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Rafael Dantas

ESC: crescimento com toda a energia

Em meio a essa conjuntura na qual a economia brasileira entrou em curto-circuito, a pernambucana ESC Engenharia, especializada no segmento de automação do setor elétrico, cresceu sem demitir um funcionário. Em 2018, com a retomada dos investimentos do setor, o avanço no faturamento foi de 30%. Mesmo no período de “apagão” do mercado, a empresa investiu em treinamento de pessoal, inovação e conseguiu desenvolver novas expertises. Para 2019, a expectativa dos diretores é de alcançar o faturamento de R$ 6 milhões, superando em 15% o desempenho do ano passado.

Desde sua fundação, em 1999, a ESC teve um crescimento gradual. No entanto, após a mudança societária, que aconteceu entre 2012 e 2013, o avanço se deu de forma mais acelerada. Os engenheiros Saulo Santos e Meyer Mesel, ex-estagiários e agora novos sócios, imprimiram um novo ritmo, que resultou num aumento exponencial dos negócios em poucos anos à frente da empresa.

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Foi na ESC o primeiro emprego de Meyer, e onde desenvolveu toda sua carreira. Já Saulo teve uma trajetória bem longa antes de chegar à direção. Ele foi garçom de um bar e de restaurante, já participou de um programa de menor aprendiz do Governo do Estado para jovens de baixa renda, trabalhou em banco privado e entre estágios, empregos, passou nove anos para se graduar na universidade. “Isso foi me dando traquejo em gestão de pessoas. Foi um período bem pesado, mas foram experiências de vida muito positivas”, conta Saulo.

A ESC atua no segmento de estruturação do setor elétrico, realizando projetos para empresas de geração, transmissão e distribuição. “O que fazemos? Medição, proteção, controle, comando, supervisão, regulação e automação. Trocando em miúdos, estamos aqui na sala e conseguimos pelo computador abrir uma comporta em Xingó para a água passar e gerar mais energia. Ou desligar remotamente um disjuntor. Nosso trabalho é tornar qualquer empreendimento do sistema elétrico confiável, de forma a monitorá-lo e protegê-lo”, explicou o sócio. Estão entre os clientes da empresa a Chesf, a Siemens, a Celpe e a WEQ. Alguns grandes consumidores de energia, como o Riomar e o Aeroporto do Recife, também estão na lista. A mais nova contratante dos serviços foi a Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte).

Uma novidade na atuação da ESC é fazer a estruturação dos sistemas dos parques eólicos e solares, que são os novos investimentos em alta do mercado elétrico no País. “Esse é o futuro. A geração de energias renováveis, sejam eólicas ou solares, é o novo caminho que está sendo tomado pelo setor. Até hoje já prestamos serviços para mais de 50 parques eólicos”. Um desses projetos executados pela ESC, inclusive, recebeu recentemente o Prêmio Ose de Qualidade das Instalações Elétricas, na categoria inovação tecnológica.

A missão de assumir a empresa em anos de muitas dificuldades do setor elétrico brasileiro foi levada com uma decisão: “Temos uma política de não demissão. Contratamos as pessoas em que acreditamos. Montamos um time diferenciado, que nos faz estar sempre na vanguarda do mercado”, relata Saulo. Em 2013 a ESC tinha 13 empregados, hoje a equipe é de 54 pessoas.
Nos anos de maior crise do setor, entre 2015 e 2017, o diretor ressaltou a decisão de investir em treinamento externo e apostar alto em inovação. “Mantivemos todos, que evoluíram bastante tecnicamente”. Era uma preparação para a retomada do mercado, que voltou a aquecer em 2018. “Quando aconteceu, o time estava todo armado e ganhamos mais mercado. Conseguimos sair da crise mais rápido”. Nesse período, os sócios ousaram na aquisição de uma concorrente, a ABA Engenharia, que se tornou um novo setor de atuação.

Ao apostar em inovação, a empresa tem feito parcerias com as universidades pernambucanas que possuem cursos de engenharia. A aproximação com a academia, levou os profissionais da ESC a fazerem publicações em revistas e eventos científicos com novidades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o setor, que geram novos diferenciais de mercado. Uma das novas ferramentas é o uso da tecnologia de realidade aumentada aplicada ao setor elétrico. Hoje os sócios-diretores integram um grupo internacional sobre modelagem do uso de fontes eólicas no sistema elétrico.

Com o ganho de mercado dos últimos anos, a capacidade de transformação instalada nos projetos dos clientes é superior a 21.100 MVA, energia suficiente para suprir 30% do que é demandado do setor no País. Para o futuro, a ESC começou a apostar num plano de sucessão, trazendo novos colaboradores para a condição de sócios. “Hoje somos 12 pessoas, que participam dos lucros, distribuições e discussões dos próximos anos da empresa”.

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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