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Discalculia ainda é desconhecida

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“Eu não consigo aprender a somar. Por que os meus amigos entendem como fazer essa equação matemática e eu não?”. Para alguns, essas são apenas algumas desculpas de quem não quer estudar ou tem preguiça. O que muitos não sabem é que existe um distúrbio chamado “Discalculia”, originário de uma má formação neurológica, onde o seu portador tem bastante dificuldade em compreender a principal disciplina dos cálculos e seus conceitos.

Segundo o livro “Dificuldades de Aprendizagem – um olhar psicopedagógico”, das autoras Daniela Leal e Makeliny Nogueira, cerca de 5% da população escolar brasileira tem esse transtorno. “A discalculia prejudica não só o rendimento na escola, mas, também, na resolução de problemas do dia a dia”, comenta a especialista na área de educação especial e inclusiva da Tutores Educação Multidisciplinar, Adelaide Sampaio.

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Os primeiros sinais da alteração neurológica podem ser identificados desde o começo das atividades escolares. “A partir da pré-escola, é possível observar quando o aluno tem dificuldades em compreender os sinais de ‘igual’ e ‘diferente’, mas apenas com a introdução dos números matemáticos mais específicos é que o problema pode ser de fato, diagnosticado”, explicou Sampaio.

Assim, ao ser notada a presença de dificuldades com a disciplina dos numerais, a escola deve alertar aos pais do aluno para que os mesmos possam procurar um psicopedagogo ou neurologista. Durante a consulta, o profissional irá escolher entre testes como a Escala de Weshler de inteligência para crianças, de desempenho escolar ou baterias específicas de avaliação de habilidades matemáticas para conseguir detectar o distúrbio.

Segundo o neurologista Lucas Alves, o diagnóstico é feito com apenas um dos testes. “Geralmente, usamos apenas um. Porém, quando há dúvidas, aplicamos outro exame para alcançar o laudo exato. O resultado sai na hora”, explica. É apenas após essa avaliação que será possível detectar qual o tipo de discalculia (verbal, gráfica, operacional, practognóstica e ideognóstica), assim como a melhor forma de tratamento.

Além da intervenção, feita através de exercícios práticos de leituras e de interpretação dos números que devem ser exercitados tanto no consultório, como em casa, o aluno precisará de todo o apoio dos pais, amigos e da escola. Esses serão os responsáveis por valorizar a autoestima do estudante. Assim, o melhor caminho para a adaptação à discalculia está na busca por sempre mantê-lo motivado, “evitando a ocorrência de correções constantes e não o forçar a realizar tarefas quando o mesmo estiver nervoso por não conseguir fazer algo”, complementa Adelaide Sampaio.

Apesar de não possuir cura, quanto mais cedo for descoberto o distúrbio e iniciado o tratamento, maiores são as chances de “aumento” da qualidade de vida do portador de discalculia. “A maior parte dos casos possui tratamento, o que possibilita uma melhora no desenvolvimento do jovem, com probabilidades de atingir um maior rendimento profissional e pessoal”, explica Lucas Alves. De acordo com o médico, os primeiros sinais de melhora já podem ser observados a partir da segunda semana de intervenção.

Formas de trabalhar a discalculia

Pode ser feito através do uso de simulação de situação problema, onde haverá a necessidade de construção de estruturas de classificação, seriação, partição, correspondências e grupos. Além disso, há algumas brincadeiras e jogos que também são utilizados como:

Palitos: Uso de 16 palitos formando cinco quadrados. O objetivo do jogo é movimentar quatro palitos, originando três quadrados.

Somar 15: Tabuleiro retangular numerado de 1 a 9 com seis fichas, onde apenas três são usadas.

Tangram: Composto por sete peças (5 triângulos, 1 quadrado 1 paralelogramo) que juntos terão que formar um quadrado. Diversas combinações são permitidas.

Intersecção: O jogo é formado por três circunferências entrelaçadas com fichas numeradas de 1 a 6. Nesse momento, o aluno deve colocar na intersecção os numerais que somem o mesmo valor.

Portas com barreiras: O objetivo é percorrer todas as portas, começando por alguma ímpar, atravessando cada cômodo apenas uma vez.

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