas-feiras porque era dia de feira. Entretanto, durante a semana, as vendas eram feitas apenas para o merceeiro que carregava as compras em cavalos. Na semana seguinte, ele retornava para pagar a conta que fez na semana passada e fazer outra conta para pagar na próxima semana. E aí os senhores prosperaram? Sim, deu retorno mas, como era um lugar pequeno, não tinha, como costumamos dizer, dar “panos pra mangas”, isto é, tinha seus limites e quando já não podíamos crescer mais, resolvemos vir para o Recife. Tivemos uma padaria, na rua Vinte e Um de Abril, em Afogados, onde ficamos por pouco tempo, depois adquirimos um armazém de material de construção. Depois, veio mais um outro irmão meu para cá e percebemos que um armazém só era muito pouco para três pessoas. Foi quando decidimos construir, já que tínhamos material de construção do armazém, não precisava comprar em outro canto. Começamos a construir umas casas e pequenos prédios nos bairros de San Martin, Cordeiro, Torre, Rosarinho. Depois, viemos para Boa Viagem. Colocamos o nome da construtora de Rio Ave que era minha e dos meus irmãos e, em 1996, nós nos separamos, eles ficaram com a Rio Ave com os filhos deles e eu criei a Vale do Ave, porque também já tinha meus filhos. Nós nos separamos, cada um seguiu o seu caminho, mas continuamos muito próximos e amigos. Eu me casei em Portugal, em 1979, e em seguida minha mulher, Maria do Carmo, veio para cá também. Temos quatro filhos. Todos trabalham na empresa. A Rio Ave nasceu em 1965, portanto, tenho 58 anos no setor de construção. Os senhores começaram construindo conjuntos habita cionais populares? Eu construía casas para a classe média, funcionários públicos. Eles conseguiam financiamento do próprio governo, porque contavam com o o Ipase (Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado) que era federal. Então, o imóvel já era destinado a eles. Hoje construímos edifícios para as classes média e alta, principalmente, em Boa Viagem. Acho que no Brasil há espaço para a construção de casas voltadas para as classes menos favorecidas, para a classe média e alta. E isso faz girar dinheiro. O Brasil tem muita coisa para fazer, estradas, saneamento, etc. e como ele é muito grande, tem muito espaço para quem quiser trabalhar. Como surgiu a ideia de fundar o Instituto Pernambuco-Porto e fazer essa aproximação entre pernambucanos e portugueses? Ao chegar aqui, eu gostei muito desta terra. Existe toda a história de relação entre Brasil e Portugal

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REC’n’Play 2022 abre inscrições para sua quarta edição

O festival de tecnologia e inovação REC’n’Play 2022 já está com inscrições abertas, que podem ser feitas pelo site http://recnplay.pe . Com o cadastro, os participantes terão acesso às atividades gratuitas de educação, negócios, experiências e entretenimento do evento, que acontecerá entre os dias 16 e 19 de novembro. O evento é realizado pelo Porto Digital e pela Ampla Comunicação. A expectativa é de que o público supere a marca de 60 mil pessoas. A participação em cada atividade dependerá da lotação das salas, seguindo o critério de ordem de chegada. Os shows e atividades abertas nas ruas não precisam de inscrição prévia. O festival tem quatro eixos temáticos: Tech, Cidades Inteligentes, Economia Criativa e Empreendedorismo. A programação é composta por palestras, debates, shows, rodadas de negócios, instalações artísticas, experiências tecnológicas e entre outras atividades ações. Ao todo serão mais de 500 atividades, distribuídas em 23 prédios, ruas e praças dos Bairros do Recife e de Santo Antônio, como o Edifício Chanteclair.

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SENAI Pernambuco e Complexo de Suape anunciam Cluster de Inovação Industrial

O SENAI Pernambuco, por meio do Instituto SENAI de Inovação para Tecnologias da Informação e Comunicação (ISI-TICs), e o Complexo Industrial Portuário de Suape apresentam hoje (26), o Cluster SUAPE de Inovação Industrial. O empreendimento receberá investimentos de R$ 8 milhões para sua estruturação e reunirá pesquisadores, engenheiros e consultores do SENAI-PE, além de profissionais de empresas e universidades nacionais e internacionais em programas e projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I). O foco do cluster são os setores como logística, energias renováveis, meio ambiente, aeroespacial e manufatura avançada. A estimativa é de que o espaço gere R$ 100 milhões em investimentos em projetos e serviços.  A estrutura agregará estruturas distintas, a exemplo do TecHUB Hidrogênio Verde, centro de testagem de projetos inovadores com foco no combustível do futuro, que ocupará um lote de 1,3 hectare no porto organizado. O ISI-TICs também contará com espaço no edifício-sede da estatal portuária destinado para a administração do Cluster de Inovação e incubação de novos negócios. A parceria prevê ainda a concessão de área no terreno da Estação Ferroviária de Massangana, onde serão construídos laboratórios para homologação de soluções em manufatura avançada, além da oferta de ensino profissionalizante de ponta.   

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Novo Atacarejo anuncia processo seletivo para contratar 600 pessoas em Pernambuco

Contratações são para três novas lojas da rede e no reforço do atendimento temporário durante final do ano nas unidades já em operação A rede pernambucana Novo Atacarejo promete contratar 600 pessoas até o final do ano. Além do lançamento de três novas lojas no Estado, a empresa reforçará a equipe das suas lojas para os últimos meses do ano com contratações temporárias. Serão 520 para as futuras instalações e outras 80 pessoas para atuarem em oito unidades, entre Região Metropolitana do Recife e interior, nas funções operacionais, nas áreas de mercearia, frios, açougue, recebimento e frente de loja, no período de Natal. Uma das novas unidades ficará no bairro de Afogados e as outras duas serão instaladas nos municípios de Timbaúba e Surubim, interior de Pernambuco. As vagas para as novas unidades ainda serão disponibilizadas no link: https://novoatacarejo.jobs.recrut.ai/#openings. Para reforçar o atendimento ao público, no final do ano, serão oferecidas entre 10 e 15 vagas por loja. As unidades contempladas já estão em operação nas cidades de Paulista, Cabo de Santo Agostinho, Bezerros, Gravatá, Goiana, Escada, Arcoverde e Belo Jardim.

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Inscrições para concurso da Copergás abrem hoje (20)

As inscrições para o concurso público da Copergás (Companhia Pernambucana de Gás) abrem hoje (20), às 10h, e seguem até as 14h do dia 24 de novembro. O processo deve ser realizado exclusivamente pela internet, no endereço eletrônico www.concursosfcc.com.br, da Fundação Carlos Chagas, instituição que é a banca organizadora da seleção. Os cargos são para nível superior, com remuneração de R$ 7.597,44 a R$ 10.081,57, e nível médio, com remuneração de R$ 4.933,52. Três vagas são para preenchimento imediato. Os outros candidatos classificados formarão um Cadastro Reserva (CR). As taxas de inscrição são de R$ 75 para os cargos de ensino médio e de R$ 95 para os de formação superior. O lançamento acontece no ano em que a Copergás completa 30 anos de existência, marcados por conquistas que a consolidam como uma das principais empresas brasileiras do setor. Em setembro, o Prêmio Melhores e Maiores, da revista Exame, classificou a Copergás como a 7ª empresa do País e a 1ª do Nordeste, na categoria Energia. “Estamos em ritmo constante de crescimento, e precisamos nos preparar para a expansão que planejamos para os próximos anos e para os desafios que o mercado de gás natural nos coloca”, disse o presidente da Companhia, André Campos. “A formação de um quadro de profissionais capacitado é parte essencial dessa preparação para o futuro”. A Copergás teve em 2021 faturamento de R$ 2,1 bilhões, valor 56% superior ao do ano anterior, e lucro líquido de R$ 195 milhões. A previsão de investimentos da empresa para o período 2022-2026 é de cerca de R$ 400 milhões. Provas O edital, com todos os detalhes do concurso, pode ser acessado no site da Copergás (https://novo.copergas.com.br/informacoes/concursos-publicos/concurso-publico-2022-2023/) e no www.concursosfcc.com.br, da Fundação Carlos Chagas. Os candidatos se submeterão a duas provas, de caráter classificatório e eliminatório: uma de conhecimentos gerais e a outra de conhecimentos específicos, ambas compostas de questões de múltipla escolha. O exame está previsto para ocorrer em 5 de fevereiro de 2023, no período da manhã (para os cargos de nível médio) e à tarde (para os de nível superior), no Recife, em locais a serem anunciados posteriormente. A divulgação do gabarito e das questões das provas acontecerá em 06/02/2023, dia seguinte ao exame, a partir das 17h. Em 31 de março de 2023 será publicado o edital com a homologação do resultado final.

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