Armando Abreu, presidente da Qair Brasil, fala sobre o investimento bilionário previsto da empresa para Pernambuco. Caso seja confirmada a viabilidade técnica e econômica, a primeira fase da instalação da usina de hidrogênio verde deverá trazer para o Estado US$ 1 bilhão de aportes da corporação de origem francesa. Nesta entrevista concedida à Revista Algomais, ele, que é PhD em energias renováveis, fala ainda do principal destino do hidrogênio verde produzido no Estado e no Nordeste e na capacidade de atração de outros empreendimentos dessa cadeia produtiva.
Vocês anunciaram o início dos estudos de viabilidade técnica e econômica. Que fatores são essenciais nesses dois aspectos para que haja uma decisão da construção da Planta de Hidrogênio Verde em Pernambuco?
Os fatores que nos levaram a escolha do Porto de Suape têm a ver essencialmente com a localização exata do porto, que é favorável geograficamente, bem como as condições naturais do estado em relação ao mercado de energias renováveis e o excelente ambiente de negócios, criado pelo Governo do Estado de Pernambuco.
Há alguma previsão de tempo para conclusão desses estudos?
Cerca de 1 ano ou 1 ano e meio. Então acreditamos que até o final de 2022 teremos respostas sobre a implantação.
Uma planta prevê a instalação de 4 conjuntos de eletrolisadores de água em áreas localizadas na Zona Industrial Portuária em 4 fases de implantação. Qual a ordem de investimentos para um empreendimento deste porte, caso aprovado?
O projeto total engloba 2240 MW de capacidade, divido em 4 fases, com investimento global de aproximadamente US$ 4 bilhões. O início da implantação está previsto para 2023 até 2030, iniciando com proximamente US$ 1 bilhão entre 2023 e 2024 e depois, entre 2026 e 2028, com US$ 1 bilhão, respectivamente, até que se complete a capacidade e o investimento total.
Em geral, um empreendimento estruturador como esse tem capacidade de atrair outros investimentos para atender sua cadeia produtiva. Que tipo de empreendimentos poderiam ser atraídos para atender a cadeia produtiva do hidrogênio verde?
O tipo de empreendimento e/ou industrias que podem ser atraídos são no setor de metalmecânica, da indústria de serviço e de energia eólica e solar, ou seja, há toda uma cadeia produtiva ligada, independente de toda aposta de investimento em desenvolvimento tecnológico, e até mesmo de formação de pessoas.
Quais seriam os principais clientes do hidrogênio verde no Brasil? E como está a demanda de exportação deste produto?
Os principais clientes de hidrogênio verde no Brasil, na minha opinião, hoje, com os dados que temos, eu penso que 80% a 90% será virado para a exportação na Europa. Como todos sabem, a comunidade europeia tomou uma decisão de, até 2030, implantar 80 gigawatt de hidrogênio, dos quais quarenta seriam produzidos na comunidade, quarenta seriam importados de outros locais. É aí que o Brasil e o Nordeste, Pernambuco, se situam. Por isso, numa primeira fase eu acho que entre 80% e 90% da produção será para exportar para a Europa. Hoje praticamente não há exportação nenhuma de hidrogênio, se houver é muito pouca. Nós temos algumas indústrias locais que consomem hidrogênio também, mas eu continuo convencido de que a grande maioria da produção de hidrogênio será para exportação.