Leonie Asfora Sarubbo, do IATI e Unicap, é reconhecida pela revista britânica Personal Care Insights por avanços na aplicação de biossurfactantes na indústria de beleza
A pesquisadora Leonie Asfora Sarubbo, diretora acadêmica do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), foi destaque na edição mais recente da revista britânica Personal Care Insights, uma das publicações mais influentes do setor cosmético global. A matéria analisou os avanços e desafios no uso de biossurfactantes — agentes tensoativos de origem biotecnológica — como alternativa sustentável aos produtos petroquímicos.
Biossurfactantes e o futuro da beleza verde
Apresentada como uma das principais especialistas globais no tema, Sarubbo explicou que os biossurfactantes, produzidos por microrganismos em processos fermentativos, representam uma solução biodegradável e de baixa toxicidade para formulações de cosméticos, como sabonetes, xampus e cremes. Esses compostos vêm ganhando relevância à medida que a indústria busca reduzir seu impacto ambiental e atender à demanda crescente por ingredientes sustentáveis.
Apesar do potencial, a cientista destacou que a adoção em larga escala ainda enfrenta entraves técnicos e econômicos. “O custo de produção ainda é alto, os rendimentos são baixos e é preciso assegurar a estabilidade das moléculas nas diferentes formulações cosméticas”, afirmou na entrevista à revista inglesa.
Desafios e o papel das políticas públicas
“A indústria cosmética tem um impacto ambiental significativo, ao longo de todo o processo de produção e consumo”, afirmou Sarubbo. “Muitas fórmulas ainda dependem de recursos não renováveis, como derivados do petróleo, e geram resíduos que chegam ao meio ambiente.”
A pesquisadora também defendeu o fortalecimento de políticas públicas e marcos regulatórios que incentivem a produção sustentável. “Os biossurfactantes podem reduzir impactos ambientais e agregar valor à cadeia produtiva, mas é essencial que as empresas e governos compreendam o papel estratégico dessa tecnologia”, completou. A Personal Care Insights destacou o papel da pesquisa científica brasileira no avanço global da cosmética verde, reconhecendo o protagonismo do IATI nesse campo.
Reconhecimento e trajetória de inovação
O destaque internacional reforça a trajetória de Sarubbo e do IATI na fronteira da biotecnologia. Em 2019, o instituto ganhou visibilidade com o desenvolvimento do Biogel, composto biotecnológico à base de microrganismos capaz de absorver e remover petróleo de superfícies contaminadas — tecnologia aplicada na limpeza das praias nordestinas atingidas por manchas de óleo. “Essa visibilidade demonstra que o país tem condições de competir na fronteira tecnológica, gerando inovação de alto impacto com responsabilidade ambiental”, destacou a pesquisadora.
Sobre o Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação
Fundado em 2013 e sediado no Recife, o IATI é uma instituição privada sem fins lucrativos dedicada à pesquisa aplicada, inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável. O instituto atua como polo de convergência entre ciência e indústria, com projetos em biotecnologia, energias renováveis, química verde, hidrogênio verde, biocombustíveis e economia circular. Reconhecido pela excelência técnica e impacto socioambiental, o IATI integra redes de pesquisa nacionais e internacionais e mantém parcerias com universidades, empresas e órgãos públicos.

