"O conhecimento adquirido na pandemia deve ser um norte para as mudanças na saúde"
A pandemia completou dois anos e nesse período o mundo assistiu a construção de hospitais de campanha para dar conta do número de pacientes da Covid-19, acompanhou ao vivo o desenvolvimento das vacinas e como a ciência semana a semana conseguia entender mais sobre o vírus e como combatê-lo. Para falar sobre os impactos da pandemia no setor, conversamos com Tereza Campos, Federação dos Hospitais Filantrópicos e superintendente-geral do Imip Tereza Campos Qual a principal transformação da pandemia na saúde? Diante de uma das maiores crises sanitárias vivida nas últimas décadas, como a do coronavírus, identificamos a vulnerabilidade e a potencialidade do Sistema Único de Saúde – SUS, tendo como principais impactos o subfinanciamento do sistema público de saúde, os altos custos dos insumos, o desgaste físico e mental dos trabalhadores e a necessidade da transformação digital na saúde. A pandemia transformou a saúde no tema central da sociedade e nossas atenções foram totalmente voltadas para as novas demandas que surgiam, no que diz respeito à necessidade de se ter um plano estratégico de enfrentamento sanitário diante de situações adversas e de adaptabilidade da força de trabalho. Ao mesmo tempo, que emitimos respostas rápidas à pandemia, atuamos estrategicamente para garantir a continuidade da assistência, principalmente, aos pacientes oncológicos, transplantados, renais, crônicos, entre outros. Destacamos a incorporação cada vez maior da teleducação e teleassistência, para assegurar a atenção à saúde e, o reconhecimento pela população do valor do SUS. Qual a principal mudança esperada no setor da saúde no pós-pandemia? Não dá para estimar os efeitos provocados pela pandemia, nem determinar um prazo para superação, pois obviamente todas as pessoas e modo de trabalho sairão diferentes desta crise. O setor saúde continua enfrentando desafios apresentados pela pandemia, que ainda requerem atenção, cuidados e vigilância. Ressaltamos também, a construção de parcerias para produção e aquisição de vacinas, tratamentos e suprimentos, além da necessidade de constante profissionalização e formação de pessoas na área da saúde, inovação tecnológica, otimização de processos e gerenciamento de crises com agilidade. A gestão precisa lidar com os efeitos físicos e mentais, de longo prazo, em trabalhadores e pacientes e na sua reabilitação, e deve buscar o crescimento sustentável dos serviços de saúde. Quais os caminhos para resolver os principais problemas no setor no cenário pós-pandemia? O conhecimento adquirido durante a pandemia deve ser um norte para as mudanças, melhorias contínuas e resolução de problemas.A Covid-19 mostrou que a gestão hospitalar deverá investir cada vez mais em um planejamento estratégico, com protocolos definidos e estruturados. necessário também equacionar o financiamento para fortalecimento do SUS em todos os seus aspectos, vigilância epidemiológica, atenção primária, secundária e terciária, regulação, gestão e incorporação tecnológica, pesquisa e reduzir a dependência internacional ao retomar o investimento no complexo econômico industrial da saúde (vacinas, kits diagnósticos, insumos, material médico hospitalar, equipamentos e medicamentos). Formar e valorizar os profissionais com grande ênfase na educação continuada, investir recursos tecnológicos que proporcionem respostas seguras, rápidas e fortalecer parcerias com a sociedade civil e organizada. Os caminhos para solucionar os problemas passam por um sistema de saúde que garanta o acesso com qualidade, a sustentabilidade financeira das instituições de saúde, que tenham uma gestão inovadora, com o compromisso socioambiental e com a qualidade e segurança das pessoas.
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