Consulados são pontes para o exterior

*Por Rafael Dantas

Os consulados, em geral, são lembrados pela população apenas como locais para se obter visto para viajar ao exterior. O que poucos sabem é que essas representações estrangeiras podem ser importantes aliadas para abrir as portas ao mercado global. Uma atuação que pode beneficiar não apenas grandes empresas, mas também pequenos e médios empresários.

Por isso, quem deseja buscar um parceiro no exterior deve ter em mente que os consulados podem ser uma ponte importante. Algumas das 38 representações instaladas na capital pernambucana se mobilizam para encurtar caminhos e gerar oportunidades para empresas locais e dos seus países de origem. “O Recife é a capital com maior rede consular no Nordeste. Em Pernambuco temos clusters significativos para o trabalho da diplomacia econômica e comercial e o nosso papel não é só mapear oportunidades, mas também promover essas integrações”, afirma o presidente da Sociedade Consular de Pernambuco e cônsul de Malta, Thales Castro.

Numa conjuntura de crise como a atual, quando empresas sonham em navegar em novos oceanos para aumentar seus mercados, a busca por essas representações ainda é tímida. Essa é a percepção do cônsul da Argentina Jaime Beserman. “Estamos abertos para escutar vocês. Às vezes digo que Pernambuco e o Recife deveriam aproveitar de forma mais vantajosa o fato de terem tantos consulados de peso importante”.

O argentino é enfático sobre a necessidade de identificar oportunidades para completar as cadeias de produção e de distribuição por meio de parcerias. “Nenhuma empresa argentina chegará aqui sem um parceiro local. Nenhuma empresa brasileira conseguirá bons negócios na Argentina sem um parceiro local também”.

Uma das representações com forte atuação comercial em Pernambuco é a do Reino Unido. Segundo o cônsul Graham Tidey, o consulado tem foco na promoção de negócios, inclusive com metas a cumprir. “Tenho o papel de iluminar cada vez mais a região Nordeste em Londres. Quando houver oportunidades quero que sejam mandadas para cá”, afirma.

Quando perguntado sobre como os pernambucanos podem buscar parcerias para entrar no mercado britânico, a resposta foi direta: “O caminho ideal é que falem conosco. Não precisa ser de grande porte, pode ser uma pequena empresa ou alguém iniciando a carreira”. De 2016 para cá, o consulado enviou cinco empresas do setor de tecnologia para o Reino Unido. “Elas continuam com sede no Recife, mas vão começar a ganhar em libras, fazer contatos internacionais e ter clientes lá”. No ano passado foram fechadas parcerias comerciais que movimentaram 66 milhões de libras através da atuação do consulado.

O setor de TIC é o de maior interesse em Pernambuco para negócios no Reino Unido. Graham destaca também os setores de saúde e o de alimentos e bebidas (pelo fato do Recife ser o maior consumidor mundial de uísque). Em outubro, a entidade levará uma missão de empresas pernambucanas da Fiepe para Londres com o objetivo de conhecer o ambiente de negócios e buscar parcerias e investidores.

Se por parte dos pernambucanos há timidez para buscar parceiros internacionais, na percepção dos cônsules os players de seus países, historicamente, direcionaram seus investimentos para o Sul e Sudeste do Brasil. No momento da tomada de decisão não enxergavam nem Pernambuco nem o Nordeste. No entanto, com a maior dinâmica da economia nordestina na última década (antes da atual crise econômica), esse é um cenário que tende a mudar.

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Para a consulesa da Alemanha Maria Könning-de Siqueira Regueira, a capacidade da região é um tema para o qual as empresas alemãs ainda não deram a importância merecida. “Pernambuco tem um enorme potencial, apesar da crise. Um dos temas de interesse e que Pernambuco é precursor são as energias renováveis. O Estado é um dos mais importantes para a produção de energia eólica. Mas estamos cooperando mais com o poder público do que com empresas particulares”. Urbanização e biodiversidade são outras áreas com potencial para promoção para parcerias e atração de investimento.

A ampliação recente de acordos comerciais do País com várias regiões do mundo, associado a uma articulação entre empresas, Estado e os consulados, é um cenário promissor. Essa é a avaliação do senador Armando Monteiro Neto. “A maior inserção do Brasil na rede de acordos internacionais oferece perspectivas expandidas para que os produtos brasileiros e, claro, pernambucanos, ganhem mercado”. Ele destacou o acordo com os países latino-americanos da Bacia do Pacífico, além de outros temáticos firmados com a Colômbia, o México e o Peru. Também está em fase final de negociação um acordo do Mercosul com a União Europeia.

Para o senador, a presença de mais de 30 representações consulares reforça essa perspectiva. “É, sem dúvida, a forma mais capilar de conexão entre o setor produtivo de Pernambuco e esses países. Representa uma oportunidade para auxiliar esse caminho de conquista de mercados”, destaca. “Conhecer melhor o país para onde podemos vender, promover encontros com possíveis compradores, garantir um intercâmbio constante entre empresários de determinado setor, explorar práticas inovadoras. Tudo isso pode ser incentivado por meio de uma maior aproximação institucional das empresas e empresários pernambucanos com a rede consular instalada aqui”, exemplifica Armando.

Uma oportunidade que se desenha é a Missão Anual de Embaixadores da União Europeia (UE) no Brasil. Pernambuco foi escolhido para receber essa ação que acontece em maio e prevê o fortalecimento dos laços entre os países europeus e o Estado. Na ocasião dessas missões, os embaixadores visam a ampliar o conhecimento acerca da história, cultura e economia do Estado visitado, além de observar prováveis investimentos do bloco. “Pernambuco tem vantagens comparativas em termos regionais: uma localização geográfica privilegiada, infraestrutura vantajosa, além do melhor porto e um conjunto de rodovias bem estruturado”, ressalta o vice-governador Raul Henry. “A missão dos embaixadores será uma ocasião importante para nos aproximarmos desses países que possuem uma economia madura e que têm buscado novas fronteiras de investimento”, estima.

*Rafael Dantas é repórter da Revista Algomais


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