Como fugir de pirâmides financeiras? (por João Echiburu) - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Como fugir de pirâmides financeiras? (por João Echiburu)

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Neste artigo vou compartilhar algumas dicas importantes para evitar cair em pirâmides financeiras. É fundamental entender como esses esquemas funcionam e estar atento para não cair em promessas falsas de altos rendimentos.

Em geral, as pirâmides prometem aos investidores altos rendimentos (muito acima do mercado), distribuição periódica dos lucros com pouca (ou nenhuma) variação e sem que seja necessário assumir riscos elevados. No entanto, essas promessas costumam ser falsas e os “lucros” são nada mais nada menos do que a entrada de novos investidores no esquema.

Junto com as promessas vem o personagem. O filme costuma se repetir na figura das pessoas que estão à frente das pirâmides: são pessoas que esbanjam riqueza através de carros esportivos, relógios caros, lanchas e viagens. Tudo sempre muito divulgado em redes sociais. O propósito é criar uma imagem de sucesso e conquistar mais investidores que estão buscando exatamente aquela vida.

No início tudo parece funcionar conforme o prometido: investimento feito e altos retornos sendo pagos em conta mensalmente, por exemplo. E é exatamente nessa fase que os investidores se encorajam para colocar mais dinheiro e fazer o trabalho de divulgação gratuito. Algumas duram mais, outras menos, mas posso afirmar que o destino de toda pirâmide financeira é quebrar. É importante frisar: não estamos falando de projetos ou negócios que simplesmente não deram certo. O ponto aqui é alertar para empreitadas fraudulentas que já nasceram para dar errado.

Mesmo com diversos casos similares ao longo de décadas, chama a atenção a quantidade de casos divulgados recentemente pela mídia de pirâmides com volumes relevantes chegando a centenas de milhões de reais, como foram os casos envolvendo jogadores de futebol com uma pirâmide no Acre e outra com maior presença em Campina Grande, mas que já atuava em boa parte do Brasil.

Também há algo nesses casos recentes que me chamam a atenção: as atuais pirâmides não tentam sequer forjar um lastro econômico factível para explicar aos investidores. Há algumas décadas ocorreram fraudes similares com grupos “empresariais” prometendo altos rendimentos oriundos de atividade pecuária e, nesses casos, havia toda uma construção de um contexto econômico para justificar os lucros. No fim das contas também era fraude, mas o que vejo atualmente, na maior parte dos casos, são golpes cujo lastro são operações com criptomoedas. Essas operações, na verdade, jamais chegam a ocorrer. Servem apenas como pano de fundo para um enredo misterioso e distante do grande público, mas mesmo que alguém se proponha a fazer operações dessa natureza, jamais terá como garantir qualquer tipo de lucro e muito menos com frequência mensal de pagamentos em conta.

Que fique claro: não estou fazendo uma crítica aqui a qualquer criptomoeda, mas sim ao artificio utilizado pelos fraudadores.

Para evitar cair em golpes como esses, é importante seguir algumas dicas básicas: Pesquise sobre a empresa ou o investimento antes de colocar dinheiro neles. Verifique se a empresa está registrada nos órgãos reguladores, se há reclamações de outros investidores e se os rendimentos prometidos são condizentes com a realidade do mercado.

Desconfie de promessas de altos rendimentos. Se for em pouco tempo pior ainda. Não se deixe levar por pressão de vendedores ou pessoas que tentam convencê-lo a investir o mais rápido possível. Tome decisões de investimento com calma e de forma consciente. Fique atento a promessas que utilizem operações com criptomoedas como lastro. Por ser um mercado muito volátil (altos e baixos), sempre haverá alguma criptomoeda em alta que o golpista utilizará como exemplo de operação realizada.

Lembre-se de que, ao investir, é importante assumir riscos calculados e escolher opções de investimento que sejam adequadas ao seu perfil e aos seus objetivos financeiros. Evite se deixar levar por promessas mirabolantes e fique atento às fraudes financeiras que podem prejudicar seriamente suas finanças e sua saúde.

João Echiburu, economista e sócio da Dapes Investimentos

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