Compreender o ano de 2020 não é para amadores. Fazer as projeções para o próximo ano é igualmente complexo. Ontem (30) a Agenda 2021, maior evento empresarial de final de ano de Pernambuco, contou com palestras do consultor da TGI Francisco Cunha e do economista Ricardo Sennes. O consultor Fábio Menezes fez a apresentação e mediação desse encontro que aconteceu pela primeira vez de forma virtual e marcou os 30 anos da TGI Consultoria em Gestão.
NADA DE NOVO NORMAL AINDA
Apesar de todo o discurso em volta do chamado "novo normal", Francisco Cunha avalia que só vamos construir um novo normal de verdade quando a população for vacinada. Até lá a meta é "sobreviver e não surtar". O relaxamento da população com as medidas de proteção, em especial nesse período de festividades natalinas, é um risco a ser encarado para atravessar a pandemia sem um novo lockdown. O avanço do desenvolvimento das vacinas é o ponto de otimismo nesse processo de enfrentamento à Covid-19.
A ONDA DE 2018 QUEBROU
Ainda na coletiva prévia ao evento, Francisco Cunha destacou que vivemos um cenário político muito diferente de 2018. Na sua avaliação, a onda que nasceu em 2013 e trouxe Bolsonaro à presidência e uma série de outsiders ao poder executivo quebrou em 2020, com a eleição dos partidos mais tradicionais. O resultado das eleições municipais sinaliza um momento difícil para o presidente.
ECONOMIA EM DILEMA
Ainda sobre o cenário nacional, Ricardo Sennes apontou uma série de dificuldades que o País está enfrentando em sua agenda econômica para superar os efeitos nocivos da pandemia. As barreiras internas e no congresso de Paulo Guedes para implementar suas propostas representam uma grave ameaça para a recuperação econômica em 2021. No sonho de Paulo Guedes estariam a aprovação da reforma administrativa e das PECs 188 (Pacto Federativo) e 186 (Emergencial), além da manutenção do Teto de Gastos e da postergação do Renda Brasil. Neste ano, o aumento do gasto público e a entrega do auxílio emergencial foram um remédio para suspender temporariamente os efeitos nocivos da pandemia. No próximo ano, as medidas para reativar a economia, segundo o especialista, devem passar por uma agenda que sinalize para maior confiança dos investidores.
ENTRE FRIEDMAN E KEYNES
Francisco Cunha voltou a sinalizar que a economia global deverá mudar a sua orientação teórica. Resumidamente, sai Milton Friedman e volta John Maynard Keynes. A agenda econômica neoliberal daria assim espaço para um pensamento que considera a importância do aumento de gastos públicos para estimular o investimento e combater os efeitos depressivos da crise promovida pela pandemia. Olhando para o cenário bem local, Francisco defendeu que o Parque Capibaribe é uma oportunidade que o Recife tem para capitar investimentos internacionais que buscam projetos sustentáveis. A rede consular presente na capital pernambucana é um possível caminho para buscar parcerias e fazer esse projeto andar de forma mais acelerada.
PROJETO O RECIFE QUE PRECISAMOS
No que diz respeito ao Recife, além das consequências danosas da epidemia, merece destaque o avanço que se tem verificado no município em termos de surgimento de novas soluções urbanas inovadoras. O projeto Recife Que Precisamos 2021, apresentado aos candidatos a prefeito, trata do planejamento a longo prazo que ganha cada vez mais corpo e espaço para transformar a realidade da cidade. Em 2037 o Recife será a primeira capital brasileira a completar 500 anos. Uma cidade que vem avançando com projetos estruturantes como o Compaz, Mais Vida nos Morros, urbanismo tático, novas ciclovias. Uma cidade que ganha cada dia mais defensores da mobilidade a pé e de bicicleta. Além da necessidade, cada vez mais, do transporte público eficiente e de qualidade.
Abaixo você consegue assistir a palestra na íntegra.