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"Com a LPUOS, miramos num Recife mais humano, mais resiliente, plural e inclusivo."

Secretário de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, Felipe Mattos, explica as mudanças introduzidas pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Recife, que tramita na Câmara Municipal, fala dos seus benefícios e rebate as críticas de que as novas regras eliminariam as conquistas da Lei dos 12 Bairros. O Recife é a capital do Nordeste que possui menos empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida. A grande maioria das unidades construídas pelo MCMV na região metropolitana localizam-se em outros municípios, como Camaragibe e Paulista. Sem condições de adquirir um imóvel na capital pernambucana, muitos recifenses têm mudado de endereço para essas localidades. Esse movimento foi registrado pelo Censo de 2022 que detectou uma redução de 3,17% na população do Recife. A nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo tem como um dos objetivos oferecer às pessoas de baixa renda a condição para adquirir a sonhada casa própria na capital. Em entrevista a Algomais, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento do Recife, Felipe Matos, explica como a LPUOS vai incentivar a moradia de interesse social na a cidade, fala de outros benefícios proporcionados e rebate as críticas de que a normatização contraria a Lei dos 12 Bairros. Essa lei estabelece condições de uso e ocupação do solo dos bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Apipucos e parte do bairro Tamarineira. Para preservar o patrimônio histórico e paisagístico dessa região, suas regras são mais restritivas em comparação ao restante da cidade. Felipe Matos afirma que a LPUOS estendeu para os demais 82 bairros do Recife os padrões da Lei dos 12 Bairros. “Buscamos ampliar vários desses parâmetros para toda a cidade e preservar muito daquilo que já foi conquistado para essa área”, esclarece o secretário. Antes de falarmos sobre a nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Recife, gostaria que o senhor explicasse os motivos que levaram à sua criação. Primeiro, o Plano Diretor, aprovado em 2021, já estabelece que todo o regramento de uso e ocupação do solo deve ser unificado e hoje no Recife temos três leis, já bem antigas: a Lei de Uso e Ocupação do Solo de 1996; a Lei de Parcelamento, de 1997 e a Lei dos 12 Bairros, de 2001. Portanto, são leis com quase 30 anos, a mais nova tem 24 anos e estão desatualizadas, inclusive, frente a vários conceitos de urbanismo que passaram a estar em voga, além de estarem desalinhadas com o Plano Diretor. Surge daí a necessidade de atualização e unificação. Quais as principais mudanças trazidas pela nova LPUOS? São muitas. É uma lei de 150 páginas, mais de 200 artigos. Mas podemos estruturar os principais ganhos em cinco eixos. O primeiro deles é a Cidade Para Todos. Isso significa incentivar a habitação de interesse social no Recife, permitir que um potencial construtivo em uma determinada área da Zona Sul seja liberado, desde que seja feito retrofit para habitação e com um bônus, se for habitação social, nos sítios históricos do Centro. Dessa forma, vamos oportunizar a cidade para pessoas de várias rendas. No Recife, o Minha Casa Minha Vida não emplacou. É a capital do Nordeste que menos tem unidades do programa. Em contrapartida, a Região Metropolitana possui muitos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida comprados, muitas vezes, por recifenses que não conseguem acessar esse tipo de habitação ou uma habitação a esse preço na capital. Trata-se de um efeito perverso, porque a residência do Minha Casa Minha Vida que a pessoa de baixa renda do Recife consegue comprar, muitas vezes, está em locais como Guabiraba, Passarinho, que deveriam ter um perfil de área de preservação ambiental. São também territórios muito precários, do ponto de vista de acesso viário e de acesso a serviços. Buscamos fazer com que os empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, possam se viabilizar para a população vulnerável, senão em área nobre, mas em bairros como Cordeiro, Iputinga, Imbiribeira, Santo Amaro, São José no entorno da Rua Imperial. Ou seja, locais com infraestrutura, próximo a oportunidades de emprego. O segundo eixo é o Cidade Melhor, no qual buscamos inspiração na Lei dos 12 Bairros, que tem vários parâmetros qualificadores de lote que ampliamos para toda a cidade. Isso significa que os novos empreendimentos não vão poder ter muros fechados, terão que apresentar a faixa de amenização – que é uma faixa de ajardinamento frontal – serão obrigados a fazer alargamento de calçada, vão ser estimulados e em alguns casos até obrigados a implantarem a fachada ativa (edifícios cujo pavimento térreo têm usos comerciais e de serviços). Lotes muito grandes, que tenham frente para duas ruas, terão de criar uma faixa de fruição pública. Talvez o mais famoso exemplo disso no Recife seja o Beco do Estudante, que conecta o antigo Colégio Nóbrega com a Av. Conde da Boa Vista. Do contrário, o pedestre teria que dar uma volta, na altura da Igreja da Soledade, para chegar numa parada de ônibus. O terceiro eixo é o Cidade das Águas. Estamos falando de incorporar os preceitos do Parque Capibaribe – do qual surgiu o Parque das Graças – para toda a cidade. Qual foi a grande dificuldade que tivemos ao implantar o Parque das Graças? Tivemos praticamente que pedir ou negociar com aqueles prédios situados na borda d’água para que recuassem os muros para implantar o parque. Com a nova lei, fica estabelecido que toda construção à margem dos rios com mais de 500 m² de área construída ou com mais de 500 m² de área de terreno terá de ceder a faixa não edificável para a cidade do Recife. Então, no futuro, isso tudo vai estar à disposição para que a prefeitura possa instalar um parque linear, e os cidadãos tenham acesso à borda dos rios. O quarto eixo é o Cidade Preservada, que prevê mais do que triplicar as áreas de preservação de sítio histórico. Saímos de uma condição de cerca de 5 km² para 17 km² de área preservada, chegando

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Patrimônio ameaçado: desafios e estratégias para preservar o Centro Histórico de Olinda

Degradada e sob pressão urbana, a cidade enfrenta uma tendência de esvaziamento populacional no seu centro histórico e a maior necessidade de fiscalização. Em paralelo, iniciativas de restauração e propostas de gestão federal buscam proteger seu patrimônio arquitetônico e cultural. *Por Rafael Dantas “O Sítio Histórico de Olinda tem passado por um processo de degradação acelerada”, alerta o presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, George Cabral. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1982, a cidade reúne um acervo arquitetônico e paisagístico singular, marcado por igrejas e conventos dos séculos 16 e 17, além do casario colonial. No entanto, ela convive com dinâmicas urbanas e mesmo culturais incompatíveis com a sua identidade e com a necessidade de preservação. Apesar de o Centro Histórico de Olinda reunir 1,2 km² tombados, com paisagens marcantes, rica vegetação e a vantagem de estar próximo ao litoral, o turismo local não alcança a mesma vitalidade observada em outros patrimônios da Unesco, como as cidades mineiras de Ouro Preto e Diamantina. Somam-se a isso problemas de violência urbana e poluição sonora, que não apenas afastam visitantes mas, também, comprometem a permanência dos próprios moradores. “Quando a Unesco tombou a Olinda, uma coisa que ficou bem clara na declaração: havia uma conjunção muito interessante do patrimônio construído, do patrimônio vegetal e da população que residia ali, como fazedora de cultura, como gente que animava aquele centro histórico. Mas esses moradores têm sido sistematicamente afastados, porque hoje é praticamente impossível você viver em sossego na cidade”, observa o historiador. George Cabral ressalta que os moradores estão abandonando Olinda em busca de tranquilidade. Eles se queixam da falta de regulação das atividades dos espaços de show que se instalam nos casarões, das prévias carnavalescas que se estendem ao longo de metade do ano e dos roubos. As queixas são relativas à falta de regulação das atividades dos espaços de show que se instalam nos casarões, das prévias carnavalescas que se estendem ao longo de metade do ano, dos roubos, inclusive de cabos de cobre que se conectam às residências. Situações de controle urbano, combinadas com o relaxamento das normas de preservação. Esse conjunto de problemas e a consequente tendência de esvaziamento de moradores amplia as dificuldades de gerir uma cidade centenária, que naturalmente já teria os desafios de captar financiamento para a manutenção dos principais ícones arquitetônicos ou de induzir a conservação dos imóveis pelos seus proprietários. A chefe do Escritório Técnico de Olinda do Iphan-PE, Ana Paula Lins, alerta que qualquer intervenção em imóveis tombados ou no entorno precisa de anuência do instituto, devido à proteção federal na região. Apesar de não tratar o cenário como alarmante, ela considera que há dificuldades em diversas frentes. Ana Paula lista, por exemplo, a falta de uma educação patrimonial dos moradores, a necessidade de definir regras para proteger ruas, igrejas e casario das grandes festas, a exemplo do Carnaval, bem como do reforço da fiscalização. Especialistas alertam para a falta de uma educação patrimonial por parte dos moradores, e para a necessidade de definir regras para proteger ruas, igrejas e casario das grandes festas, a exemplo, do Carnaval, bem como do reforço da fiscalização. “O número de intervenções irregulares cresce numa perspectiva muito maior do que os próprios órgãos podem dar conta, porque o número de funcionários e de técnicos não é suficiente para fiscalizar tudo o que vem acontecendo no Sítio Histórico”, justifica  Ana Paula. A folia do Carnaval e todo o seu ciclo de prévias fazem parte da identidade da cidade, isso é inegável. Porém, o tamanho que a festa alcançou também tem preocupado tanto em relação à preservação do patrimônio da cidade, como à própria integridade física dos brincantes. O assunto já chegou, inclusive, ao Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda. DESAFIOS NA ÓTICA DO PODER MUNICIPAL A Prefeitura de Olinda explica que os principais desafios da gestão desse Sítio Histórico estão relacionados à alta complexidade técnica e financeira. “Muitas obras exigem recursos humanos especializados, materiais específicos e licitações complexas. Há também situações emergenciais, como no caso da Casa 28, interditada, e do Palácio dos Governadores, que demandam intervenções urgentes de coberta, fachadas e instalações”, relata Marília Banholzer, secretária de Patrimônio e Cultura de Olinda. Além da preservação direta dos imóveis, o poder municipal reconhece a dificuldade de lidar com as pressões urbanas da dinâmica local. Ou seja, equilibrar a necessidade de preservação com as demandas cotidianas da cidade, viva e habitada, e que também recebe atividades de massa, como o maior Carnaval de rua do mundo. “Mas estamos enfrentando esses desafios com planejamento, articulações para o uso do Fundo de Preservação, parcerias e até avaliando possibilidades de PPP (parceria público privada) em equipamentos. Isso nos permite avançar apesar das limitações”, explicou a secretária. A Prefeitura de Olinda explica que os principais desafios da gestão do Sítio Histórico estão relacionados à alta complexidade técnica e financeira. Muitas obras exigem recursos humanos especializados, materiais específicos e licitações complexas. A Prefeitura de Olinda informou que estão em andamento um conjunto de ações que envolvem tanto a zeladoria quanto a restauração de imóveis tombados. Entre as iniciativas, estão a recuperação da Praça Laura Nigro, a manutenção do Observatório do Alto da Sé – em parceria com o Governo do Estado –, a instalação de novas placas de sinalização turística e patrimonial, além das tratativas para a colocação de placas maiores. Também estão em fase de licitação e atualização de orçamentos projetos, como o Mercado da Ribeira e o Cine Olinda. A secretária afirma que o patrimônio e a cultura da cidade seguem sendo um importante motor econômico de Olinda, visto que movimenta as pousadas, os restaurantes, os bares, o transporte, bem como o artesanato e toda cadeia da economia criativa. “Cada restauração concluída não é apenas uma vitória da preservação mas, também, uma oportunidade de gerar novos fluxos turísticos, valorizar o comércio local e fortalecer a imagem da cidade no cenário nacional e internacional”, destacou Marília.  INVESTIMENTOS FEDERAIS NA CIDADE Mesmo com as preocupações, há investimentos externos em

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Poder da escuta: Um novo olhar sobre a habitação popular no Recife

Em seminário sobre habitabilidade, lideranças comunitárias, pesquisadores e urbanistas apontam que enfrentar enchentes e desigualdade exige ouvir as periferias, valorizar as singularidades e garantir a continuidade de políticas públicas. *Por Rafael Dantas “Ninguém vai morar em área de risco porque acha bonito. A culpa é de uma estrutura racista que fez com que as pessoas pretas e mais vulnerabilizadas fossem para esses locais”, sentenciou a líder comunitária da Vila Arraes e presidente da Associação Gris Espaço Solidário, Joice Paixão, durante a sua apresentação no II Seminário Recife Cidade Parque – Os Desafios da Habitabilidade no Recife. O evento foi realizado pelo projeto de pesquisa Recife Cidade Parque (fruto de convênio entre a Prefeitura do Recife e a Universidade Federal de Pernambuco) e as secretárias municipais de Habitação e de Desenvolvimento Urbano. A comunidade de Joice é banhada pelo Rio Capibaribe e foi uma das regiões do Recife que mais sofreu com as enchentes de 2022. Algumas casas foram cobertas até o telhado em pouco tempo. Um evento climático extremo, que ela descreve com outras palavras. “A gente passou um inferno. A enchente que levou uma casa inteira, um sofá, uma geladeira, destruiu vidas e levou muitas memórias. As perdas não foram só materiais”. Para a ativista, a discussão sobre moradia precisa estar articulada à adaptação climática territorial, considerando as particularidades geográficas do Recife e a vulnerabilidade social de seus moradores. Acima de tudo, ouvir a população negra e periférica. Ela considera que sem uma mudança estrutural – com governança inclusiva entre poder público, academia, sociedade civil e setor privado – as comunidades continuarão a pagar com vidas as falhas do estado. O cenário tratado por Joice e por quem mora nas periferias da cidade expõe uma necessidade histórica, que só foi agravada com as mudanças climáticas. O problema não é só de habitação, é amplo e envolve vários aspectos da moradia. Um conceito que se tornou conhecido como habitabilidade. “Em sua pesquisa sobre habitabilidade urbana para gestão de ocupações irregulares, defendida em 2007, Cláudia Castro resgata o que Simone Cohen, em seu estudo, concluído em 2004, define como cerne da questão da habitabilidade urbana: a inserção da unidade habitacional no espaço urbano, seja pela infraestrutura, serviços e equipamentos, seja pela inclusão como questão social”, ressalta Lúcia Veras, professora da UFPE e pesquisadora do projeto Recife Cidade Parque. A discussão alerta para a urgência do avanço das políticas urbanas, diante da pressão das mudanças climáticas, e para a insuficiência da maioria das ações, que se restringem à produção de novas unidades habitacionais. Sem planejar o transporte, a conexão com as oportunidades de trabalho, o acesso ao lazer e aos serviços básicos, os dramas vividos pelas populações mais vulneráveis por morar nos lugares mais distantes e com menor infraestrutura não serão resolvidos. No momento em que a capital pernambucana faz um esforço de planejamento de longo prazo, mas com execuções no curto e médio prazo, via o projeto Recife Cidade Parque, o olhar das populações marginalizadas é fundamental. O que o seminário deixou evidente é que quando pesquisadores e agentes públicos envolvidos na causa realizam estudos e planos feitos no escritório, sem a intensa participação popular, eles não contribuem para integrar as duas “cidades” – a formal e a informal –  que habitam no mesmo território, mas têm demandas muito distintas. EXPERIÊNCIA DE SÃO PAULO PARA INSPIRAR O RECIFE "É importante que o projeto de [habitação] valorize as singularidades de cada lugar, [e que seja concebido] dentro de uma visão sistêmica, do ponto de vista da integração desses espaços com o sistema de áreas públicas e da integração desse bairro com os bairros vizinhos e a cidade." - Marcos Boldarini Durante o seminário, o arquiteto e urbanista Marcos Boldarini contou duas experiências exitosas da cidade de São Paulo na regeneração de um território. Tanto o projeto de urbanização do Cantinho do Céu (na Zona Sul de São Paulo), como a intervenção em assentamentos de São Bernardo do Campo, tiveram foco na qualificação de moradias mas, também, uma transformação mais ampla do espaço. No Cantinho do Céu, em São Paulo, um projeto de urbanização transformou uma área de 1,5 milhão de metros quadrados às margens da Represa Billings, beneficiando cerca de 10 mil famílias. A intervenção integrou infraestrutura básica, requalificação de ruas, vielas e escadarias, implantação de transporte aquático e criação de parque linear, áreas de lazer e equipamentos públicos. As soluções foram adaptadas ao relevo e às necessidades da população, com participação comunitária. Nos assentamentos de São Bernardo do Campo, uma intervenção em cerca de 500 mil m² beneficiou aproximadamente 3.300 famílias localizadas em áreas próximas à Represa Billings e à Serra do Mar. O projeto buscou integrar os assentamentos ao restante da cidade, superando barreiras como rodovias e relevo acidentado, enquanto respeitava remanescentes de Mata Atlântica e áreas ambientalmente sensíveis. Foram planejadas melhorias em moradias, espaços públicos e infraestrutura, articuladas com o plano diretor municipal, com foco na inclusão social, conexão com empregos e serviços. “Valorizar as singularidades de cada lugar do ponto de vista do projeto como uma reflexão única para esses locais, evita a ideia da mera reprodução do projeto”, afirmou Boldarini. Ao mesmo tempo, a intervenção deve integrar os desejos dessa população atendida diretamente pelas transformações com os demais contextos da cidade. "É importante que o repertório do projeto considere essas condições dentro de uma visão sistêmica, do ponto de vista da integração desses espaços com o sistema de áreas públicas e também da integração desse bairro com os bairros vizinhos e a cidade", orienta o arquiteto. Experiências que dialogam com as expectativas do Recife Cidade Parque, que busca promover uma ampla transformação na capital pernambucana, com um olhar a partir das suas três principais bacias hidrográficas (dos rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió) e da frente marinha. Além do parque linear ao longo dos rios, o projeto visa também valorizar os corredores que conectam os cursos d’água da cidade com os espaços verdes. DIRETRIZ E AS PRIORIDADES "Ao pensar nos desafios da habitabilidade do Recife hoje e

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Visita de Lula ao Recife é marcada por greve dos Metroviários contra privatização

Os metroviários de Pernambuco iniciaram uma greve de 24 horas contra a privatização do Metrô do Recife. A paralisação, aprovada em assembleia na Estação Central e organizada pelo Sindmetro-PE, começou às 22h de ontem (13) e seguirá até o mesmo horário desta quinta-feira (14), coincidindo com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à capital. O movimento, que atende milhares de usuários da Região Metropolitana, defende investimentos públicos urgentes para a recuperação e modernização do sistema. COBRANÇA DA PROMESSA DE CAMPANHA A categoria lembra que, durante a campanha presidencial de 2022, Lula prometeu manter o metrô como serviço público. Para os metroviários, cumprir esse compromisso é essencial para garantir transporte de qualidade e tarifas acessíveis. “Não se trata apenas de uma pauta corporativa. Privatizar o metrô é aumentar tarifas, precarizar o serviço e excluir quem mais precisa dele”, afirmou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE. Outdoors e painéis de LED espalhados por pontos estratégicos de Recife reforçam o recado: “Lula, cumpra sua promessa. Não privatize o metrô do Recife”. ARTICULACÃO POLÍTICA A mobilização conta com o apoio de entidades sindicais como CUT, CTB e CSP-Conlutas, além de movimentos estudantis e populares. O Sindmetro-PE recebeu o apoio do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) nesta semana. O influenciador Jones Manoel (PCBR), a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) e a deputada estadual Dani Portela (PSOL) foram outras lideranças que já se manifestaram de forma contrária à privatização do sistema. IMPACTOS ESPERADOS O aumento das tarifas para o metrô é um dos principais alertas feitos na campanha. Os dos principais exemplos mencionados pelas lideranças sindicais são os preços do Metrô BH (R$ 5,80), privatizado no apagar das luzes do Governo Bolsonaro, e a Supervia, no Rio de Janeiro (R$ 7,60), que foi concedida na década de 1990.

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Iron House e o futuro das cidades: inovação urbana, sustentabilidade e impacto social

Com foco em planejamento integrado e respeito ao território, a empresa propõe uma transformação na Várzea e outros bairros com projetos que aliam urbanismo qualificado, cultura e inclusão social. Criada em 2011 como braço de desenvolvimento urbano do Grupo Cornélio Brennand, a Iron House se destaca nacionalmente por sua atuação estratégica em estados como Pernambuco e Bahia. Com o propósito de promover experiências urbanas inovadoras e integradas, que aliam qualidade de vida, sustentabilidade e conexão com o território, o próximo horizonte da empresa é o bairro da Várzea. Com um compromisso de longo prazo alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a empresa planeja e executa bairros planejados, a exemplo da Reserva do Paiva, que respeitam o meio ambiente e promovem a convivência comunitária. Planejamento urbano e revitalização cultural na Várzea No Recife, a atuação da Iron House na Várzea tem ampliado o impacto social e ambiental da corporação no Estado. O principal empreendimento em andamento é a restauração do galpão da antiga fábrica da Cinzano, que se transforma em um polo de cultura, empreendedorismo e impacto social. Desde 2024, o entorno do galpão tem abrigado o projeto Nosso Quintal, espaço de convivência e efervescência cultural com programação gratuita de exposições, oficinas, cinema ao ar livre e feiras criativas. Essa iniciativa integra a memória histórica do bairro com o desenvolvimento de novas oportunidades para a comunidade local. “Nosso compromisso é muito grande com esse ambiente, não só com a mata, mas com toda a robustez do território e da comunidade", afirma a CEO Carol Boxwell Conexão histórica com a Várzea A escolha da Várzea como foco estratégico para diversos projetos da Iron House não acontece por acaso. É nesse bairro que teve origem o Grupo Cornélio Brennand, e onde se encontra a emblemática Casa de Ferro, construção do século XIX que simboliza a história da empresa. Com mais de 600 hectares de mata preservada, a Várzea abriga uma rica diversidade cultural e instituições renomadas, como a Oficina Francisco Brennand e o Instituto Ricardo Brennand. Esse território traduz o compromisso da Iron House com o desenvolvimento de cidades mais humanas, sustentáveis e profundamente conectadas à sua identidade. “A gente quer conectar tudo que existe de bom, contribuindo para a melhoria do urbanismo, dos espaços públicos, trazendo praças, parques, calçadas sombreadas, lugares para as pessoas. Nosso compromisso é muito grande com esse ambiente, com a mata, com o território, com a comunidade que já existe", afirma Carol Boxwell Educação, regeneração ambiental e inclusão social A empresa desenvolveu programas sociais e ambientais inovadores, como o Territórios Regenerativos, que apoia projetos de impacto socioambiental, e o Programa Evoluir, em parceria com a edutech Alicerce Educação, oferecendo reforço escolar para 80 crianças e jovens da Várzea. Algumas iniciativas que nasceram desses projetos irão ocupar o galpão que está sendo reformado para oferecer ações educacionais e culturais em benefício da comunidade. Complementando esses esforços, a empresa tem investido na preservação ambiental com ações como a implantação da primeira microfloresta urbana da Heineken no Nordeste, fortalecendo a biodiversidade local e melhorando a qualidade de vida no entorno urbano. "O nosso trabalho é um planejamento urbano que traz infraestrutura e atrativos para as pessoas se encontrarem, se conectarem. A intenção é que elas usem esses espaços públicos, estejam nas praças, nos parques, caminhando, vivendo o Recife. Queremos promover essa vivência, criar sinergia entre os empreendimentos e esses espaços, com responsabilidade e compromisso, sempre revisitando e ajustando o planejamento, porque as cidades são organismos vivos e dinâmicos", explica Carol Boxwell Infraestrutura qualificada e compromisso com o urbanismo Além das ações culturais e sociais, a Iron House assume a responsabilidade de melhorar a infraestrutura local. “Construímos uma nova rotatória na Várzea, que reorganizou o fluxo de caminhões e melhorou a mobilidade local, contribuindo com segurança, fluidez e qualidade para o dia a dia da população”, destacou a executiva. A iniciativa foi doada ao poder público e destaca o compromisso da empresa com práticas urbanísticas que valorizam o espaço público, a sustentabilidade e o bem-estar coletivo. Números e destaques da Iron House

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RECIFE.PUZZLE

Fragmentação urbana: o maior obstáculo para cidades justas e sustentáveis

*Por Mariana Pontes A urbanização desordenada e excludente se consolidou como um dos principais retratos da desigualdade social nas cidades brasileiras. A ausência de infraestrutura básica, a vulnerabilidade ambiental e o colapso dos sistemas urbanos são consequências da ausência de um planejamento integrado que, além de articular as políticas, deve integrar os desejos e necessidades da população. Segundo o Relatório de Riscos Climáticos da ONU (2022), as cidades que ignoram soluções integradas e a escuta ativa da população tendem a aprofundar suas desigualdades sociais e ambientais. Ainda assim, o Brasil insiste em repetir práticas baseadas em interesses de curto prazo, sem articulação entre setores e com pouca visão de futuro. Essa lógica reducionista, que trata o planejamento urbano como um processo técnico isolado, enfraquece a capacidade transformadora das políticas públicas. No entanto, algumas experiências demonstram que é possível fazer diferente. No Recife, por exemplo, desde 2015 o pensamento do planejamento integrado de longo prazo tem orientado políticas públicas estruturantes da cidade. O Plano Recife 500 Anos se configura como uma bússola que direciona políticas e ações para a construção do futuro desejado. Assim, antecipar esse futuro por meio de processos de criação coletiva é fundamental e urgente nas cidades. Exemplos como a implantação de espaços públicos voltados à primeira infância, que combinam urbanismo, educação e cuidado, só foram possíveis a partir de escutas comunitárias, articulação intersetorial e prototipação de soluções. Da mesma forma, projetos que utilizam infraestrutura verde para tratar águas de esgoto em áreas alagadas, como os jardins filtrantes, revelam o potencial de iniciativas que aliam sustentabilidade, requalificação urbana e educação ambiental. Essas ações, construídas a partir da inteligência coletiva e da colaboração entre diversos atores, mostram que o caminho da inovação urbana exige mais participação e menos verticalidade. Superar o ciclo de intervenções paliativas requer romper com estruturas institucionais rígidas e ineficientes. É necessário instituir processos participativos permanentes, fomentar a escuta como ferramenta de planejamento. Planejar cidades para o futuro significa transformar profundamente a forma de relacionamento dos habitantes com o espaço urbano. Isso implica reconhecer os territórios e as pessoas que os habitam como protagonistas, compreender suas dinâmicas e articular saberes diversos na construção de soluções duradouras. Não basta pensar o urbano a partir de diagnósticos frios, é preciso agir com coragem, testar novas abordagens e aprender com os erros e acertos da prática. Portanto, o Brasil só terá cidades mais justas, resilientes e sustentáveis quando a lógica do planejamento deixar de ser fragmentada e se tornar integradora, coletiva e orientada para o bem comum. É tempo de abandonar as fórmulas prontas e abraçar o desafio de reconstruir nossas cidades com escuta ativa, participação efetiva e inovação real. O futuro urbano que queremos precisa começar agora, e ele deve ser construído por muitas mãos. *Mariana Pontes é diretora-presidente da Áries

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Luiz Vieira 1

Seminário debate soluções para a habitação popular integrada no Recife

Evento reunirá especialistas, gestores públicos e moradores para discutir qualidade de vida, inclusão urbana e sustentabilidade. Luiz Vieira (foto) será um dos debatedores do encontro. Nos dias 6 e 7 de agosto, o auditório do Apolo 235, no Bairro do Recife, será palco do II Seminário Recife Cidade Parque – Os desafios da habitabilidade no Recife. O encontro reunirá pesquisadores, gestores públicos e representantes de comunidades em situação de vulnerabilidade para discutir estratégias de habitação popular que integrem moradia, infraestrutura urbana, natureza e acesso a serviços essenciais, como educação, saúde, mobilidade e lazer. A iniciativa é resultado de um convênio entre a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Prefeitura do Recife, por meio do Projeto de Pesquisa de Desenvolvimento e Inovação Recife Cidade Parque, com apoio das secretarias municipais de Desenvolvimento Urbano e de Habitação. O evento se propõe a ampliar o debate sobre modelos urbanísticos sustentáveis e inclusivos, que enfrentem os riscos ambientais e superem a lógica de guetos urbanos isolados da cidade formal. “Vamos discutir dentro de uma abordagem sistêmica, que vá além de paradigmas dos programas de habitação, nos quais a moradia é concebida sem estar atrelada ao acesso a uma infraestrutura urbana de qualidade. É um modelo em que não se formam cidades, mas guetos urbanos”, afirma o coordenador do projeto, Roberto Montezuma, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE. A programação inclui conferências com nomes como Marcos Boldarini e Nora Libertun de Duren (BID), além de mesas sobre regularização fundiária, emergência climática, racismo ambiental, experiências em ZEIS e projetos internacionais como o Villa 20 de Buenos Aires. O seminário também apresentará propostas e ações em curso, como o Programa Moradia Legal, Periferia Viva e Promorar, promovendo o diálogo entre academia, poder público e sociedade civil. PROGRAMAÇÃO COMPLETA 9h às 12h Abertura Felipe Matos - Secretaria Desenvolvimento Urbano - PCR  Felipe Cury - Secretaria de Habitação - PCR  Vitor Araripe – Ministério das Cidades - Governo Federal Roberto Montezuma - Projeto Recife Cidade Parque - UFPE Palestra: Habitabilidade no Recife Cidade Parque  Lúcia Veras e Roberto Montezuma (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Conferência: Urbanização em áreas ambientalmente sensíveis: experiência na Região Metropolitana de São Paulo Marcos Boldarini - Arquiteto e Urbanista Debate Mediador: Luiz Vieira (UFPE e Recife Cidade Parque) 14h às 18h Panorama - Recife • Perspectiva histórica da habitação de interesse social - Ângela Souza (UFPE) • Participação popular na construção de soluções para a regularização urbanística e fundiária de habitação de interesse social - Danielle Rocha (UFPE) • Estudos de uso e ocupação do solo: pesquisa Recife Cidade Parque - Rosa Cortês (UFPE) • Plano Local de Habitação de Interesse Social - Felipe Cury (Secretário de Habitação - PCR) •  Emergências climáticas, racismo ambiental e direito à moradia - Joice Paixão (GRIS Solidário)  Intervalo (15min) • Urbanização da primeira Zeis do Recife: João de Barros - Ronald Vasconcelos (UFPE) • Urbanização da primeira favela do Recife: Vila Redenção -  Aline Souto (UFPE) • Ilha de Deus uma década depois - Norah Neves (UPE) Debate Mediador: Fabiano Diniz (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Quinta-feira 7/08 9h às 12h Panorama - Políticas Públicas • Minha Casa Minha Vida - Marcelo Maia de Almeida (Caixa Econômica Federal) • Periferia Viva - Vitor Araripe (Ministério das Cidades) • Promorar - Secretaria de Projetos Especiais - PCR • Programa Moradia Legal - Fabiano Diniz (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) • Perspectivas - Habitat para Humanidade - Socorro Leite (ONG Habitat para  Humanidade) Debate Mediadora: Nancy Nery (Secretaria de Habitação – PCR) Intervalo (15min) Conferência: Rumo à Habitabilidade Sustentável na América Latina Nora Libertun de Duren - Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID Debate  Mediador: Fernando Diniz (UFPE) 14h às 18h Panorama - Experiências • Laboratório de projetos na graduação DAU/UFPE - Bruno Lima (UFPE) e Fábio Mosaner (UFPE) • Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social - ATHIS/UFSC - Ricardo Wiese (UFSC) • Projetos de habitação de interesse social - Alexandre Hoddap (Coletivo Peabiru - SP) • Villa 20 - Buenos Aires - Martín Motta e Beatriz Pedro (Universidade de Buenos Aires - UBA) Debate Mediador: Roberto Montezuma (UFPE e Projeto Recife Cidade Parque) Intervalo (15min) Mesa redonda: Construindo o Futuro  Felipe Matos, Felipe Cury, Vitor Araripe, Roberto Lins, Marcelo Maia de Almeida e Roberto Montezuma Mediador Francisco Cunha (TGI e ARIES) Serviço📅 II Seminário Recife Cidade Parque – Os desafios da habitabilidade no Recife📍 6 e 7 de agosto | Apolo 235 – Rua do Apolo, 235, Bairro do Recife🎟 Gratuito | Inscrições: bit.ly/4lrgdf4

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Cecilia Costa UFPE

“A APA Aldeia-Beberibe é um tesouro ameaçado. Precisamos de coerência e coragem para defendê-la”

Cecília Costa, pesquisadora da UFPE, destaca a importância da Área de Proteção Ambiental, situada na  Região Metropolitana do Recife, e os riscos de projetos como o Arco Viário e a Escola de Sargentos. Ela ressalta a necessidade urgente de políticas públicas que valorizem os serviços ambientais para proteger esse patrimônio natural. Cecília Costa, doutora em ecologia e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco, acumula mais de uma década de estudos na APA (Área de Proteção Ambiental) Aldeia-Beberibe, situada na Região Metropolitana do Recife. Com trabalhos que vão desde o levantamento de biodiversidade até a percepção ambiental das comunidades locais, ela é uma das vozes acadêmicas na defesa desse território que está sob alvo de muitas tensões. Nesta entrevista, Cecília detalha a riqueza biológica da região, os riscos impostos por projetos como o Arco Viário e a Escola de Sargentos, e a urgência de implantar políticas públicas que reconheçam e remunerem os serviços ambientais prestados pela floresta. Ao longo da conversa, a professora compartilha percepções valiosas sobre a defaunação (perda de animais) histórica no Nordeste, a presença de espécies ameaçadas como a jaguatirica, o papel estratégico da vegetação na recarga dos aquíferos e o potencial da APA para se tornar referência em desenvolvimento sustentável. Ela alerta: “Precisamos sair da politicagem e ter coerência. O desenvolvimento precisa ser compatível com os objetivos da APA”. A APA Aldeia-Beberibe pode resistir à pressão da especulação imobiliária já existente e dos grandes empreendimentos anunciados, como o Arco Metropolitano e a Escola de Sargentos do Exército? Já existem várias questões que precisam ser resolvidas, e é muito importante não ampliar ainda mais o problema. Esses empreendimentos promovem mais desmatamento e fragmentação da Mata Atlântica nesse território, trazendo ainda mais gente para o local, o que pode comprometer definitivamente os objetivos da APA. Além da fragmentação e do desmatamento, e do Arco Viário Metropolitano é a maior ameaça à integridade da APA pois causa atropelamentos da fauna, poluição sonora e atmosférica. Essa será uma rodovia que receberá intenso tráfego de caminhões para conectar o Porto de Suape com as empresas que estão mais ao norte da região metropolitana. Além da poluição atmosférica, existem as cargas perigosas que representam um risco para a contaminação das águas superficiais e do lençol freático da região, usados para abastecimento da população.  Os projetos do Arco e da Escola de Sargentos têm uma série de impactos negativos para a conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais da região, mas o principal problema é o adensamento populacional. Infelizmente, o governo nunca conseguiu resolver as consequências disso. Não há fiscalização que dê conta de impedir a constante invasão de áreas para moradias, além do aumento dos empreendimentos imobiliários que ampliam o uso dos recursos naturais, além da produção de lixo, esgoto e impermeabilização do solo.  Existe algum território em Pernambuco em que o poder público conseguiu dar conta da especulação imobiliária? Não tem. O maior exemplo que a gente tem talvez seja a praia mais linda do Brasil, que é Porto de Galinhas. Ela está altamente adensada, com esgoto sem tratamento e já em processo de verticalização, que também já começou a acontecer em Aldeia.  Então, a gente tem que evitar projetos que promovam mais adensamento populacional no território, porque assim a gente consegue manter os serviços ambientais desse território que são tão importantes para a qualidade de vida na Região Metropolitana do Recife.  De quais serviços ambientais a senhora está tratando? Uma coisa importantíssima acerca da Mata Atlântica em avançado processo de regeneração, como é o caso da APA, é que ela remove e armazena o gás carbônico da atmosfera. Esse é o principal causador do aquecimento global, das mudanças climáticas que estamos vendo. Toda vez que a mata aumenta sua biomassa, ou seja, está se tornando mais densa, significa que ela está estocando carbono. E toda vez que ela está se tornando mais rala ou sendo removida, significa que ela está liberando gás carbônico para a atmosfera.  O trecho de floresta no território do Exército aumentou bastante em biomassa nos últimos 40 anos e, desde a criação da APA em 2010, outros trechos também estão se recuperando. Então esse é o cenário ideal para a remoção de carbono da atmosfera, de modo que uma alternativa rentável e sustentável para a região é o pagamento aos moradores por serviços ambientais e a venda de créditos de carbono.  Há também duas áreas de abastecimento público de água dentro da APA Aldeia-Beberibe. Uma delas é a barragem de Botafogo e a outra é o Açude do Prata, que fica dentro do Parque Estadual de Dois Irmãos. Esta última, é uma água de excelente qualidade, por estar dentro de uma unidade de conservação de proteção integral, sendo um ótimo exemplo para compreender como a natureza contribui para produzir água de qualidade, além de reduzir os custos com o tratamentoda da água. Assegura a boa saúde da população que usa dessa água.  As florestas da APA Aldeia-Beberibe também provêm vários outros serviços ambientais que quase ninguém dá valor, pois não se paga por eles e nem se pensa sobre eles. Se eu perguntar quanto você pagou de taxa de polinização este mês, você vai falar: “Não paguei nada”. Apesar disso, você se alimentou de mamão, laranja, milho, café e muitos outros frutos ou grãos, o que significa que os insetos fizeram o serviço de polinização.  Quanto você pagou de taxa de ar puro? Quanto você pagou de taxa de produção de solo fértil? Quanto você pagou de taxa de chuva?  Você certamente vai me responder: “Também não paguei por nada disso”. Mas então quem está fazendo esse serviço? São milhares de espécies que trabalham dia e noite gratuitamente para manter todos esses serviços e assim assegurar nossa qualidade de vida. Mas se não dermos as condições necessárias para que os ecossistemas continuem trabalhando, eles irão colapsar e nossa qualidade de vida também. Já existem lugares onde os polinizadores estão desaparecendo e os agricultores têm que alugar colmeias ou pagar para as pessoas levarem os pólens de

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Pernambuco investe R$ 300 milhões para embutir fiação no Bairro do Recife

Primeira etapa do projeto cobre quase metade da Ilha do Recife e promete impacto positivo no turismo, no setor elétrico e na economia digital. Foto: Hesíodo Góes - Secom O Governo de Pernambuco anunciou um investimento superior a R$ 300 milhões para o embutimento da fiação elétrica no Bairro do Recife, uma das áreas mais emblemáticas da capital. A primeira etapa do projeto, realizada em parceria com a Neoenergia, receberá R$ 185 milhões e contemplará 46% da rede elétrica da ilha, com a instalação subterrânea de 43 quilômetros de cabos, cinco câmaras de manobra e a modernização da infraestrutura que atende cerca de 1.150 unidades consumidoras. Com início no Marco Zero, Cais da Alfândega e Praça do Arsenal, a intervenção busca qualificar o espaço urbano e fortalecer o ambiente de inovação e turismo do centro histórico. "Hoje é um dia histórico para o Recife. Acabamos de anunciar a autorização para que a Neoenergia contrate uma empresa responsável pelo embutimento de toda a fiação do Bairro do Recife. Com essa iniciativa, garantimos mais beleza para o bairro, mais segurança no fornecimento de energia e a melhoria na qualidade dos serviços de internet, algo essencial para o Porto Digital, que está no coração do centro", afirmou a governadora Raquel Lyra. O projeto é considerado estratégico tanto para a preservação do patrimônio histórico quanto para a consolidação do Recife como polo de tecnologia. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, o embutimento trará mais segurança elétrica e estabilidade no fornecimento de energia para as empresas instaladas no Porto Digital, uma das âncoras da nova economia no estado. A execução do plano será coordenada por um grupo de trabalho e envolve a colaboração de diversos atores, como o município do Recife e empresas de telecomunicações. “É um projeto que exige a colaboração de diversos agentes, desde as empresas de telefonia até o poder público. A proposta é embutir toda a fiação que hoje está exposta, utilizando calhas subterrâneas e um projeto de engenharia estruturado”, explicou João Paulo Rodrigues, diretor de Relações Institucionais da Neoenergia. Além da modernização da rede elétrica, o governo estadual tem promovido uma série de investimentos para revitalizar o centro da cidade, com ações que incluem restauração de espaços culturais e expansão da habitação social. O conjunto de iniciativas reforça o compromisso com a recuperação urbana e o desenvolvimento econômico sustentável da capital pernambucana.

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Bezerros serra negra parque

Bezerros conquista R$ 1,5 milhão para requalificação do Pólo Cultural da Serra Negra

Projeto apoiado por Lucielle Laurentino e Mendonça Filho vai ampliar infraestrutura turística e cultural em área de 5.800 m² A Prefeitura de Bezerros garantiu mais de R$ 1,5 milhão em investimentos para a construção e requalificação do Pólo Cultural da Serra Negra. Os recursos são oriundos do Programa de Apoio a Projetos de Infraestrutura Turística, do Ministério do Turismo em parceria com a Caixa Econômica Federal, e foram viabilizados por articulação da prefeita Lucielle Laurentino e do deputado federal Mendonça Filho. A proposta visa ampliar o acesso, a acessibilidade e a infraestrutura de eventos no espaço, um dos principais cartões-postais do Agreste pernambucano. Com projeto arquitetônico desenvolvido pela Secretaria de Turismo e Cultura de Bezerros, o novo espaço contemplará cerca de 5.850 m² com melhorias estruturais como calçamento, piso intertravado, pista de cooper, banheiros, quiosques, bares, iluminação e áreas de convivência. O processo licitatório para execução da obra já foi aberto, conforme o Diário Oficial do Município Nº 381, de 23 de julho de 2025. “Costumo dizer que tudo que é bom, pode melhorar e sendo assim, estamos imensamente felizes por conquistar mais recursos para investir nesse pedacinho do paraíso”, afirmou a prefeita Lucielle Laurentino. A revitalização prevê ainda a instalação de bancos, pergolados, canteiros e uma área voltada para atividades físicas e de lazer. O objetivo é não apenas qualificar o ambiente para moradores e turistas, mas também fortalecer a realização de eventos tradicionais que já ocorrem na Serra Negra, como o São João, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco, o Festival Pernambuco Meu País e a Semana Paixão pela Serra. Localizado a 10 km do centro de Bezerros e cerca de 115 km do Recife, o Pólo Cultural da Serra Negra está situado a 957 metros de altitude, oferecendo clima ameno, paisagens naturais exuberantes e uma rica programação cultural. Com temperaturas entre 15º e 25º C durante a maior parte do ano, o espaço é um dos principais destinos turísticos do interior do estado e recebe milhares de visitantes durante o calendário festivo.

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