Com o descontrole da pandemia no País e o ritmo ainda lento de vacinação, a projeção do crescimento do PIB em 2021 caiu levemente, de 3,18% para 3,17%, de acordo com o Banco Central. O indicador parece sutil, mas se trata da quinta semana seguida em que o mercado reduz sua perspectiva de retomada do País, após a forte queda em 2020.
Algumas consultorias já falam em um crescimento do PIB 2021 apenas de 2,3% em 2021 e de alguns trimestres em recessão, devido ao agravamento da pandemia. É importante lembrar que os percentuais de crescimento vem após uma base muito baixa de 2020, quando a taxa do PIB foi negativa em 4,1%, em relação ao ano de 2019.
Para 2022 as expectativas do Banco Central são ainda menores que as de 2021. Os analistas estimaram um PIB de 2,33%. Nos anos seguintes, 2023 e 2024, a projeção é de 2,5%.
Vacinação acelerada soluciona problemas na saúde e economia
Diante do agravamento da pandemia no Brasil, com a falta de leitos de UTI em vários estados e a vacinação andando a passos curtos, a saúde passa por um momento crítico. Por conta disso, diversas medidas restritivas estão sendo adotadas por estados e munícipios para conter a transmissão descontrolada do novo coronavírus. Mas tais medidas, enquanto ajudam a salvar vidas, desafogando a demanda por leitos nos hospitais, trazem um impacto à economia porque as pessoas ficam em casa e consomem menos. Frente a esse dilema entre saúde e economia enfrentado pelos governos, Paulo Alencar, economista e professor do Centro Universitário UniFBV, entende a vacinação acelerada da população contra a covid-19 como solução para os dois problemas. “Se você vacina mais rápido, as pessoas vão se sentir mais confortáveis para voltar a trabalhar; vão se sentir mais seguras para ir para o shopping, e aí vão começar a consumir”, explica o economista. No entanto, projeções apontam que se a vacinação continuar nesse ritmo, a maior parte dos brasileiros só estará imune por volta de dois anos.
O professor de economia também chama a atenção para as consequências dessa lentidão, já que com pouca segurança quanto à própria saúde as pessoas consomem menos. Com o baixo consumo as indústrias e setor de serviços também produzem e vendem menos, reduzindo o quadro de funcionários. A solução para essa questão acaba sendo a união de esforços para acelerar a imunização dos brasileiros: “vacinando, as pessoas vão se sentir mais seguras, vão voltar a abrir os estabelecimentos, vão voltar a consumir, e o governo também vai se sentir mais seguro porque o número de pessoas em leitos de UTI pelo coronavírus também vai diminuir”, projeta o economista.
O auxílio emergencial em 2020 também contribuiu para dar ânimo à economia e aumentar a demanda por serviços e produtos. Neste ano, o auxílio, que já foi de 600 reais, será de 250 reais. O economista Paulo Alencar atribui a queda no valor às baixas reservas financeiras do governo brasileiro, e reforça que a população deve continuar com os cuidados e ficar em casa para evitar o prolongamento da pandemia. “Se a gente precisar de um terceiro auxílio, vai ser muito menos. A solução está na vacina, sem dúvidas”, explica.