Os sinais de recuperação da economia brasileira em 2019 têm repercutido na atividade industrial de Pernambuco. Prova disso é que, segundo a última sondagem industrial realizada pela Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE), a recuperação do setor se intensificou no fim deste ano, mostrando que há uma aceleração desse processo. A expectativa do segmento, contudo, é que o Congresso dê andamento às reformas fiscal e tributária em 2020 para que a economia volte a reagir e a atrair investimentos.
“Defendemos, principalmente, a necessidade de uma reforma tributária para estimular a produtividade e a competitividade das empresas. O atual sistema tributário brasileiro tem, por exemplo, vinte e sete diferentes legislações para o ICMS estadual e isso impacta consideravelmente a nossa capacidade de sobrevivência e a expansão dos negócios”, destacou o presidente do Sistema FIEPE, Ricardo Essinger.
Segundo Essinger, a desburocratização é uma das defesas do segmento porque envolve o empresariado, que, na ponta, é o que dosa o apetite dos investimentos. Apesar de a recuperação econômica patinar, o levantamento mais recente da Federação indica uma boa expectativa dos empresários industriais do Estado para os próximos seis meses, com o aumento da produtividade, da compra de insumos, do aumento das exportações e das intenções de investimentos.
Para se ter ideia, o resultado geral do índice chegou aos 63,3 pontos em outubro (último mês disponível da pesquisa), ressaltando que o atual quadro é positivo e propício ao crescimento, já que, em números reais, o setor local apresentou um aumento da capacidade instalada, pulando de 67 pontos para 71 pontos do começo do ano para cá, e da produtividade. Valores acima de 50 indicam aumento na produção, por isso as boas perspectivas.
Isso ganha reforço quando analisamos, individualmente, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI). No mês de novembro, o ICEI encerrou com 60,6 pontos, puxando para cima a sondagem industrial que vimos acima. Embora o resultado seja positivo para o encerramento do ano, o índice flutuou bastante durante o ano de 2019, começando em janeiro com 63,4 pontos, com sucessivas quedas de fevereiro a maio, quando atingiu 53,8 pontos, em função da morosidade na aprovação das pautas como a da Previdência e a da reforma tributária. Assim como na Sondagem, o ICEI também considera os valores acima de 50 pontos.
Mesmo com a temperatura propensa à retomada de investimentos e à criação de empregos, na prática, a Produção Industrial de Pernambuco ainda não reverteu o quadro negativo. Divulgados esta semana, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a produção local registrou queda de 2,6% no acumulado do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
O desempenho é abaixo da média da indústria nacional (0,1%), porém melhor que o do Nordeste (-3,8%). Entre as atividades que puxaram o índice local para baixo estão equipamentos de transporte exceto veículos (-57,7%), o setor têxtil (-23,4%) e o de alimentos (-7,3%), cujo peso na produção industrial chega a ser de 30%.
Embora esse resultado impacte a geração de emprego no setor industrial, o número de desempregados do setor tem caído no acumulado de janeiro a outubro, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, saindo de 4 mil para 2,4 mil desempregados. A explicação está na chegada das festas de fim de ano, quando as indústrias produzem mais para repor os estoques e atender ao mercado consumidor.
Produto Interno Bruto (PIB)
A expectativa é que Pernambuco encerre o ano com o Produto Interno Bruto (PIB) positivo, acompanhando os cenários anteriores. No acumulado do ano, o segundo trimestre de 2019 alcançou a marca de 1,7%. O resultado foi influenciado pelo desempenho da indústria, que, de janeiro a outubro, cresceu 4,2%, seguido do setor de serviços (0,7%) e da agropecuária (10%). O resultado final do ano, no entanto, deve ser divulgado pelo IBGE no começo de 2020.