Diagnóstico precoce evita retirada total da mama

Diagnosticar precocemente o câncer de mama não só aumenta as chances de cura, como também reduz a possibilidade de retirada total da mama como forma de eliminar o tumor. Neste mês em que se faz o alerta do Outubro Rosa, especialistas como a mastologista Marina Ávila, membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, advertem para os benefícios que uma cirurgia menos mutiladora promove não só na saúde física, mas também na vida emocional das mulheres afetadas pela doença.
Nos anos 1950, segundo a médica, a mastectomia era bem mutiladora, retirava-se a mama inteira (pele e músculos) e acreditava-se que a cirurgia tinha o poder de curar. “O resultado estético era péssimo”, salienta. A partir dos anos 1970 a operação passou a ser mais conservadora (retirando-se apenas fragmentos da mama), com incorporação no tratamento da radioterapia e da evolução da quimioterapia. “Atualmente, a quimioterapia, que é um tratamento sistêmico, se realizada antes da cirurgia, pode inclusive reduzir o tamanho do tumor e assim também diminuir o tamanho da área a ser operada”, explica Marina.

Um grande estudo científico realizado no início dos anos 80 mostrou a eficácia, a longo prazo, da cirurgia que preservava a mama. Hoje tenta-se reduzir ao máximo o tamanho da operação. Marina lembra que, anos atrás, os glânglios axilares (linfonodos) eram rotineiramente removidos, mesmo sem evidência de doença na axila, o que muitas vezes levava a uma série de complicações, como o linfedema (inchaço) do braço.

“Hoje se faz uma biópsia durante a cirurgia (linfonodo sentinela), para avaliar se há a necessidade dessa cirurgia axilar”, compara a mastologista, que lembra a frase de um grande mestre da mastologia, Umberto Veronese, sobre o assunto: Do máximo tratamento possível, ao mínimo tratamento necessário. “Óbvio que isso tem que ser feito com segurança, com resultados oncológicos e estéticos aceitáveis”, adverte a médica.

O tratamento é individualizado. Algumas pacientes são submetidas à quimioterapia, outras à radioterapia, outras aos dois procedimentos. Todas, porém, passam por tratamento cirúrgico. “A gente ainda não consegue evitar a cirurgia”, ressalta Marina. Por isso, mesmo, salienta a necessidade de fazer os exames preventivos anualmente para detectar o mais cedo possível o tumor. “Quanto mais precoce o diagnóstico, menor o tamanho da cirurgia”, reforça a mastologista, que adverte para as consequências emocionais do tratamento.

Não por acaso, o acompanhamento psicológico faz parte do tratamento multidisciplinar dispensado às pacientes e que abrange profissionais de saúde de várias especialidade. “A pessoa que recebe o diagnóstico sofre um forte impacto porque a doença ainda é associada à morte e ao sofrimento. Ocorre uma desorganização emocional por esse significado, que interfere no que a paciente planeja para o futuro”, analisa Vera Chaves, psicóloga hospitalar da Oncoclínica. “Além disso, a mama está relacionada à feminilidade, à sexualidade e à maternidade. Com a doença, a percepção do corpo muda e afeta a identidade da mulher. Por isso, quanto mais cedo for feito o diagnóstico menos danos psicológicos a doença traz”, reforça a psicóloga.
A questão estética e emocional do tratamento é tão importante que hoje, em muitos casos, faz-se a cirurgia oncológica paralelamente à plástica de reconstituição da mama. E, muitas vezes, o resultado pode ser melhor do que antes da cirurgia. “Em pessoas que têm mamas muito grandes ou caídas, o cirurgião (mastologista ou plástico) pode reduzir o volume e/ou levantá-las”, informa Marina.

Procedimentos como uma cirurgia menos mutiladora e que ainda por cima produz um bom resultado estético acabam por acelerar a recuperação da paciente. Ela passa até a encarar o tratamento de outra forma. “Consegue-se evitar o medo da mutilação e ao, ser submetida à quimioterapia (que também é um procedimento difícil que provoca a queda de cabelo), a paciente pode se conscientizar de que é algo momentâneo. Sentir-se melhor emocionalmente reflete no sucesso do tratamento”, explica Marina.

(Por Cláudia Santos, editora da Revista Algomais)

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