*Por Paulo Caldas
A refinada pesquisa de Gustavo Arruda, neste “No tempo da Fratelli Vita” (CEPE - 2016), conduz o leitor por um acurado périplo histórico iconográfico. O autor visita a raiz dos criadores da marca ainda na Itália, nos longínquos finais do século 19 e navega pela época da imigração para o nosso lado do Atlântico, quando famílias de camponeses eram atraídas por promessas de fortuna e fartura.
O percurso dos irmãos Vita é primorosamente descrito com as respectivas circunstâncias; da chegada, quando adotaram a Bahia como morada, e zarpa em 1892 quando investindo um capital de apenas r$ 2,000 réis, instalaram a fábrica de bebidas Fratelli Vita: água tônica, gengibre e gasosas.
E a partir daí, de porto em porto, a narrativa busca a descoberta de atores e fatos significativos para o mundo Vita. Assim, toma impulso em 1910, com o lançamento do Guaraná, que se tornaria o líder dos seus produtos e três anos mais tarde desembarca no Recife, à época, maior cidade da região.
Ao lado de empreendimentos industriais, de velas enfunadas, os Vita seguiram rotas onde alcançaram o pioneirismo, as inovações tecnológicas, bem como ações de filantropia e investiram em outros tantos negócios: imóveis, bens de capital, tipografia, cinema, fábrica de garrafas e cristais, de gelo e com visão ampliada chegaram a construir um conjunto residencial.
O livro está ancorado na intertextualidade, quando ao lado de aspectos da vida da empresa, o autor cita detalhes significativos do cotidiano de Salvador e do Recife: interação com as redes de radioamadores, a presença dos ingleses (desde o final do século 19), a chegada dos bondes elétricos, da telefonia, mostra cenas da revolução de 1930, da passagem do Zeppelin, cita o Recife na Segunda Guerra Mundial e aborda ainda situações em que marcos expressivos surgem no cenário da cidade, caso da Rádio Clube de Pernambuco, a primeira emissora de rádio do Brasil.
No âmbito da propaganda, Gustavo Arruda destaca desde as campanhas de publicidade com apoio do trio elétrico Dodô e Osmar, o patrocínio de clubes carnavalesco, uso da mídia televisiva, aos patrocínios que nos trouxe nomes famosos da arte e da cultura brasileira. Trata-se, portanto, de um imprescindível breviário para se vivenciar No tempo da Fratelli Vita.
*Paulo Caldas é escritor