Por Jornal Enfoco (@enfoco.belojardim)
Historicamente falando, se você gosta ou sente curiosidade por conhecer engenhos de cana-de-açúcar, Belo Jardim é um lugar perfeito para isso. A cidade é lar do “Engenho Serra do Vento”, que recebe o nome do seu Distrito na Zona Rural, onde também fica localizado, especificamente no Sítio Chã. Com a retomada gradual do turismo, com o avanço da vacinação contra a covid-19 e as férias se aproximando, o estabelecimento é uma ótima escolha para quem busca turismo rural.
Hoje em dia, o equipamento histórico é uma relíquia, visto que muitos engenhos, que dominavam o século 16 no Brasil Colonial, acabaram sendo fechados e/ou abandonados. Já outros são de difícil acesso, ou até pouco conhecidos pela população geral.
Fundação e reabertura
Criado há mais de 100 anos por Abdias Austriclínio, virou propriedade de Manoel Francisco e Zé Carlos. Atualmente pertence a João Martins Monteiro (62) que, nas redes sociais, conta: “Saí daqui (de Serra do Vento), com 5 anos de idade e fiquei no pensamento de voltar às minhas origens. Até que um dia comprei um ´pedacinho´ de terra e por coincidência tinha esse engenho dentro. O dono anterior me disse: “estou vendendo este terreno e uma indústria”. Fiquei sem entender, foi quando ele falou que no tempo dos seus pais, trabalhavam cerca de 12 pessoas aqui”, revela.
O Engenho Serra do Vento foi reaberto em setembro deste ano, após seis anos inativo por falta de cana de açúcar e falecimento dos antigos donos.
Lá já passaram mestres de rapadura como Pedro Baiano, Vicente Marinho e Braz Austriclínio. Braz, por sua vez, trabalhou por mais de 60 anos e é a filha Tatiana que relembra memórias do pai falecido, ao contar que a moagem da cana era feita por bois quando não tinha energia no local e acontecia por meses ininterruptos.
O pai trabalhou até os 74 anos de idade.
Os atuais mestres são: José Carlos (Zé Carlos de Mané Francisco), Zezé de Braz e Jorge do Toyota.
Aberto para visitantes
Seu funcionamento acontece a cada 15 dias, aos domingos. A cada semana, cerca de 600 rapaduras e 100 litros de mel são produzidos por lá, a unidade da rapadura é vendida a R$ 2,50, 1L de mel R$ 10,00, 1L de caldo de cana R$ 2,50 e são comercializados em Serra do Vento, Belo Jardim e demais regiões.
Os visitantes podem conferir todo o processo de fabricação dos produtos, como a moenda local para moer a planta e extrair o caldo; as caldeiras e fornalhas, que é uma espécie de cozinha que abriga grandes fornos que aquecem o produto e o transformam em melaço de cana.
Além de objetos antigos como moinho de pedra, telhas e tijolos que segundo histórias, foram produzidas por pessoas escravizadas entre 100 a 200 anos atrás, de tamanho curioso, uma única peça mede três vezes mais quando comparadas com os atuais.
Acordou um leão
"Mesmo que eu queira parar o povo não deixa, eu mexi no bom sentido com um leãozinho adormecido, e eu tenho que dar continuidade porque assumi um compromisso com Serra do Vento e região. O povo gosta disso aqui, ver movimentando, funcionando e eu fico feliz”, diz o proprietário do engenho, João Martins.
Não é surpresa, portanto, que Serra do Vento, cultura e história estejam tão entrelaçados; e não é surpresa tampouco que tenham se tornado elementos formadores de um importante roteiro turístico de Belo Jardim. Aos que desejam visitar o engenho, devem passar pela Rua do Comércio, a mais antiga da localidade com casas com fachadas portuguesas; sede do Casarão das Artes e da igreja católica São Vicente Ferrer, fundada no século 18.
Serviço:
Engenho Serra do Vento, Sítio Chã, Serra do Vento.
Funciona aos 2º e 4º domingos do mês, das 06h às 18h.
Mais informações: 81. 98129-4509