Choro e frevo em ritmo de aventura - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Choro e frevo em ritmo de aventura

Revista algomais

*Por Paulo Caldas

O renomado crítico musical José Teles, neste “Choro e frevo duas viagens épicas”, revela sua habitual intimidade no transitar pelo universo da MPB.

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No balanço das ondas. O périplo musical começa em tom de aventura no nascedouro dos anos de 1950, quando uma caravana com 300 integrantes a bordo do ita Santarém leva o frevo da orquestra do Clube Carnavalesco Mixto Vassourinhas a cumprir uma odisseia para chegar ao Rio de Janeiro via Salvador.

A capital baiana se deixa seduzir pela a apresentação dos pernambucanos e a história conta que o evento inspirou a criação do trio elétrico, cuja paternidade coube aos músicos Dodô e Osmar. Na então Capital da República, a presença dos clarins de Momo encanta o Carnaval dos cariocas. Êxito já anunciado com antecedência em largos espaços na imprensa, a ida de Vassourinhas foi o ápice da expectativa dentre os foliões. O acontecimento não foi apenas a exibição de um clube de frevo, “mas o início de uma invasão, em que no final o frevo predominaria sobre o samba e a marchinha”.

Na hora do choro o autor abraça o ritmo e narra outra aventura, agora aos solavancos, embora sem atropelos, no chão de buracos e poeira no lombo de um jipe modelo 1951, consumada em outubro de 1959, rumo aos bambas do Rio de Janeiro.

O grupo de músicos intérpretes do chorinho em Pernambuco, formado por João Dias e Zé do Carmo acompanhado pelas esposas, a violonista Ceça Dias, dona Melita, autora de detalhado “diário de bordo”, além de Rossini Ferreira e Francisco Soares, o canhoto da Paraíba.

Quatro dias depois, chegam ao destino para o esperado abraço em Jacob do Bandolim, no distante bucólico Jacarepaguá para exibições em vários saraus com aplaudidos músicos da época.

Tem mais samba. O livro traz uma pesquisa ampla e minuciosa que, de início, flerta com o samba, sinônimo de ritmo, lugar, dança; legado dos filhos d’ África, que mais tarde se tornou parte da cultura nacional.

O conteúdo ainda destaca figuras musicais pernambucanas, em especial do frevo e do choro: Rossini, Capiba, Levino, apenas para citar um trio dentre as centenas do conhecimento de José Teles e mais um retrospecto nostálgico sobre clubes terrestres do tríduo momesco nascidos neste soberbo estendal.

Organizado por Amaro Filho, com produção executiva de Claudia Lisboa, design e ilustrações de Eduardo Mafra e Vladimir Barros, o livro pode ser adquirido pelo @amarofilho4 ou fone 81-988719261.

*Por Paulo Caldas é Escritor

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