Energia vem dos canaviais e até do lixo

Conectado a um dos setores mais tradicionais da economia pernambucana, a produção de energia produzida a partir da biomassa tem também uma expectativa de crescimento. “A bioeletricidade oriunda da cogeração com o bagaço da cana é uma realidade, apesar de não ocorrerem incentivos via preço para aumentos de produção, que necessitam de investimentos relevantes nas térmicas das usinas. O Nordeste acompanha o Brasil na boa geração e, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a bioeletricidade representou 4,1%, da matriz do País em 2016”, informa Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Pernambuco (Sindaçúcar-PE).

De acordo com Renato Cunha, essa produção não é exclusiva para o consumo próprio das usinas, pois também chega à rede do sistema elétrico. “Trata-se de uma energia renovável, limpa e representa mais um produto oriundo do cluster social da cana, que, só em Pernambuco irriga com renda, recolhimento de tributos e geração de empregos, as vidas em mais de 55 municípios, além de ser uma energia complementar à energia hidroelétrica”, ressalta.

A geração da bioeletricidade a partir do bagaço da cana em Pernambuco acontece principalmente entre os meses de setembro e março, quando ocorre a moagem nas usinas. “Coincide com o período que permite o sistema receber esse contingente de energia no verão do Nordeste, economizando-se assim a água das hidroelétricas”.

De problema a solução
Outro resíduo que aponta boas perspectivas para a região é o lixo. O consultor João Bosco tem estudado modelos de implantação de geração de energia a partir da queima dos resíduos sólidos urbanos nos municípios pernambucanos. O ex-presidente da Chesf afirma que o entrave para a geração de energia no Estado não é tecnológico, mas tornar a alternativa economicamente sustentável. “Desenvolvemos um modelo para dar viabilidade e estamos mostrando que é interessante para o poder público. Isso já tem despertado interesse de algumas prefeituras”, explica.

joao bosco
Ele sugere que as prefeituras direcionem parte dos investimentos, que deveriam ser feitos em aterros sanitários, para a instalação de usinas de lixo geradoras de energia nos prédios do poder público municipal. “A composição da economia com os gastos com aterro e com a conta de eletricidade faz o projeto tornar-se viável para as prefeituras”, assegura Bosco.
O consultor sugere ainda que o investimento seja feito por meio de Parcerias Público Privadas (PPPs). “Nesse formato, é a iniciativa privada quem constrói a usina e cobra uma prestação anual ou mensal para a prefeitura. Fazendo os cálculos da redução das despesas com aterro e energia, descontando a contraprestação privada, a economia para o caixa municipal é em torno de 40%”. Ele exemplifica que uma cidade que gasta R$ 20 milhões com energia e lixo, passaria a pagar R$ 15 milhões pela usina e teria uma economia de R$ 5 milhões.

Bosco adianta que a possibilidade de economia tem despertado interesse dos prefeitos e destaca os diferenciais ambientais dessa alternativa de geração. “É uma destinação melhor para o lixo, que passa a receber um tratamento ambientalmente mais apropriado. As emissões dessas usinas são 80% menores que as emitidas por aterros sanitários”.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos (RSU) é uma alternativa promissora, mesmo que não seja ainda competitiva. “Embora não se trate de um potencial técnico-econômico com dimensão suficiente para sustentar uma estratégia de expansão da oferta de energia elétrica do País no longo prazo, a geração de eletricidade a partir de RSU é, sem dúvida, elemento importante de uma estratégia regional ou local e, portanto, não deve ser desconsiderada, mas, sim, conjugada com políticas ambientais e urbanas”, afirma o Ministério das Minas e Energia.

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