A decisão do Exército de instalar na região de Aldeia (Camaragibe) a nova Escola de Graduação e Formação de Sargentos de Carreira e a contribuição que o complexo militar pode gerar para destravar o Arco Metropolitano – eixo logístico estratégico que vai integrar a Zona da Mata Norte ao Complexo de Suape – animam a cadeia da construção civil e mercado imobiliário em Pernambuco.
A expectativa é de que esses dois empreendimentos tenham impacto sobre a região que é tradicionalmente procurada pelo consumidor das classes A e B que deseja moradia fora dos grandes centros urbanos e com a qualidade de vida de uma casa de campo. “A busca de moradia com mais espaço e conexão com a sustentabilidade aumentou no cenário da pandemia, principalmente no caso de quem trabalha remotamente ou num modelo híbrido. E Aldeia, numa área de Mata Atlântica preservada, oferece uma alternativa interessante para quem procura essas condições sem precisar se mudar para uma cidade do interior”, avalia o CEO da proptech Marta Inteligência Imobiliária, Sand Coutinho. “Com a melhoria da mobilidade, serviços e principalmente segurança, a região tende a atrair muito mais interesse do consumidor com esse perfil”, ressalta.
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“Os produtos imobiliários na região são diferenciados, bem nichados, basicamente condomínios horizontais, com excelente estrutura e onde se pode morar com disponibilidade grande de terreno, conforto, privacidade, tranquilidade e cercado por muito verde. A procura e oferta por esse produto tende a crescer a partir de empreendimentos que vão incrementar a região sem descaracterizá-la, aspectos fundamentais do Arco e da Escola de Sargentos”, analisa o CEO do portal Expoimóvel Thiago Donato.
O presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Elísio Cruz Júnior, afirma que “os moradores serão beneficiados com esses projetos” e acredita numa valorização de 30% a 40% dos imóveis na região, nos próximos cinco anos. “O metro quadrado ainda é relativamente barato em Aldeia. Com a implantação da escola e do Arco, o viés é de alta”, destaca.
Lançamentos
Na expectativa de aquecimento do mercado, algumas empresas estão apostando em lançamentos em Aldeia e otimistas com a velocidade de vendas. É o caso da FC Andrade Empreendimentos Imobiliários, que iniciou as vendas do Lago de Aldeia Residence, com 380 lotes a partir de 500 m² e 600 mil m² totais, dos quais 300 mil de Mata Atlântica preservada. “A previsão é de que as 100 primeiras unidades sejam comercializadas em apenas 45 dias”, estima o proprietário da incorporadora, Francisco Andrade. A Marta é responsável pela estratégia e gestão dos corretores, com o uso de recursos de inteligência de mercado (BI) e artificial (IA).
Percepção de segurança
Sand Coutinho destaca que a Escola de Sargentos – que terá um centro de formação com 2,4 mil alunos e uma vila militar com 576 apartamentos – vai trazer dois impactos principais para a região: atração de serviços (uma das principais lacunas de Aldeia) e prevenção da violência. “Há um movimento, ainda em ritmo lento, de instalação de galerias, minishoppings, bares, restaurantes e outros estabelecimentos, que tende a acelerar. Além disso, em áreas próximas a instalações militares a percepção de segurança é um fator importante”, acrescenta.
Quanto ao Trecho Sul do Arco Metropolitano, Elísio Cruz Júnior frisa que a obra vai contribuir para desafogar o trânsito na região, que sofre com engarrafamentos crônicos em horários de pico. “A mobilidade é um dos principais desafios de Aldeia e o Arco, embora tenha sido concebido como uma ligação com Suape, será importante, junto com outras intervenções, para a solução desse gargalo”, defende. Esse é o lote da obra que passa na localidade e depende do lançamento de nova edital pelo Governo do Estado após o cancelamento recente do processo licitatório anterior.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Avelar Loureiro Filho, considera o Arco, na prática, a criação de um novo eixo de desenvolvimento. “O Arco é fundamental para viabilizar a quarta perimetral do Grande Recife, criando um corredor da Mata Norte até Suape e que vai expandir a atividade industrial para Vitória, Igarassu e Itapissuma, descomprimindo assim o emprego na Região Metropolitana da capital”, ressalta.