O pianista pernambucano Amaro Freitas é o protagonista de documentário que estreou, esta semana, no Festival In-Edit. “Amaro Freitas – O Piano como extensão da alma” é um dos dois representantes de PE na categoria de curtas do evento cinematográfico internacional que, no Brasil, acontece na cidade de São Paulo. Por causa da pandemia, a edição de 2020 será online.
A direção e produção do filme é da jornalista pernambucana Suzanna Borba. O trabalho é resultado do projeto experimental de conclusão do curso de Jornalismo de Suzanna, em 2019. “Eu queria fazer um trabalho sobre música e sabia que o formato seria vídeo. Amaro é um amigo querido e eu quis levar a história dele para a academia. Principalmente por ele ser da periferia e fazer um estilo de música que não é comum nessa região”, afirma a jornalista.
Com o filme, ela venceu o Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo 2020 na categoria vídeo (estudante). A gravação do documentário foi feita em parceria com IMG Plural, uma produtora de vídeo pernambucana.
O curta-metragem é a primeira obra cinematográfica a contar a história de Amaro. Suzanna reuniu depoimentos de parentes, amigos, parceiros de banda, críticos de música e de admiradores famosos que o pernambucano tem. “Eu vi uma alma linda. O piano é só uma projeção da alma dele” – é o que diz o cantor Lenine num trecho do filme. Lenine conta que conheceu Amaro porque queria ouvi-lo tocar o piano.
A frase acabou inspirando o título do documentário: Amaro Freitas – o piano como extensão da alma. O filme tem 22 minutos de duração e ficará disponível para exibição no site do In-Edit. Para acessar a programação, basta visitar a página do festival na internet – https://br.in-edit.tv/film/54
AMARO FREITAS
Amaro Freitas é conhecido na crítica musical como o renovador do jazz brasileiro e tem sido apontado como uma dos maiores revelações da música instrumental. Já fez shows em dez países com apresentações em grandes clubs de jazz ao redor do mundo, a exemplo do Lincoln Center Dizzy’s Club, em Nova Iorque (EUA)..
Criado em Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife, Amaro teve uma infância comum a milhares de recifenses. O pai, Jeremias, era pedreiro e a mãe, Rosilda, cuidava da casa e dos filhos: Amaro e Natália. A conexão com a música chegou cedo à vida da família.
Seu Jeremias tocava teclado na igreja perto de casa. Logo os filhos começaram a se inspirar. Natália gostava de cantar e Amaro utilizava os baldes para montar uma bateria. Aos poucos, foi se aproximando do teclado do pai e começou a estudar música.
Amaro chegou a trabalhar num call center para conseguir pagar a graduação em Produção Fonográfica e lançar o primeiro disco.
O jovem músico, com apenas 29 anos, lançou o segundo álbum com o selo da Far Out Recordings, gravadora britânica especializada em música brasileira. O trabalho mais recente é uma faixa do EP ‘Existe amor’ em que Amaro toca ao lado de Milton Nascimento e Criolo – “Não existe amor em SP”.
Amaro também está trabalhando na produção do terceiro álbum de estúdio, que ainda não tem data de lançamento. Ele compõe um trio de músicos, ao lado de Hugo Medeiros (bateria) e de Jean Elton (contra-baixo). Juntos são Amaro Freitas Trio.
SINOPSE DO FILME
Amaro Freitas é um pianista e compositor recifense que está rodando o mundo com seu trio de jazz. Apaixonado por música instrumental, começou a ter contato com esse universo tocando em baldes velhos na casa onde morava na infância, numa comunidade da capital pernambucana. Hoje se apresenta nos maiores clubes de jazz do planeta. Através de depoimentos de parentes, amigos e parceiros profissionais como Lenine, o filme mostra por que Amaro tem ganhado tamanho reconhecimento dentro e, principalmente, fora do Brasil. A entrevista emocionante com o protagonista – fielmente ao lado do piano – demonstra a grandeza desse artista que é representatividade pura. Ele fala de comunidade, de pobreza, de negritude e de como a música instrumental transforma vidas. Amaro é prova viva disso.