Escultura fica na Rua do Príncipe, nas imediações da Universidade Católica, celebrando o protagonismo feminino na literatura feita no Recife. Janice é a terceira mulher a compor o Circuito
(Da Prefeitura do Recife)
Celebrando as vozes femininas que contam a história da literatura feita na capital pernambucana, a Prefeitura do Recife encerra a semana das mulheres entregando à cidade uma nova escultura para compor o Circuito da Poesia. A 19ª estátua do circuito, inaugurada há pouco, rende homenagem à poetisa, artista plástica e compositora Janice Japiassu, para quem Ariano Suassuna cunhou o rótulo definitivo de “Musa Sertaneja do Movimento Armorial”. O prefeito do Recife João Campos fez a inauguração da obra no último sábado (12), dia do aniversário do Recife.
“No dia em que o Recife completa 485 anos, e na semana da mulher, a gente faz uma importante instalação – a estátua de Janice Japiassu, aqui na frente da Universidade Católica de Pernambuco. A gente agradece à Universidade por essa parceria, por essa sensibilidade. A gente vê mais uma estátua a ser instalada no Recife, de maneira descentralizada, e trazendo a participação feminina cada vez mais presente na nossa cidade. A gente precisa aumentar essa participação, são 19 estátuas, sendo três mulheres e a gente tem o compromisso de aumentar esse número que é tão importante. Então, viva o Recife, viva Janice e viva a Universidade Católica”, comentou João Campos. Janice é a terceira mulher homenageada pelo Circuito, que, a partir de agora, será pautado também pela paridade de gênero.
“Com essa instalação aqui, a gente está fugindo um pouco da lógica de colocar no Recife Antigo ou perto da moradia do homenageado. A gente pensou numa área como a Boa Vista, perto da Universidade, perto da estátua de Clarice, do Teatro do Parque, um complexo educacional e cultural. Vamos mobilizar e levar para as pessoas esse contato, esse encontro com a cultura”, esclareceu o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello.
Assinada pelo artista Demétrio Albuquerque, a escultura foi erguida pela Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) na Rua do Príncipe, nas imediações da Universidade Católica de Pernambuco, parceira e grande entusiasta desta nova etapa do Circuito, devendo entrar rápida e definitivamente no circuito de programações literárias e pedagógicas daquele efervescente entorno acadêmico e da cidade inteira.
“Esse espaço é sonhado há muito tempo. A ideia é que o Recife possa aproveitar esse espaço, um novo espaço de cidadania. O que a gente não esperava era receber esse presente justamente no dia do aniversário da cidade”, disse o Reitor da Universidade, Padre Pedro Rubens. O momento foi coroado com uma declamação de poesias feita por Heidée Camelo e Antônio Marinho.
O Circuito era composto até agora por 18 monumentos, em celebração a grandes nomes da literatura e da música recifense: Manuel Bandeira (Rua da Aurora); João Cabral de Melo Neto (Rua da Aurora); Capiba (Rua do Sol); Carlos Pena Filho (Praça do Diário); Clarice Lispector (Praça Maciel Pinheiro); Antônio Maria (Rua do Bom Jesus); Ascenso Ferreira (Cais da Alfândega); Chico Science (Rua da Moeda); Solano Trindade (Pátio de São Pedro); Luiz Gonzaga (Praça Mauá); Mário Mota (Pátio do Sebo); Joaquim Cardozo (Ponte Maurício de Nassau); Ariano Suassusa (Rua da Aurora); Alberto da Cunha Melo (Parque 13 de Maio); Celina de Holanda (Avenida Beira Rio); Liêdo Maranhão (Praça Dom Vital); Naná Vasconcelos (Marco Zero); e Reginaldo Rossi (Pátio de Santa Cruz).
Sobre Janice Japiassu – Janice Japiassu Nasceu em Monteiro, na Paraíba, em 1939. Sua militância literária, no entanto, só viria a vingar no Recife, a partir de 1960, quando chegou para estudar filosofia na UFPE. Foi lá que ela conheceu Ariano Suassuna, na época professor da disciplina de estética, que serviu como um dos principais mentores e conspiradores de sua trajetória artística. Janice, a quem Ariano se referia como Musa Sertaneja do Movimento Armorial, conjugou os predicados de poeta, artista plástica e compositora.
Integrante da Geração 65, grupo de poetas escritores com grande influência no campo literário local e nacional, teve 12 livros publicados. Com predileção pela métrica nordestina tradicional, do cordel ao soneto, destacou-se pela utilização criativa e flexível do ritmo, da rima e das paisagens recifenses, que, assumidamente, serviram-lhe de inspiração e cenário infalíveis.
(Fotografias – Rodolfo Loepert/ PCR Imagem)