Que a diabetes é uma doença que vem crescendo a passos largos no Brasil, já é de conhecimento de toda a população. No entanto, que a doença é a causa mais comum de amputação de pés, muitos ainda desconhecem. O país contabiliza, todos os dias, 43 amputações de membros inferiores decorrentes de complicações da diabetes, segundo dados do Ministério da Saúde. Denominada popularmente de “pé diabético”, é uma das graves complicações que acometem as pessoas que têm a doença, principalmente devido à falta de atenção com os pés. A realidade, no entanto, pode ser mudada com a prevenção e a orientação de profissionais especializados.
“A prevenção é a maneira mais eficaz de evitar complicações, mantendo os níveis da glicemia controlados, exame visual dos pés diariamente e avaliações periódicas com profissionais. “Pé diabético” é uma complicação crônica do diabetes mellitus, caracterizado por infecção e formações de ulcerações profundas. Podem estar associadas a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores”, explica a podóloga Cris Farias, especialista em podologia para pés diabéticos. “Pacientes diabéticos devem observar qualquer sinal nos pés como frieiras, bolhas, ferimentos e calos. Essas atitudes ajudam a manter a saúde equilibrada e a evitar problemas”.
Aproximadamente 15% dos diabéticos apresentam tendência a desenvolver úlceras de pé em algum estágio de suas vidas. As três principais causas são neuropatia, suprimento deficiente de sangue (isquemia) e infecção. Alguns sintomas da diabetes, segundo destaca Cris Farias, podem levar à amputação dos pés, como a falta de sensibilidade na parte plantar (na palma do pé), ocasionada pela má circulação. Se ocorrer algum ferimento, a pessoa pode não sentir nenhuma dor e formar uma úlcera na sola do pé, com risco de gangrena.
Cris aconselha que cabe ao podólogo realizar o atendimento de todas as patologias apresentadas pelo pé diabético, respeitando os níveis de cuidados diferenciados e de risco. “Para pacientes com essa patologia, são recomendadas sessões mensais para o corte das unhas, remoções de calos e calosidades, higienização geral e hidratação dos pés e, principalmente, para massagens reflexológicas, que é um estimulante à circulação”, afirma a podóloga, acrescentando que também é importante o acompanhamento com um especialista em nutrição e endocrinologia.
Os instrumentos usados nas sessões de cuidado com os pés diabéticos são alicates para corte das unhas, brocas diamantadas para limpeza das unhas, cureta, lixas para nivelamento das calosidades, hidratação e massagem. Bisturi só será usado se houver calos e calosidades plantar. “É preciso saber examinar um pé diabético, observando se tem ou não fissura ou micose, saber fazer o corte correto da unha e procurar um especialista médico em alguns casos”, diz Cris Farias. “É importante que as pessoas procurem profissionais que tenham o conhecimento de anatomia, fisiologia, podopatias e o domínio de técnicas e instrumentos essenciais para lidar com o diabético”.
CUIDADOS – Secar os pés com cuidado após o banho, manter a pele hidratada, utilizar meias de algodão, cortar as unhas de forma adequada (chamada de onicotomia) para a anatomia do paciente, de modo a não ferir os cantos dos dedos; não cortar os calos nem utilizar receitas domésticas ou calicidas para acabar com eles; não andar descalço nem mesmo dentro de casa.
Outro ponto importante é sobre o uso de calçados. Uma boa opção para quem tem diabetes é optar por calçados ortopédicos ou semi ortopédicos, isso porque eles têm uma estrutura projetada para serem confortáveis, dar estabilidade ao caminhar e evitar que os pés fiquem apertados ou abafados. “Quando for adquirir o calçado, é necessário conversar antes com um podólogo porque o profissional poderá instruir sobre o melhor produto. Além disso, também ajudará quando a sensibilidade dos pés está comprometida, caso não se conheça o tipo de pisada ou se já apresenta deformações e outras particularidades que requerem atenção”, finaliza a podóloga.