Com atividades iniciadas em abril de 2014 e previsão de atuação até 2017, a equipe do projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) de Agroecologia, desenvolvido no Sertão do Pajeú (PE) pelo Centro Sabiá em parceria com a Diaconia, fez uma análise dos dois anos de atuação na região. O projeto se concretizou a partir de uma Chamada Pública lançada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), atendendo diretamente 240 famílias nos municípios de Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Iguaraci, Tuparetama, Tabira, Santa Terezinha, São José do Egito e Brejinho. Outras 30 famílias também participam, mesmo sem estarem cadastradas.
Dentre as principais etapas, as atividades iniciaram com a mobilização de organizações locais e o cadastro das famílias agricultoras, seguido de momentos de formação em diversos temas, como: manejo correto do solo; canteiro econômico; sanidade animal; produção e armazenamento de forragem e feno com plantas da Caatinga; armazenamento de sementes crioulas; manejo de hortas e pomares com defensivos naturais. Outras temáticas trabalhadas pela Diaconia, como as questões de gênero e violência contra a mulher, e oficinas sobre resíduos sólidos e sobre o funcionamento do biodigestor, também enriqueceram o programa.
“Apesar de não ser um projeto de investimento, avaliamos que foram dois anos bastante proveitosos, tanto do ponto de vista agroecológico como organizacional comunitário, inserção nos mercados e busca ao acesso às políticas públicas, assim como a melhoria da qualidade de vida das famílias agricultoras. São transformações que estarão sendo tocadas adiante pelas famílias”, afirma uma das técnicas do projeto, Jaqueline Lira. Um dos exemplos é o de jovens filhos de agricultores/as, que participaram de capacitação para fazerem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) de suas famílias, e continuam replicando em suas comunidades.
Chamada Pública – direcionada a um público de quase 35 mil propriedades de agricultura familiar e camponesa em todo o Brasil, a Chamada de ATER dispunha de um orçamento de pouco mais de R$ 160 milhões para os três anos de atuação, sendo considerado pelas organizações sociais um marco para o movimento agroecológico no país. Para Pernambuco, o edital previu o atendimento a 6.100 unidades, distribuídas em oito lotes por todo o estado. O Centro Sabiá e o Caatinga foram organizações vencedoras de quatro lotes, assessorando um total de 3.650 famílias agricultoras.
“O maior desafio para as organizações é garantir um processo de fortalecimento das redes comunitárias e territoriais de agricultores e agricultoras experimentadoras. Em especial, construir processos de participação que garantam iniciativas de conhecimento e de acesso às políticas públicas, de construção e partilha de conhecimentos coletivamente, bem como de uma aproximação fundamental com os movimentos sociais e sindical rural, com as Universidades e Institutos Federais (IFs), de modo que a pesquisa e o ensino sejam também sujeitos desse processo” , afirma Alexandre Pires, coordenador geral do Centro Sabiá.
* Carlos Henrique Silva é assessor de comunicação da Diaconia.