Desafios de liderar em ambiente de mudança – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Desafios de liderar em ambiente de mudança

*Por Fátima Guimarães

Nos últimos tempos, o ambiente de trabalho das empresas tem sido profundamente impactado por transformações de diversas naturezas. No topo da lista, aparecem as mudanças culturais, estimuladas principalmente por um novo perfil de profissionais e equipes que desafiam a todo momento o que é tradicional, com novas formas de pensar, agir, trabalhar e relacionar-se nos espaços organizacionais e fora deles. Além disso, a adoção de novas tecnologias, como a inteligência artificial, a automação e o uso de ferramentas de colaboração digital, vem redefinindo o modo como o trabalho é realizado e como se dá a interação entre as pessoas.

Esse ambiente em transformação tem representado uma série de desafios para todos os integrantes da organização, em especial para os seus gestores, que têm a difícil tarefa de não apenas monitorar o ritmo acelerado das mudanças e inovações, mas também de assegurar que suas equipes estejam preparadas e estimuladas para lidar bem com essa nova realidade. Serem capazes de “surfar” em meio às ondas de renovação do cenário atual é crítico para o sucesso e a sustentabilidade da organização. A questão que se segue: que atitudes podem ser facilitadoras para o enfrentamento desses desafios?

A primeira delas, talvez a mais essencial, é assumir uma postura proativa e de abertura para a compreensão da mudança, o que geralmente exige do gestor conhecer referências inéditas ao seu repertório e conviver com padrões culturais não triviais, sem considerá-los como ameaça, ou sem a ânsia de tornar-se um especialista em tudo o que aparece de novo. Adotar uma postura estratégica, avaliando os impactos positivos e negativos que os novos comportamentos, os novos métodos de trabalho, os novos perfis profissionais podem trazer à vida organizacional é uma atitude sensata e certamente favorável.

Um outro fator importante é o cuidado em manter alguma estabilidade em meio a essa profusão de novidades. Henry Mintzberg, classificado entre os 10 mais influentes pensadores da área da gestão, em seu livro Managing – Desvendando o Dia a Dia da Gestão (2009) adota o conceito de Charada da Mudança, em que faz um interessante contraponto: de um lado, o gestor precisa se adaptar e, mais ainda, liderar os processos de mudança; de outra parte, deve fazer a imprescindível gestão da continuidade para manter o rumo enquanto as mudanças são implantadas. Ou seja, a gestão da mudança e a gestão da continuidade caminham juntas, buscando-se sempre manter o ponto de equilíbrio entre inovação e preservação.

Se a mudança exige a construção de novos padrões, novas referências e atualização dos modelos e processos de trabalho, a prática de um monitoramento sistemático funciona como apoio fundamental para que o rumo seja mantido, possibilitando a identificação prévia de dificuldades e resistências, ou, ainda mais importante, a correção dos problemas em tempo hábil. E nesse ponto, vale reforçar que, ao monitorar, o gestor deve privilegiar soluções coletivas em que os envolvidos participem, além de estabelecer e consolidar um clima de troca e colaboração.

No mesmo livro já citado, Mintzberg afirma que “os gerentes eficazes não agem como vítimas, são agentes de mudança, não alvos de mudança; eles seguem o fluxo, mas também criam o fluxo”. E, mais adiante, dá importante “dica” sobre o perfil do gestor, bem adequado aos tempos atuais: “gestão é para pessoas que gostam do ritmo, da ação e dos desafios, seja lá de onde veem, seja lá para onde eles a levem”.

Fátima Guimarães é sócia-fundadora da TGI Consultoria.

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