Com tom feminista, a Cobogó das Artes leva Lisbela e o Prisioneiro para o palco – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Com tom feminista, a Cobogó das Artes leva Lisbela e o Prisioneiro para o palco

Por Ernandes Tavares

Nos dias 11 e 12 de maio, às 19h, a Cobogó das Artes vai levar as personagens de Osman Lins para o teatro Apolo. Lisbela e o Prisioneiro − texto que chegou ao grande público por meio da televisão (1993) e do cinema (2003), respectivamente sob a direção do também pernambucano Guel Arraes − foi publicado em 1964. Nascido em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Osman Lins é autor de contos, romances, narrativas, ensaios e peças de teatro. O romance Avalovara (1973) é considerado sua obra-prima.

Sessenta anos depois da publicação de Lisbela e 40 depois da morte de Osman Lins, o cineasta Adriano Portela (diretor do longa-metragem Recife Assombrado – em finalização) decide adaptar Lisbela e o Prisioneiro para a contemporaneidade, levantando questões como o feminismo e o preconceito, temáticas pouco exploradas na época da publicação da peça. “Para se ter uma ideia, as mulheres são quem mandam em cena. Quase todas as personagens são mulheres, por exemplo, em vez do delegado é uma delegada, no lugar de um carcereiro temos “uma carcereira” e tem até mulher desempenhando papel de homem. Independente da personagem, elas dominam o palco”, pontua Portela. Nesse clima de mostrar a força feminina, uma personagem presta homenagem a uma figura de força em Pernambuco, a delegada Gleide Ângelo. “Estamos tratando tudo com muito respeito e humor e ao mesmo tempo aproveitando para valorizar uma pessoa que tanto vem lutando pelos direitos das mulheres”, afirma Rafaela Quintino, a diretora do espetáculo.

A Cobogó das Artes é um projeto social de Portela. À frente da Portela Produções e em finalização com o seu primeiro longa-metragem, ele resolveu ocupar a casa que foi dos seus avós e transformá-la num ponto de cultura na periferia. A Cobogó ofecere oficinas gratuitas das mais diversas modalidades artísticas e os cursos mais duradouros funcionam com preço abaixo do mercado. “Para o curso de teatro, por exemplo, cobramos uma mensalidade simbólica, porque além da manutenção do espaço a verba é toda investida na produção do espetáculo, desde a pauta do teatro a figurino, plano de luz, entre outras despesas; é uma forma de incluir a comunidade no meio artístico”, acrescenta Portela.

Lisbela e o Prisioneiro vem marcar a estreia da Cobogó nos palcos recifenses. “Espero que este seja o primeiro trabalho de muitos que a Cobogó possa realizar, implantando o universo cultural no bairro em que está instalada e levando suas produções para o grande público”, diz Elle Moon, atriz que dá vida a Lisbela. Elle também trabalhou com Portela no Recife Assombrado, onde aparece fazendo uma menção a garota do algodão.

Serviço:
Dias 11 e 12 de maio
Teatro Apolo
19h
Ingressos: R$ 30 e R$ 15

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