O historiador e escritor Clênio Sierra de Alcântara lança na próxima quarta-feira (02/10), seu novo livro, “Só não ousem me domesticar, porque eu vou continuar sendo selvagem”, no Café Liberal 1817, na Avenida Marquês de Olinda, 174, no Bairro do Recife, a partir das 18h30. Depois de se estabelecer como autor de contos e discorrer sobre a construção da identidade urbana da cidade e seus moradores, Sierra adentra o território da poesia, com foco na sua inquietude e questionamentos mais íntimos acerca das liberdades individuais e dos labirintos emocionais apresentados pela vida.
“Aqui eu encaro a escrita como um exercício de sobrevivência, nessa busca de tentar entender a mim mesmo na vastidão do mundo, e de deixar rastros de minha passagem pelo caminho”, explica Clênio. “Creio que todo escritor já se perguntou por que e para quem ele escreve. A pergunta por si só já uma contribuição tremenda para quem lê, carregando consigo uma carga subjetiva que acende diversas centelhas que nos movem.”
Para o autor, mergulhar no universo da poesia é com desnudar-se no sentido mais amplo e profundo que alguém poderia experimentar. “Nessa era onde a exposição de nossa imagem tornou-se algo corriqueiro, eu pergunto: será que a nossa pele, tão exaustivamente alvo de desejos e moralismos, é realmente o último patamar do que nos é íntimo? Por que para mim, este livro me cobrou uma alta dose de ousadia e de coragem. E eu estou muito orgulhoso e satisfeito por isso. Me refiro ao repertório de assuntos, ao tom confidencial, ao desnudamento e à rebelião.”
Além da coragem para mostrar-se nos versos, Clênio também precisou de uma boa dose de ousadia, ao utilizar de recursos próprios na publicação de sua nova obra. “Considerando o atual cenário da nossa realidade, em que livrarias estão fechando as portas neste país, acredito que não estou andando na contramão dos acontecimentos; estou, na verdade, mantendo a minha crença na perenidade dos livros. É um compromisso existencial.”
Em tempos tão sombrios e de ameaças tão claras ao livre pensamento, à educação, às artes e à própria liberdade de existir sendo quem se é, “Só não ousem tentar me domesticar, porque eu vou continuar sendo selvagem” é também um anúncio e um posicionamento contra este estado de coisas. É um livro de afirmação, e não de tergiversação. “Eu espero que a minha ode e o meu grito de liberdade ecoem, cheguem aos ouvidos de algumas pessoas e encoraje-as a querer romper os grilhões que outrem e/ou elas mesmas fincaram em suas vidas. Sei que a minha ambição não é pequena; como eu sei, também, que a maior das ambições é querer continuar vivendo, porque a vida – como eu já disse tantas vezes – não dá garantia de nada.
Natural de Abreu e Lima, onde nasceu em janeiro de 1974, Clênio Sierra de Alcântara é graduado em História pela UFPE. É autor de "A Cidade e a História", que resgata a relação entre o indivíduo e o desenvolvimento urbano, com sua memória cultural e histórica, e "Maldita a hora em que estiveste aqui", uma coletânea de contos, ambos em 2014. Sierra também organizou dois livros de Edson Nery da Fonseca: O grande sedutor (2011) e Tentativas de interpretação (2014).
SERVIÇO
Lançamento de “Só não ousem me domesticar, porque eu vou continuar sendo selvagem”,
de Clênio Sierra de Alcântara
Local:
Café Liberal 1817 - Avenida Marquês de Olinda, 174, no Bairro do Recife
Data e horário: 2 de outubro, à partir das 18h30
Mais informações: (81) 98724.0642
Entrada gratuita