Viver numa grande cidade e ter todos os serviços perto de casa é um sonho de muitos moradores das metrópoles brasileiras. De acordo com pesquisa do SPC Brasil, 85% dos brasileiros consideram que ter comércio, educação e atendimentos de saúde nas proximidades da moradia estimula inclusive na decisão de fazer os percursos a pé. Um ideal de urbanismo cada vez mais procurado, que valoriza a qualidade de vida e foi sugerido ainda em meados do século passado pela jornalista e ativista social norte-americana Jane Jacobs. “A mistura intrincada de diversos usos (urbanos) nas cidades não é uma forma de caos, pelo contrário, eles representam uma forma de ordem complexa e altamente desenvolvida”, constatou a estudiosa.
A neuropsicóloga Teuman Fonseca Maia é um exemplo de como integrar trabalho, serviços e lazer num mesmo local contribui para a qualidade de vida. Ela montou seu consultório no Empresarial ETC, nos Aflitos, pertinho de onde vivem 80% dos pacientes. “Estar num bairro onde tudo é de fácil acesso é muito funcional e confortável. Além disso, no próprio prédio tenho a maioria dos médicos que eu preciso. Chego pela manhã e saio já à noite, sem precisar me deslocar no trânsito”, afirma Teuman, que é assídua do café instalado no piso do empresarial. “É o ponto de encontro com amigos nos intervalos do trabalho”.
Moradora do bairro há 22 anos, a aposentada Neinha Monteiro desfruta da localidade usando bem pouco o carro. Ela chegou a comprar outro apartamento na cidade, com bastante conforto, mas desistiu da mudança. “Para mim ter tudo o que preciso nas proximidades é excelente. Muita coisa da minha rotina consigo fazer a pé. Isso é qualidade de vida”.
O Parque da Jaqueira a alguns minutos a pé, o cinema e a praça de alimentação do ETC, que ficam ao lado de sua casa, são diferenciais apontados que a levaram a permanecer na residência. “Caminho todos os dias no parque e frequento o cine Rosa e Silva. É uma maravilha ter onde me divertir e ter galerias para comprar ao meu lado”, justifica dona Neinha.
O conceito de shopping de proximidade, que é alinhado a esse modelo de cidade, foi pensado desde o início pelos empreendedores do ETC. “Vimos que a região tinha o perfil para um equipamento desse formato. Já era uma área desenvolvida, com muitos residenciais e edifícios comerciais. Viemos para dar um pouco mais de conforto para as pessoas que moram ou circulam pela Zona Norte”, explicou o sócio do Shopping ETC, Celso Muniz Filho.
Mais de 60% do público que frequenta o local chega pela rampa, segundo pesquisa que foi realizada pelo empreendimento. “Nossa proposta foi sempre ser um centro de conveniência, com um mix bem diversificado de serviços, onde as pessoas sairiam a pé de casa para serem atendidas. É um mall principalmente para quem mora nessa cidade caminhante, que está até 15 minutos a pé”, conceitua Serapião Ferreira, também sócio do ETC. Na diversificação desses serviços estão desde salão de beleza e agência bancária até escritórios de advocacia e consultórios médicos de diversas especialidades.
Uma pesquisa sobre o perfil dos frequentadores desses centros de compras, realizada pela Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) apontou que 60% das pessoas indicaram que a proximidade do empreendimento é uma razão para o frequentarem. Serapião estima que só de estudantes matriculados em unidades de ensino do entorno são cerca de 25 mil pessoas.
Um público diferente que frequenta o local é o que vai ao cinema. Como o complexo tem na sua programação sessões de filmes de arte, a sala de exibição acaba atraindo pessoas até da Zona Sul da cidade. Um perfil de cinéfilos que se assemelha ao do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.
Apesar de surgir nos anos de 1960, o conceito de bairros com infraestrutura para resolver a maioria das demandas diárias dos seus moradores é uma tendência que ganhou força nos últimos anos. Além de facilitar a mobilidade, contribuir para reduzir a poluição provocada por veículos, também ajuda na segurança. Afinal, quanto mais pessoas nas ruas mais seguras são as cidades.
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