Da CNI A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta crescimento de 1,2% para a economia brasileira em 2022. Esse é o cenário-base, há ainda um cenário pessimista e outro otimista. De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, para a estimativa de 1,2% se consolidar, espera-se a superação parcial de problemas conjunturais, como inflação, emprego e normalização das cadeias globais de valor a partir do segundo semestre do ano. A previsão consta do documento Economia Brasileira: 2021-2022, divulgado nesta quarta-feira (15), com balanço da economia e previsões para 2022. “A atividade econômica também deve se beneficiar da normalização da demanda por serviços prestados às famílias, que ainda está abaixo do nível pré-pandemia, e alguns setores industriais, principalmente aqueles ligados a investimentos, como a cadeia da construção civil e de bens de capital, as quais ainda devem ter o nível de produção impulsionado por pedidos e projetos provenientes de 2021”, explica Robson de Andrade. Para 2022, o presidente da CNI diz ser importante combater o Custo Brasil. A redução do Custo Brasil é fundamental para o setor produtivo, que segue engessado por problemas estruturais. “Em primeiro lugar, precisamos aprovar a PEC 110, que promove uma reforma tributária ampla e vai simplificar e corrigir as distorções do sistema de arrecadação de impostos. Devemos, ainda, modernizar e ampliar a infraestrutura. Com custos competitivos, poderemos receber investimentos de empresas que querem diversificar a rede de fornecedores”, explica Robson Braga de Andrade. Segundo ele, o Brasil necessita de medidas que melhorem o ambiente de negócios e promovam a inserção internacional das empresas, além de políticas para atrair investimentos produtivos vinculados às cadeias globais de valor. “É indispensável eliminar a cumulatividade do sistema tributário e reduzir as despesas com logística e energia, para mudarmos a rota de baixo crescimento da última década”, afirma. Além disso, a reforma administrativa e a regulamentação do teto remuneratório do funcionalismo público são medidas importantes para contribuir com o equilíbrio fiscal. No cenário pessimista, a previsão é de expansão do PIB de 2022 de 0,3% e, no cenário otimista, o Brasil crescerá 1,8%. Brasil crescerá 4,7% em 2021, calcula CNI A CNI calcula alta de 4,7% do PIB do Brasil em 2021. A estimativa é menor do que o esperado no início do ano, devido às constantes quedas na indústria ocorridas no segundo semestre. De acordo com Robson Andrade, a expansão do PIB neste ano reverte a queda de 2020, mas o resultado não significa que os problemas acentuados pela crise e os desafios estruturais do país tenham sido superados. Há perda de ritmo da atividade econômica e as perspectivas para o próximo ano não são muito animadoras. “A inflação elevada, com consequentes altas nas taxas de juros, o alto endividamento das famílias, o desemprego, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de energia em elevação são fatores conjunturais desfavoráveis. Além disso, ainda há incertezas sobre o andamento da pandemia e o temor de algum retrocesso, como ocorre atualmente na Europa”, avalia Robson Braga de Andrade. Indústria de transformação crescerá 5,2% em 2021 A CNI estima um crescimento de 5,2% da indústria de transformação em 2021. Esse percentual é bem inferior à previsão do Informe Conjuntural do 3º trimestre, de alta de 7,9%. O gerente-executivo de Economia, Mário Sérgio Telles, explica que o PIB da indústria de transformação assumiu uma trajetória de queda ao longo de 2021. A escassez e alta de insumos e de matérias-primas foram um dos fatores determinantes para a trajetória negativa da indústria neste ano. “Para 2022, esperamos um aumento gradual do emprego que, juntamente com a desaceleração da inflação e o Auxílio Brasil, deve minimizar o processo de perda de poder de compra por parte das famílias”, explica. Além disso, Mário Sérgio prevê regularização nas cadeias de suprimentos a partir da segunda metade de 2022. “Também será benéfico para a indústria brasileira a manutenção da desvalorização do real ao longo de 2022, que beneficiará as exportações do setor e incentivará a substituição de importações no mercado doméstico”, explica. Em um cenário-base, a indústria de transformação deve crescer 0,5% em 2022. Ocupação continuará em recuperação em 2022 O economista explica que número de pessoas ocupadas continuará crescendo e massa de renda real deve começar a se recuperar a partir da metade de 2022, em resposta à queda da inflação. Para 2022, espera-se continuidade na recuperação do consumo e do emprego nos serviços prestados às famílias, como transporte, alojamento e alimentação, associado ao aumento da circulação de pessoas. “Mas esse aumento não se deve à existência de novos elementos que impulsionem o setor, e sim à defasagem da recuperação desse segmento em relação a outros serviços, à indústria e à agropecuária”, analisa Mário Sérgio. A expectativa é de que, na segunda metade de 2022, quando a recuperação de serviços estiver próxima do nível de pré-pandemia, a atividade industrial esteja mais aquecida. No entanto, há um contingente populacional relevante que deve voltar a integrar a força de trabalho nos próximos trimestres. Assim, mesmo com a continuidade do crescimento da população ocupada, o retorno dessas pessoas ao mercado de trabalho manterá a taxa de desemprego pressionada para cima ao longo de 2022. “Projetamos a continuidade do aumento da ocupação e da recuperação da força de trabalho ao longo do ano. Desta forma, o resultado da taxa de desocupação média deverá ser ligeiramente inferior à de 2021, ficando em 13%”, diz Mário Sérgio. Inflação tende a desacelerar ao longo de 2022 Na avaliação da CNI, a continuidade do aumento da Selic, o desemprego ainda elevado, as despesas primárias do governo federal em queda real, a atividade econômica moderada e estabilidade nos preços dos combustíveis devem fazer com que a inflação desacelere. Para 2022, espera-se um IPCA de 5%, próximo do teto da meta de inflação. Esse cenário considera que não devem ocorrer novas alterações nas regras fiscais, que poderiam elevar a inflação, por meio da depreciação do real. Neste ano, a CNI estima que a inflação deva desacelerar, moderadamente, em dezembro e fechar 2021 em