Relatório nacional mostra avanços locais na igualdade salarial e destaca desafios de raça e gênero no mercado de trabalho. Imagem: Freepik
Pernambuco apresentou uma redução na diferença salarial entre homens e mulheres, segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios divulgado pelo Governo Federal. A defasagem caiu 0,79% desde a última pesquisa, em setembro de 2024. Atualmente, os homens recebem em média 9,14% a mais que as mulheres no estado — antes, essa diferença era de 9,93%. A média salarial das mulheres em Pernambuco é de R$ 2.862,60, enquanto a dos homens chega a R$ 3.150,68.
No cenário nacional, no entanto, a disparidade salarial aumentou 0,18%, atingindo 20,87%. A desigualdade se acentua quando se considera o fator racial: mulheres negras recebem, em média, R$ 2.864,39 no país, contra R$ 4.661,06 das mulheres não negras — uma diferença de 38%. Em Pernambuco, a diferença é de 28%: R$ 2.560,50 contra R$ 3.554,79, respectivamente.
Apesar dos desafios, o relatório aponta avanços. A participação das mulheres negras no mercado de trabalho cresceu 18,2%, passando de 3,2 milhões para 3,8 milhões de empregadas. Houve também uma redução no número de estabelecimentos com menos de 10% de mulheres negras, que caiu de 21.680 em 2023 para 20.452 em 2024.
O levantamento também mostra que a remuneração das mulheres continua inferior, mesmo com sua crescente presença no mercado. Entre 2015 e 2024, a massa total de rendimentos do trabalho feminino subiu apenas de 35,7% para 37,4%. Nesse período, o número de mulheres ocupadas passou de 38,8 milhões para 44,8 milhões, enquanto o de homens subiu de 53,5 milhões para 59 milhões.
Os dados também revelam disparidades salariais por tipo de ocupação. Mulheres em cargos de direção e gerência recebem 73,2% do salário de seus colegas homens; as de nível superior, 68,5%; e as que atuam em serviços administrativos, 79,8%.
Pernambuco está entre os estados com menor desigualdade salarial entre homens e mulheres, ao lado de Acre, Distrito Federal, Piauí, Ceará e Alagoas. Na contramão, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro lideram com as maiores diferenças.
Durante o lançamento do relatório, o Governo Federal também apresentou o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial e o Movimento pela Igualdade no Trabalho, que reúne empresas e entidades comprometidas com a equidade. O documento, disponível online, traz orientações sobre negociação coletiva e ferramentas para promover igualdade no ambiente profissional. A iniciativa faz parte das ações da Lei nº 14.611/2023, que exige transparência salarial e práticas inclusivas para empresas com mais de 100 funcionários. Em abril, foi publicada a portaria que institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral, com ações previstas até 2027 envolvendo onze ministérios.