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Doença autoimune

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Muitas são as dificuldades para tratar as doenças autoimunes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Essas patologias estão presentes em cerca de 5% a 7% da população em geral, sendo a terceira principal causa de morbidade e mortalidade, depois do câncer e doenças cardíacas.

Existem mais de 80 diferentes tipos de doenças autoimunes e, dentre elas, as doenças reumatológicas são o maior grupo. A artrite reumatoide acomete cerca de 1% da população mundial e a artrite psoriásica manifesta-se em até 40% dos portadores de psoríase cutânea. A dor e a deformidade física são comuns nessas doenças.

Os medicamentos imunobiológicos (biofármacos) vêm sendo uma importante opção terapêutica na vida dessas pessoas. São produzidos a partir da manipulação genética de organismos vivos de origem vegetal ou animal, ao contrário dos fármacos tradicionais que são fabricados com a manipulação química de substâncias em laboratório.

Vários estudos científicos – realizados em centros médicos de diversos países, com dezenas de milhares de pessoas, por tempo prologado – têm comprovado a eficácia terapêutica desse grupo de medicamentos.

As doenças autoimunes caracterizam-se pelo aumento da quantidade de produção de uma substância chamada de fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), que faz com que o sistema imunológico do corpo ataque o tecido saudável, causando inflamação. É como se o sistema de defesa, que combate agentes como vírus e bactérias, passasse a combater também as células e tecidos que não estão “doentes” do organismo. Por isso, o bloqueio do TNF-alfa com o biofármaco pode reduzir a inflamação.

Os medicamentos biológicos são desenvolvidos para atingir as moléculas específicas do sistema imunológico que são responsáveis pelo surgimento da doença. São proteínas recombinantes, criadas por engenharia genética, que podem ser: anticorpos monoclonais, proteínas de fusão ou citocinas humanas recombinantes. Caracterizam-se por serem moléculas de natureza proteica, de tamanho relativamente grande, semelhantes a proteínas animais ou humanas. Como são susceptíveis à digestão, são administradas por via parenteral (subcutânea, intramuscular ou intravenosa) e não oral.

Os efeitos adversos mais frequentes dos medicamentos imunobiológicos podem estar relacionados a uma reativação de tuberculose, infecções oportunistas e câncer de pele, não melanoma. Daí a importância de uma avaliação clínica-imunológica prévia ao tratamento.

Grande parte dos medicamentos imunobiológicos já é disponibilizada por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), estando previstos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) do Ministério da Saúde.
Portanto, existem novas oportunidades terapêuticas para os portadores de doenças autoimunes terem uma saúde melhor e com mais qualidade de vida. Sim, é a ciência cada vez mais avançando.

*Por Sylvia Lemos Hinrichsen. Ela é médica infectologista e professora universitária.

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