Doce Presente (por Raul Lody) - Revista Algomais - a revista de Pernambuco
Cultura bem temperada

Cultura bem temperada

Raul Lody

Doce Presente (por Raul Lody)

“Vinte e quatro de dezembro

Meia noite deu sinal,

Rompe aurora a primavera

Hoje é noite de Natal.”

(poesia popular)

Entre as festas populares brasileiras, sem dúvida, aquelas que fazem o ciclo natalino, reúnem milhares de pessoas que experimentam manifestações de teatro, dança, cortejo, música e gastronomia, revivendo histórias, fatos e personagens que traduzem o nascimento do Menino Deus.

Cada cidade, lugar, comunidade assume estilo e maneira de interpretar o grande evento do mundo cristão; pois, a festa é síntese e culminância do dia-a-dia, quando as pessoas viram personagens, quando um tempo especial comove e reúne, trazendo ancestralidade e memória que atualizadas renovam os rituais sociais.

Presépios artesanais em barro, madeira, fibras naturais, materiais reciclados mostram diferentes interpretações regionais sobre a cena do nascimento do Menino Deus.

Às mesas cardápios vindos de Portugal, constando de frutas secas ou cozidas como as castanhas; assados de porco, peru, cabrito e galinha; doces, destacando-se as rabanadas, indispensáveis nas ceias da noite de 24 para 25 de dezembro.

É assim, com festas nas ruas e nas casas que o nosso Natal é rico e variado nas maneiras de lembrar e louvar o nascimento do Menino De

“Meu São José

Dai-me licença

Para o Pastoril brincar

Viemos anunciar,

Jesus nasceu para nos salvar.”

 (poesia popular)

       No imaginário cristão, a cena do nascimento do Menino Deus é o maior símbolo de vida e de renovação da humanidade.

O primeiro presépio foi organizado com personagens vivos, verdadeira dramatização religiosa que ocorreu em Grécio, na Itália em 1223, por uma iniciativa de São Francisco de Assis.

A partir desse evento que marcou os cristãos, em muitos povos, anualmente os presépios são montados nas casas, em áreas públicas, nos shoppings entre outros.

Popularmente chamado de lapinha, o presépio é regionalmente interpretado, recebendo personagens locais e elementos decorativos como folhas aromáticas da pitangueira (Eugenia Pitanga), dando assim caráter tropical brasileiro.

É costume e tradição na noite de Natal o oferecimento de presentes entre amigos e familiares, lembrando dessa maneira a visita e os presentes oferecidos pelos três Reis Magos do Oriente que foram até Belém, na região da Palestina, conhecer o Salvador que nascia em um presépio.

“Abris a porta

Se queres abrir

Que somos de longe

Queremos nos ir.”

(poesia popular)

Especialmente na Península Ibérica, Portugal e Espanha, o dia 6 de janeiro é considerado o dia dos presentes, marcando a chegada dos Reis Magos que ofereceram incenso, ouro e mirra, respeitando o nascimento de um outro Rei.

Os doces no tempo do ciclo natalino estão nas mesas em variados cardápios ou estão em alguns casos compondo árvores de Natal como biscoitos feitos em formatos de estrela, anjo e demais símbolos de um modelo de festejar europeu. Isso ocorre na região sul em área de forte presença de imigração alemã, como também são comuns um tipo de bolo chamado de cuca ou de cuca alemã.

Cuca alemã

1 kg de farinha de trigo

1 xícara de açúcar

4 tabletes de fermento

1 colher de sopa de sal

4 colheres de sopa de manteiga

3 ovos

3 gotas de essência de baunilha

2 xícaras de água

100 gr. de passas

100 gr. de frutas cristalizadas

canela em pó

Misture a farinha de trigo, o açúcar, o fermento, a baunilha, a manteiga e canela em pó e em seguida com a massa pronta acrescentam-se as passas e as frutas cristalizadas. Continue o processo da massa e coloque em formas untadas de farinha, levando ao forno para assar, resultando em 5 cucas de 400 gramas.

Rabanadas

Também conhecida como fatias douradas e fatias de parida, as rabanadas são preparadas com: 

pão, ovos, fermento, sal, leite de vaca, açúcar, canela e óleo.

As fatias de pão são embebidas no leite açucarado e depois são envoltas nas gemas e em seguida seguem para a fritura, retirando-se a gordura excedente. Depois são pulverizadas com açúcar e canela.

*RAUL LODY é Antropólogo.

Foto: Fernando Sabino

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