Criatividade e ousadia em favor da interdisciplinaridade – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Criatividade e ousadia em favor da interdisciplinaridade

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Na Sala Google do Colégio CBV é assim: tudo pode quando o alvo é a aprendizagem e o percurso é criativo. O espaço conta com três laboratórios móveis, acesso à internet, dispositivos de imagem e áudio, além da disponibilidade das aplicações Google for Education. O ambiente inibe qualquer possibilidade de imposição do conhecimento. Lá, a aprendizagem é construída através de roteiros dinâmicos que deixam claro que aprender não advém de um clima apático. Pelo contrário, aprendizagem se dá com ação, alegria e significado.

Trata-se de um espaço que, dependendo da proposta pedagógica, o cenário se ajusta ao propósito do conhecimento a ser construído. Assim, a sala pode simular uma espécie de reality show musical para aprender inglês e, em outros momentos, se adequar a uma animada partida de bingo de matemática. Claro, não dispensando oportunidades de sediar exposição de arte, apresentação de trabalhos e festivais de criatividade e inovação.

Dentre tantas possibilidades pedagógicas, alguns professores, sobretudo os do ensino médio, preferem investir naquelas atividades que estimulam a produção de conteúdo. Aliás, produzir conhecimento e incentivar a interatividade é dever da escola que está alinhada com as demandas educacionais deste século. Nesse sentido, os estudantes formam um grupo potencial, já que são nativos da tecnologia. Foi pensando assim que duas atividades aplicadas na Sala Google (até então distintas) encontraram o link que uniram o conteúdo elaborado pelos estudantes com a proposta das disciplinas de Português e Sociologia.
Com objetivo de trafegar sobre temas considerados polêmicos e que solicitam políticas afirmativas, o professor de sociologia lançou o Projeto CBV contra a intolerância. A proposta desafiava os estudantes do 1o e 2o ano a produzir artefatos sob orientação da Sala Google, mas também sinalizava uma reflexão sobre possíveis temas da redação do ENEM. Ao final do trabalho, documentários, vídeos, cartazes, fanpages, tirinhas, folders e paródias musicais formaram um consistente material que ficou disponível ao grupo escolar. Compartilhar o material elaborado com os estudantes das outras turmas já seria o suficiente para desenhar uma espécie de compartilhamento didático. Fato que já denotaria criatividade, diálogo e ousadia, mas aquele trabalho rendeu outros desdobramentos.

Isso porque a professora de português tinha uma agenda na Sala Google para aplicar um simulado baseado no vestibular da UPE. Durante a construção do roteiro, foi compartilhado com a professora o material elaborado durante o projeto CBV contra intolerância. A ideia inicial era organizar um teste que possibilitasse resultado instantâneo, feedback das questões, bem como estatística sobre os pontos que merecem mais atenção no aprendizado. Entretanto, com o acesso ao material criado pelos estudantes e publicado nas nuvens da Google, a estratégia ganhou outra luz. Interdisciplinaridade à vista!

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Como a maioria do conteúdo era digital, foi garantida a agilidade para montar a proposta. É fato: quando o assunto é vestibular e ENEM, é rotativo o uso de textos (em seus diversos gêneros) como motivo de interpretação e de análise linguística. E foi exatamente assim que o trabalho de português foi construído. O diferencial? O comando de cada questão se referia ao material construído pelos estudantes durante o desafio de sociologia. Ou seja, as tirinhas, os documentários, os cartazes ganharam outro sentido, já que permitiram a imersão dos estudantes na análise linguística dos seus próprios textos.

Desta forma, pôde-se ressignificar o acervo existente e atribuir-lhe o status de conhecimento. Se pudéssemos figurar a cadeia da aprendizagem, certamente poderíamos dizer que o incentivo à produção de conteúdo foi o primeiro passo. O material acumulado atendeu sua função inicial, mas ganhou outra utilidade ao ser revestido por um novo contexto, desta vez dado pela disciplina de português. Em seguida, a aplicação do teste funcionou como a última etapa para os estudantes e a penúltima para o docente, que pôde analisar a estatística gerada e fazer as devidas inferências para avaliar a competência linguística dos estudantes.

Em resumo – dispositivos tecnológicos, criatividade, ousadia, diálogo, conteúdo, Youtube e demais Google Apps deram a tônica perfeita para nos provar que a inovação das práticas educativas reside no método. Nesse sentido, a tecnologia faz a coesão necessária pra unir iniciativas e aprendizagem e, com isso, ajudar a desenhar novas formas de aprender, o que Asmann (2000) prefere chamar de ecologia cognitiva.

*Por Jaime Cavalcanti – jaime@cbvdigital.com.br
Mestre em Educação | Consultor em Tecnologia Educacional | Assessor de TE Colégio CBV

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