O transtorno bipolar é um distúrbio psíquico que se caracteriza pela alternância entre episódios de depressão e hipomania ou mania, como são chamados os momentos de euforia extrema a que chegam os pacientes. E para ampliar o debate sobre o tema, surgiu o Dia Mundial do Transtorno Bipolar (30 de março). A data é celebrada no dia do aniversário do pintor Vincent Van Gogh, que foi diagnosticado como provável portador da doença.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, os transtornos mentais serão a principal causa de incapacitação no mundo em 2030. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, existem dois principais tipos de episódios: eufóricos e depressivos. A fase eufórica aumenta a liberação de substâncias estimulante que ativam o sistema nervoso, deixando todas as áreas cerebrais muito “ligadas”. Já na fase depressiva acontece o oposto, “desligando” o sistema nervoso.
O Dr. André Ayalla, psiquiatra e tutor da Faculdade Pernambucana de Saúde, esclareceu algumas dúvidas sobre a doença, confira:
Como identificar
O Transtorno bipolar – ou Transtorno Afetivo Bipolar – é mais facilmente reconhecido quando o portador da doença está na fase de mania. Essa mania varia de intensidade, podendo a pessoa ter sintomas mais leves como uma autoestima mais elevada, pouca necessidade de sono, diminuição da concentração até apresentações mais graves, como se expor a situações de risco e grande impulsividade. Já no polo depressivo, o diagnóstico só pode ser dado quando a pessoa já teve alguma apresentação da mania ou hipomania. É preciso investigar bem o passado do paciente e identificar os sinais de gravidade.
Causas
Não é possível apontar um fator específico que possa desencadear a doença. O que sabemos, porém, é da forte influência genética. Há estudos mostrando que a chance de gêmeos idênticos desenvolverem a doença gira em torno dos 40%. Quando comparamos com parentes de primeiro grau, essa taxa se reduz para perto dos 10%. De toda forma, não é somente a genética que dirá se uma pessoa desenvolverá o transtorno bipolar, fatores como alteração no padrão de sono, estresse, entre outros estímulos ambientais também fazem parte da equação.
Importância do apoio familiar
Sem ajuda da família o cuidado ao paciente bipolar fica comprometido. A compreensão da doença por parte dos familiares ajuda no trato com o portador da doença. Entender que determinados comportamentos são motivados pelo transtorno bipolar é de grande importância para trazer benefícios ao paciente.
Em caso de uma crise
Nas crises, o objetivo é sempre preservar o portador do transtorno bipolar. Ouvir o que o outro tem a dizer, respeitar o momento e demonstrar empatia. Devemos sempre estar atentos para ajudar. É possível o aparecimento de uma resistência a essa ajuda, caso isso ocorra, é importante entrar em contato com um profissional de saúde capacitado.
Tratamento
O tratamento dependerá de em qual polo a pessoa se encontra. Geralmente utilizamos estabilizadores de humor, como o lítio ou, a depender do caso, podemos associar outros medicamentos para melhor condução. Já sobre a duração, devemos considerar que o transtorno bipolar é uma doença crônica, sem cura. Dessa forma, o ideal é um tratamento contínuo. Também é importante mudar o estilo de vida, diminuir o uso de álcool, bebidas cafeinadas, fazer exercícios físicos. Com o tratamento adequado, o portador da doença terá plena capacidade de viver de maneira saudável e com bom funcionamento no dia a dia.
Apoio no Recife
Aqui temos a AMPARE – Associação dos Amigos Pacientes de Pânico em Recife. Apesar de o nome restringir ao pânico, a AMPARE está sempre de portas abertas para os pacientes diagnosticados com Transtorno Bipolar. Além disso, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que fazem parte da rede de saúde mental do SUS aqui em Pernambuco, estão capacitados para acolher, iniciar tratamento e fazer encaminhamentos, se necessário.