*Por Noemia Resende
Não faz muito tempo que todos estavam habituados aos estressantes engarrafamentos na ida e volta do trabalho, almoços de negócios, filas intermináveis para pegar filhos nas escolas, bancos operando sua capacidade máxima de atendimento presencial, e tantas outras esperas…—isso compreendido antes como normal, uma rotina vivenciada por milhões de brasileiros antes da pandemia e tudo mudou, completamente.
Tem muita gente hoje pensando se de fato vale a pena comprar ou manter o veículo em casa, afinal o UBER e o preço da gasolina insistem nessas reflexões, assim como o período no engarrafamento perdido há estudos sobre elevação da produtividade em home office.
O cenário não permite a tão sonhada previsibilidade e a pandemia trouxe justamente a certeza da instabilidade em todos os sentidos. As organizações precisaram prover de recursos, criatividade, remodelaram as práticas e soluções para atendimento às necessidades de seus clientes internos e externos. Por outro lado, os colaboradores canalizaram os esforços para corresponder às expectativas e exigências do momento.
O mundo virtual fez moradia e promoveu uma mudança de comportamento. Não há pretensa intenção de julgar positivo ou negativo tais mudanças, mas sim de provocar reflexões sobre as nossas reais capacidades de entender o cenário na perspectiva de enxergar a necessidade de compreender as mudanças como fontes de aprendizagem e desenvolvimento humano.
Dessa forma, reconhecemos que a pandemia acelerou o consumo por tecnologias, as escolas, os escritórios de advocacia, médicos e muitos outros profissionais providenciaram plataformas, recursos audiovisuais e cenários visuais para atender os seus clientes e, ocasionou holofotes sobre a transposição ou a substituição da presença física para o mundo digital. Quem imaginou algum dia consultar um dermatologista e enviar através de whats apps fotos e vídeos para análise e diagnóstico? As audiências de instrução e julgamento realizadas através de plataformas de videoconferências, não há como não pensar no futuro da carta precatória – assim, tudo foi virtualizando, inclusive as organizações públicas.
Em paralelo, observamos muitas dificuldades em relação ao emprego e trabalho e a dificuldade para a inclusão e a certeza da obsolescência assustam muitos, afinal a urgência constante das demandas acabam estimulando a criação de soluções tecnológicas, novos formatos na prestação de serviço, assim como foi a necessidade de virtualizar.
A virtualização do trabalho trouxe uma dinâmica na legislação trabalhista sob novos olhares do teletrabalho, bem como ampliou discussões sobre os fluxos de processos, acompanhamento das atividades, atendimento do cliente e a conscientização de incorporar a transformação digital.
A transformação digital está mudando a realidade de muitas organizações e remodelando as suas práticas, como por exemplo, a gigante General Eletrics-GE, que começou utilizar a impressora 3D para fabricar peças de turbinas para aeronaves e conseguiu além de reduzir a necessidade de 855 peças para 12 peças, e o melhor de tudo, o baixo consumo de combustível pela consequência da redução de peso das referidas peças.
A razão disso é porque a transformação digital não integra apenas a tecnologia, mas de constituir uma mudança de mentalidade, cultura, operacionalização das atividades que reverberem em entrega ao valor do cliente. Essa dinâmica converge a adaptabilidade e flexibilidade exigida pelo mundo denominado VUCA, um acrônimo que traduz a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.
Com toda essa dinâmica é nítido o nível de disrupção do modus operandi do mercado, conscientizando a necessidade do aprendizado contínuo, desenvolvimento das competências atitudinais e flexibilidade cognitiva de modo a atender e entender o mercado e as relações sociais.
A lógica dos grandes teóricos da economia é: quanto mais ofertantes no mercado maior tensão e mandatório as ações para o alcance do diferencial competitivo. Desta forma, os profissionais buscam por qualificação de qualidade e as organizações captam talentos com tais competências que o mercado exige.
*Noemia Resende é coordenadora do Núcleo de Gestão e Negócios da Faculdade Nova Roma