Cepe lança Mônica Silveira: Histórias de uma repórter de TV - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Cepe lança Mônica Silveira: Histórias de uma repórter de TV

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Há 35 anos atuando como repórter da TV Globo de Pernambuco, a jornalista Mônica Silveira assina Histórias de uma repórter de TV. Espécie de autobiografia editada pela Cepe, a obra de 352 páginas será lançada dia 03 de novembro, nas lojas da Cepe e no site www.cepe.com.br/lojacepe.

Estimulada por seus filhos - Pedro e Marina -, Mônica escreveu o livro durante as férias de julho de 2020, quando teve que abdicar de viajar por causa da covid. “Meus filhos me incentivaram: ‘vai, mãe, você gosta tanto de escrever’. Então comecei. Curti tanto que me dedicava a essa atividade das 6h30 às 20h”, conta Mônica. O que mais lhe tomou tempo, segundo ela, foi a cuidadosa pesquisa de datas e nomes citados no livro, além da busca e seleção da grande quantidade de fotografias que compõem a obra. “Quem gosta de jornalismo e da cultura pernambucana vai poder saborear bastante essa prosa”, declara o editor da Cepe, Diogo Guedes.

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Voltado para jornalistas, estudantes da área e curiosos, o livro expõe situações de bastidores de reportagens feitas pela jornalista, sobre os mais diversos assuntos. A autora recheou a narrativa com lições preciosas sobre a profissão a qual dedicou a vida, e que por isso mesmo se entrelaça com sua trajetória pessoal. “Acho que acontece na vida de todo jornalista: muitas vezes, o dia parece virar de cabeça para baixo por causa das pautas que surgem do nada”, escreve Mônica.

Sem seguir ordem cronológica, a jornalista vai narrando, a cada capítulo, como surgiram, se desenvolveram e chegaram ao fim matérias relevantes dessa jornada. “Escolhi as reportagens que mais me marcaram, um critério que é pergunta frequente nas palestras que ministro. Também contei com a ajuda de meus colegas de redação, que me clarearam fatos importantes dos quais eu não me recordava. Quis ainda mostrar a evolução da Globo de Pernambuco e da tecnologia”, revela a jornalista, que trabalha na emissora desde 1986.

“Poucos jornalistas contaram como Mônica a história dessa nossa terra — na alegria e na tristeza”, diz o jornalista Gerson Camarotti, no prefácio do livro. Em seguida, Gerson, que foi aluno de Mônica quando ela ensinava na Universidade Católica de Pernambuco, completa: “A maior das lições foi mesmo essa paixão pela profissão. Paixão que permanece até hoje e que estimula quem está ao seu lado e quem assiste suas reportagens, mesmo à distância.”, declara o hoje colunista de política do portal G1.

Uma dessas reportagens difíceis de fazer foi a cobertura da morte do ex-governador Eduardo Campos, em 2014. “Cheguei em casa aos pedaços. Foi impossível conciliar o sono. Aquele pesadelo dominava minha mente”, recorda a repórter. Outro momento triste ocorreu em 1988. “Durante um treinamento em um campo de instrução do Exército, na Região Metropolitana do Recife, a explosão em um depósito de armamento e munição feriu gravemente seis soldados. O que parecia camiseta molhada era a pele queimada soltando do corpo. Fui cobrir o enterro, no Cemitério de Santo Amaro, no Recife. Havia honras militares. Um colega dele estava encarregado do toque de silêncio antes de o caixão descer no túmulo. Ele começou a soprar. Não conseguiu. De repente, jogou, com toda a força, a corneta no chão. Desatei a chorar. Aquela imagem está pregada na minha memória para sempre”, lembra.

Para lidar com situações como essas, Mônica aprendeu a dose certa de não envolvimento e sensibilidade. “Não sei em que momento da vida de repórter tratei de desenvolver em mim um mecanismo de ‘não choro’. Mais ainda: ‘não envolvimento completo’. Entendi que, em situações muito tristes, se eu me envolvesse como minha mente mandava, não faria o que estava ali para fazer. Mas também não poderia ser insensível”, ensina.

Mas o jornalismo também se faz com pautas leves. “Em 1996, fiz uma reportagem sobre como escolher e conservar ovos. Nem imaginava que eles escondiam tantos segredos”. Os editores do Jornal Nacional gostaram tanto que pediram a Mônica mais vídeos com aquela linguagem. “Fui convidada a bater um papo com a equipe do principal jornal da TV brasileira. Mooooorta de nervosa”, relata Mônica.

Seu gosto por pautas culturais, principalmente sobre cinema, a levou a Cruzeiro do Nordeste, no sertão pernambucano, em 1998, para registrar o lançamento do filme Central do Brasil. “A equipe do diretor Walter Salles transformou um lugarejo mínimo e sem qualquer charme - à luz de olhos distraídos - no cenário de uma parte enorme do filme que quase trouxe um Oscar para o Brasil”, recorda a jornalista.

Pelo fato de ter a imagem projetada na TV diariamente, Mônica é reconhecida pelo público que a encontra em alguma pauta, nas ruas, pede autógrafo e selfies. No livro ela conta como lida com isso no dia a dia. “São eles (os telespectadores) que justificam cada dia da nossa vida profissional. Mas, também, são pessoas que tendem a glamourizar vidas sem glamour”, escreve Mônica, que confessa não curtir a exibição. “Escolhi ser jornalista, e não ser conhecida ou famosa. Claro que gosto de ser reconhecida. Mas ainda não cheguei ao nível de maturidade necessário para ficar 100% confortável com isso”, reconhece a jornalista, que conta já ter virado meme, em 2007, quando apresentava o ne1 e uma haste fina de metal caiu na sua cabeça. “Durante anos, se digitasse meu nome num buscador tipo o Google, a primeira coisa que aparecia era o vídeo daquele episódio. Eu ficava muito chateada com isso. Parecia que nada mais que eu houvesse realizado na vida teria mais relevância que aquilo”, desabafa a jornalista.

Mas a internet, e principalmente as redes sociais, se tornaram grandes amigas do jornalismo. “Há um aliado fortíssimo do jornalismo, nesse tempo: o vídeo colaborativo. O flagrante da barragem sangrando a 100 quilômetros do Recife, do acidente gravíssimo na estrada, do galpão em chamas, tudo chega em instantes à redação através de mensagens de WhatsApp. Cada telespectador terminou se tornando um repórter. Mas lutamos contra as fake news, que chegam misturadas às notícias de verdade. Nem sempre é fácil separar o fato do fake. Sigamos firmes.”, reflete Mônica. Uma prova de que o jornalismo tem sim credibilidade diante do público é justamente a pandemia. “As pessoas procuraram os veículos de comunicação sérios para informações seguras sobre a covid”.

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