Uma amizade de infância, que se tornou uma parceria de trabalho no primeiro emprego e frutificou em um negócio promissor. Após pensarem em investir na aprovação de um concurso público e deixar a contabilidade, as amigas Pâmila Oliveira e Joana Veríssimo viram na necessidade de orientação contábil para outros micro e pequenos empreendedores a oportunidade de iniciar um escritório próprio, a Vox Assessoria. Dez anos depois, atravessando crises e a pandemia, elas registraram um crescimento de 48% no faturamento ano passado e prevêem um novo salto em 2023.
"A gente era vizinha, morava juntinho, parede com parede, na mesma rua, no mesmo bairro. A gente cresceu junta, nunca se separou. O nosso primeiro emprego foi no mesmo lugar, em um escritório de contabilidade. Por sermos jovens, por sermos mulheres, por sermos negras, a gente sentiu dificuldade, nos olhares e tudo. Mas a gente foi muito abençoada após decidir criar o nosso negócio próprio", afirmou Pâmila, lembrando dos desafios do começo da carreira, quando ambas moravam em Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes.
A virada de empregadas para empreendedoras não foi rápida e vive em constante amadurecimento. O nicho, no entanto, é claro. Elas atendem pequenos negócios, inclusive MEIs para dar suporte tributário e trabalhista. Hoje contam com uma cartela de 49 clientes, de vários segmentos e até de outros estados. Hoje, por exemplo, 29% das pequenas empresas não sobrevivem os 5 primeiros anos no mercado, de acordo com dados do Sebrae. Para atender a esse público, que entende do seu negócio, mas tropeça na gestão burocrática, que elas têm encontrado um campo fértil para trabalhar.
"Mesmo com muitos prazos apertados antes de abrir nossa empresa, a gente não parava. Era um vizinho, um tio, uma família, um amigo, solicitando serviços. E a gente viu o quanto a gente tinha facilidade para solucionar o que era muito complexo para aqueles pequenos empresários. Aí deu aquela virada de chave. Já tirávamos dúvida de um montão de gente, já fazíamos essa consultoria e prestávamos esse trabalho. Então, a gente realmente precisa entender que esse é o nosso propósito é ajudar pessoas que estão aí com essa burocracia enorme que o Brasil tem. Os nossos clientes seguem sendo em sua maioria microempresários e empresas de pequeno porte. Atendemos desde autônomos até pequenas fábricas e pousadas. A maioria dos pequenos empresários no Brasil inicia sozinho no negócio, e muitas vezes, eles não têm uma pessoa no administrativo para ajudá-los", conta Joana Veríssimo.
Com a pandemia, a exemplo da maioria dos negócios, as tensões chegaram à Vox. Mas passada a turbulência, elas avançaram na prestação de serviços remotos. O espaço físico migrou para um co-working. E a experiência digital levou as amigas e sócias a atender inclusive clientes da capital federal, Brasília. Com a chegada do coronavírus, muitos profissionais também perderam seus empregos e decidiram começar um negócio próprio. Mais clientes em potenciais para a Vox. Durante a pandemia, entre 2020 e 2022, o número de novas empresas no país aumentou em 25,3% em comparação com o período anterior à Covid-19, que compreende os anos de 2017 a 2019, segundo dosdos do Governo Federal, elaborados pela plataforma Yooga. Resultado: com menos custos e um maior alcance, a empresa cresceu após os apertos iniciais da crise sanitária.
Como muitos pequenos negócios, a maioria dos clientes chega por meio de indicação, mas elas tem apostado em avançar na comunicação e na captação de novos clientes. No primeiro semestre do ano, o crescimento comparado ao mesmo período do ano passado foi de 68%. Para o futuro, elas tem planos de avanças na prestação de serviços. "A gente quer fortalecer ainda mais a empresa, especialmente na consultoria de diagnóstico e na área de abertura de empresas. Queremos chegar até os empreendedores que não têm tanto acesso à tecnologia e ajudá-los", conta Joana Veríssimo.