Censo revela baixa presença feminina em cargos de secretariado no Brasil - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Censo revela baixa presença feminina em cargos de secretariado no Brasil

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Apenas 28% das secretarias estaduais e municipais são ocupadas por mulheres; estudo aponta desafios de paridade e inclusão racial

A presença feminina em cargos de secretariado nos governos estaduais e nas capitais brasileiras permanece reduzida, de acordo com o primeiro Censo das Secretárias, realizado pelos institutos Aleias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas, com apoio da Fundação Lemann e Open Society Foundations. O estudo revelou que apenas 28% desses cargos são ocupados por mulheres, enquanto os homens dominam com 72%. Apesar de alguns avanços, apenas uma capital, Natal, e três estados — Alagoas, Pernambuco e Ceará — atingiram a paridade de gênero. Em 20 estados e 16 capitais, a participação feminina não alcançou 30%.

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O levantamento, que mapeou 698 órgãos estaduais e 536 municipais nas capitais, destaca a inclusão inédita da autodeclaração racial, revelando que 57,4% das respondentes se identificam como brancas, 37,8% como pretas ou pardas, 3% como indígenas e 2% como amarelas. Mulheres com deficiência representam apenas 1,3% das secretárias. Além disso, o Censo mostra que elas estão concentradas em áreas sociais, com 53% nos estados e 44% nas capitais, enquanto a presença em áreas estratégicas, como infraestrutura e órgãos centrais, permanece limitada.

Para Marina Barros, diretora do Instituto Alziras, esses números refletem barreiras estruturais. “Apesar de as mulheres terem conquistado espaço em algumas áreas, sua sub-representação nos cargos de primeiro escalão continua preocupante. A falta de diversidade nessas áreas impacta diretamente a qualidade das políticas públicas”, afirmou. O estudo também revelou que 43% das secretárias possuem especialização, 26% têm mestrado e 10% concluíram doutorado, destacando a qualificação elevada das mulheres em posições de liderança.

A pesquisa identificou que 40% das secretárias vieram de outra secretaria e 33% ascenderam dentro da mesma pasta, sugerindo uma progressão dentro do próprio executivo. Apesar dessa trajetória, 50% estão ocupando o cargo pela primeira vez, o que pode indicar um fenômeno recente de entrada feminina nessas posições. Luana Dratovsky, diretora executiva do Instituto Aleias, comentou: “Para chegar nos cargos de liderança, as mulheres precisam ser nomeadas. E quem nomeia é quem está no alto escalão do poder executivo, em sua grande maioria, homens”.

Na segunda etapa do Censo, prevista para novembro, o estudo abordará temas como trabalho doméstico e violência política de gênero e raça, além de trazer recomendações para a criação de leis de paridade de gênero e redes de apoio às mulheres em cargos de liderança. Para acessar o relatório completo, visite www.censosecretarias.org.

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