*Por Luisa Albuquerque
As eleições municipais de Recife, nesse ano de 2020, ocorrerão no próximo dia 15 de novembro e, nesse período pré-eleitoral, diversos cidadãos começam a refletir sobre o que eles desejam para as próximas gestões da sua cidade.
É possível, em uma análise inicial, inferir que um desejo em comum de toda a população da metrópole pernambucana é a implementação de políticas que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos recifenses. Isso é melhor elucidado ao se perceber que problemas como a falta de mobilidade urbana, a precariedade da saúde pública e a degradação do meio ambiente não são temas contemporâneos, isto é, são problemas arcaicos que reverberam até os dias atuais. Entretanto, as pessoas não podem perder a esperança de equacioná-los.
Em uma visão secundária, é cabível mencionar que também se espera para o Recife a resolução de problemas como a mendicância, que assola a metrópole há muito tempo. Podemos citar como exemplo dessa questão preocupante as palafitas próximas à Via Mangue, localizada na Zona Sul de Recife. Esse fato não é algo recente na história da cidade, uma vez que João Cabral de Melo Neto, poeta recifense, escreveu, em 1955, o livro “Morte e Vida Severina”, obra que retrata as condições miseráveis de um retirante nordestino que, em certa parte do livro, acaba tendo que morar em palafitas as quais, infelizmente, permanecem na paisagem da cidade até a contemporaneidade. Além disso, é imprescindível ressaltar que um dos principais desejos dos cidadãos para as próximas gestões da cidade do Recife é a melhoria dos problemas de violência urbana. Segundo a ONG mexicana Segurança, Justiça e Paz, Recife ocupa a 22ª posição no ranking de cidades mais violentas do mundo, dado esse que contrasta com o pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman quando, em seu livro “Confiança e Medo”, disse que as cidades surgiram, muitas vezes, como local de segurança e proteção. Entretanto, na conjuntura atual, é muito comum o sentimento de medo nas cidades, por conta da falta de segurança pública.
É inconcebível falar dos planos dos recifenses sem citar a melhoria do sistema educacional na metrópole pernambucana. A educação exerce um papel de extrema importância na sociedade, inclusive, o de prevenir diversos problemas citados acima, como a degradação do meio ambiente ou o problema de segurança pública, uma vez que a falta de instrução deixa o indivíduo em situação de vulnerabilidade social, por isso se pode falar do poder transformador da educação. É possível, a partir de diálogos multidisciplinares, principalmente nas instituições de ensino, debater sobre o absurdo que é a violência no cotidiano urbano. Além disso, almeja-se, para a cidade do Recife, que tanto os administrados como os poderes constituídos, incluindo o Legislativo e o Executivo, reconheçam a importância das instituições escolares, na medida em que formam alunos cientes do seu papel na sociedade, desejando instituições de ensino que discutam assuntos que vão além dos muros da escola e que, como consequência disso, promovam vínculos da educação com a cidadania e a democracia.
Chegou a hora de os cidadãos recifenses exercerem o direito democrático que lhes foi garantido na Constituição de 1988, contribuindo, com o voto consciente, para mudar o cenário atual de violação cotidiana dos direitos e garantias individuais e coletivos. Eis o caminho para que se tenha, de fato, a concretização da sociedade idealizada pela Constituição.
*Luisa Albuquerque é estudante do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Equipe