Emprego e a percepção de preços serão fatores decisivos para a Eleição 2022 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Emprego e a percepção de preços serão fatores decisivos para a Eleição 2022

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Foi divulgada hoje a mais recente pesquisa IPESPE, com amostra nacional de 1.000 entrevistados e margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,5%. A evidente vantagem do ex-presidente Lula em qualquer dos cenários pode ser lida a partir de alguns dados. Para isso, destacamos informações importantes para compreender o cenário e a movimentação das preferências dos entrevistados pelos projetos políticos e as candidaturas. Entre eles, três são essenciais:

1-A percepção de preços e a temática do emprego

De acordo com o levantamento, a percepção sobre o aumento de preços é nítida para 96% dos brasileiros. E, para 63%, eles vão aumentar ainda mais nos próximos meses. Mais do que a percepção de que os preços estão altos, que é algo intuitivo pelo cotidiano, há um sentimento de pessimismo em relação ao futuro associado ao governo Bolsonaro. Isso se reflete na avaliação negativa do governo, que está estável em ruim e péssimo desde junho de 2021, atingindo agora 54%.

Porém, em sentimento diferente das sondagens anteriores, a expectativa de manutenção do emprego tem o maior índice desde novembro de 2018, atingindo 65% de muito grande ou grande, bem como a chance pequena e muito pequena de manter o emprego é a menor desde novembro de 2018, o que pode ainda trazer um alento aos estrategistas do presidente.

2-Estabilidade de avaliação do governo desde julho de 2021

Quando se observa a avaliação do governo, há uma estabilidade na opinião negativa dos eleitores desde julho de 2021, que pode indicar que não há, mesmo com as ações políticas e de comunicação do governo, uma tendência para garantir a reeleição do presidente. As movimentações do Planalto não alteraram o humor da avaliação, mostrando uma consolidação da desaprovação ao governo, e também da intenção de voto, em torno dos 25%.

De acordo com o perfil da amostra, 53% dos entrevistados se declaram católicos e 24% evangélicos/protestantes. Os dados da intenção de voto estimulada de

Bolsonaro, que é de 25%, indicam que 39% de sua base se encontra entre o público evangélico e 23% entre os católicos, indicando uma queda inclusive entre os que estiveram à frente da sua defesa em 2018.

3-Avanço do sentimento democrático em comparação com 2018

Outro dado importante para observar a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro é a diminuição da insatisfação com a democracia, que, embora tenha sido crescente no Brasil, assim como em outros países da América Latina, nos últimos anos, há agora um movimento contrário.

Dados do Latinobarômetro mostram que o descontentamento se iniciou em 2013, sendo o ano de 2018 o registro mais relevante, de 72%. Também, de acordo com os dados do IPESPE, em 2018, 73% dos brasileiros se sentiam insatisfeitos com a democracia. Na atual sondagem, no entanto, há uma diminuição da desaprovação para 63%.

Mesmo com o descontentamento, o regime democrático é considerado a melhor opção para 67% dos brasileiros agora, frente a 56% em 2018.

Chama atenção, porém, o número de pessoas que não têm opção definida, ou seja, aceitam o regime democrático tal como está, mas no caso da instalação de um regime autoritário, não o rejeitariam. Tal posicionamento pode ser muito complexo, pois é uma neutralidade que demonstra o desinteresse pela política e enfraquece o debate político.

Como o discurso político de Jair Bolsonaro em 2018 se deu justamente sobre o descontentamento com a democracia, a diminuição deste espaço pode ser também uma das explicações para a rejeição ao presidente.

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