A energia solar parece enfim dar os primeiros passos de uma caminhada mais acelerada de crescimento em Pernambuco. Em 2018 a microgeração de energia distribuída (realizada por residências e pequenas empresas para consumo próprio) a partir da fonte solar saltou de 5,9 MW em janeiro para 15,6 MW no último mês do ano, um avanço de 264%. O desempenho positivo também aconteceu na contratação de geração centralizada (realizada por usinas solares) que subiu em torno de 50% no período, passando de 222 MW contratados no início do ano para 323 MW, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Hoje apenas 1% da matriz energética brasileira é composta por energia solar. A projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que em 2030 essa participação alcance a marca dos 10%. A projeção da empresa BloombergNEF é ainda mais otimista ao prever uma participação de 32% também em 2030, o que significaria a liderança entre todas as fontes de energia do País.
Hoje a microgeração distribuída é liderada pelos Estados no Sul e Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Paraná são os Estados líderes). Pernambuco está apenas na décima colocação nesse ranking. O Brasil possui atualmente 350 megawatts (MW) de potência instalada em sistemas de microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica em residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos.
Já na geração centralizada o Nordeste é o destaque (Bahia é o primeiro lugar, seguido de Minas Gerais, Piauí e Ceará). Os investimentos acumulados no Brasil nesse segmento são de aproximadamente R$ 20 bilhões até final de 2018.
De acordo com o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, a associação recomenda que até 2030 o País gere 30 GW de energia solar. “Isso pode proporcionar ao Brasil a atração de R$ 100 bilhões de investimentos privados, além da geração de um milhão de empregos no setor”.
Ele afirma que o grande problema do País para impulsionar a cadeia produtiva dos equipamentos para geração fotovoltaica é a alta carga tributária. “Isso tem feito com que o fabricante nacional produza sempre os equipamentos com preços mais elevados”, destaca. Atualmente o País possui mais de 40 fabricantes desses equipamentos, que estão em sua maioria no Sul e Sudeste do País, com algumas unidades no Nordeste e Centro Oeste.
Em Pernambuco, Sauaia sugere um aprimoramento no Programa PE Solar, lançado em 2014, para que o Estado avance mais rápido. Apesar dos indicadores positivos de 2018, o Estado tem perdido posições no ranking nacional.
“O estímulo ao acesso aos financiamentos, a inclusão dessa tecnologia na geração dos edifícios públicos, o aprimoramento do licenciamento ambiental (mais ágil e fácil de acompanhar), estruturação de uma campanha de conscientização da população e o estabelecimento de metas para o crescimento dessa tecnologia no Estado são algumas das nossas recomendações para o PE Solar”, propõe Sauaia. Ele sugeriu ainda a inclusão dessa tecnologia nos programas de habitação popular e a redução da complexidade de pedidos de conexão junto à Celpe.
Neste ano, um avanço na popularização dessa tecnologia em todo o País foi a liberação de crédito para pessoa física pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Programa Fundo Clima e Finame Energia. “Essas mudanças contribuem para que a fonte fotovoltaica consiga demonstrar sua competitividade e ajude a democratizar o acesso a essa tecnologia”, afirma o presidente da Absolar.
Para 2019, Sauaia aposta que o Governo Federal demandará mais atenção ao incentivo da geração de energias renováveis de olho no potencial de atração de investimentos e de geração de empregos.
*Por Rafael Dantas é repórter da Algomais (rafael@algomais.com). O jornalista assina a coluna Gente & Negócios no site da Algomais