Com tronco largo, vida longa e fonte de inspiração para ritos e lendas, o baobá é uma árvore que conta muita história sobre nossa tradição. A planta de origem africana se aclimatou no Brasil e foi trazida pelos escravos, com sementes escondidas no cabelo, para que eles pudessem celebrar suas raízes. Neste sábado (19), a Fundação Joaquim Nabuco vai celebrar o Dia do Baobá para que o simbolismo por trás da árvore continue sendo repassado para as próximas gerações.
“O baobá tem uma representatividade muito importante para a nossa história. Ele é um símbolo de resistência do povo negro no Brasil e conservação da ancestralidade. A árvore mãe da África faz parte da nossa identidade e, por isso, deve ser celebrada e, principalmente, preservada”, destaca Antônio Campos, presidente da Fundaj.
A programação será transmitida pelo YouTube da Fundaj, a partir das 9h, iniciando com o plantio de uma muda de baobá no jardim do campus Casa Forte. Em seguida, o público poderá acompanhar o lançamento da exposição fotográfica “Pernambuco, jardins de baobás”. Para encerrar a programação, o Educativo do Engenho Massangana preparou um vídeo para mostrar o baobá do museu, que foi plantado pela família de Joaquim Nabuco, e falar um pouco mais sobre a sua história e como ele está ligado à ancestralidade e construção de identidade do Nordeste.
Em algumas regiões do território africano, o baobá é conhecido como a árvore mãe porque possui elementos úteis para a sobrevivência do ser humano. Suas folhas são nutritivas e, por isso, utilizadas para fazer saladas e sopas, os seus troncos conseguem armazenar litros de água e o pó originado das folhas secas e trituradas é fonte para medicamentos que podem combater anemia, raquitismo, diarréia, reumatismo e asma.
De acordo com uma antiga lenda africana, se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir, o que pode durar até seis mil anos. Outra mitologia conta, ainda que se uma pessoa der nove voltas de costas no baobá, é possível esquecer todo o passado. No Recife, ainda existem alguns baobás que sobreviveram ao desmatamento e degradação ambiental, mas a árvore ainda não é vista como símbolo de conservação e história.
“Uma nova forma de racismo parece estar em andamento, impune entre nós. Há cerca de um ano derrubaram, com o uso de uma serra elétrica, um dos raros baobás do Rio de Janeiro, em Niterói”, lamenta o chefe de gabinete da Fundaj, Marcus Prado, e comenta sobre a importância de se preservar a memória que a árvore representa.