Qual o impacto que uma ferrovia de conexão com o sertão pode trazer para o Porto de Suape? Em meio ao debate sobre a Transnordestina, que retirou o Pernambuco do projeto, o diretor-presidente do Complexo de Suape, Marcio Guiot, foi um dos um dos entrevistados para a reportagem de capa da semana da Algomais. Ele afirmou que a movimentação do principal porto pernambucano pode até dobrar com a conexão de um ramal ferroviário, além de atrair novos investimentos.
“A ferrovia viabilizará a instalação do Terminal de Granéis Sólidos Minerais de Suape (TGSMS) numa área de 51,8 hectares na Ilha de Cocaia, empreendimento já previsto no Plano Diretor de Suape 2035. O projeto, assim como todos os grandes projetos previstos para Suape, segue rigorosas regras ambientais e será implantado numa área desprovida de vegetação nativa. Quase a metade da ilha será contemplada com ações permanentes de preservação rigorosa”, comentou Guiot.
Ele lembra que o investimento para implantação desse novo terminal é de R$ 1,5 bilhão, prevendo a criação de 3 mil empregos durante a execução das obras. Para a operação do terminal há a expectativa de serem ofertados 400 postos de trabalho no empreendimento que fica na Zona Industrial Portuária e fora da poligonal do Porto Organizado.
“A ferrovia é vital para que Suape atinja outro patamar em movimentação e eficiência para toda a cadeia logística. Se considerarmos a movimentação de Suape de 2018 a 2022, notamos que a mesma oscilou entre 22 milhões de toneladas (2021) e 25,7 milhões de toneladas (2020). Com TGSMS, a expectativa é de que seja movimentado em torno de 13 milhões de toneladas apenas com o transporte do minério. Além disso, teremos condições de explorar e atrair novas cargas, desde o grão de MATUPIBA, fronteira agrícola entre os Estados do Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão, até a produção de frutas do Sertão do São Francisco e a gipsita do Sertão do Araripe. Temos chances reais de dobrar a movimentação do Porto de Suape com a implementação da ferrovia, o que demandará ainda mais investimentos com a implantação de novos terminais especializado no atracadouro pernambucano”.
Além da movimentação de cargas a partir de Suape para fora de Pernambuco, Guiot destaca o potencial local para a chamada carga de retorno, que é o uso da ferrovia para transporte de mercadorias e insumos para o interior. “Podemos falar também de eficiência, pois temos o que chamamos de “carga de retorno”. Significa dizer que há carga para explorar nos dois sentidos, como contêiner, combustíveis e fertilizantes. Isso reduz o custo operacional, tornando Pernambuco mais competitivo. A ferrovia vai trazer dinamismo econômico para vários municípios ao longo do percurso ferroviário com a criação de entrepostos de cargas. Com isso, serão incrementados novas cadeias produtivas, novos negócios e a geração de emprego e renda para a população residente no interior”.
Suape é atualmente o quinto atracadouro público do Brasil em movimento de mercadorias, sendo o principal concentrador de cargas do Nordeste, atualmente distribuídas pelo modal rodoviário e por cabotagem. Sem a conexão ferroviária, o porto corre o risco de perder parte desse protagonismo regional. Com a ferrovia, novos horizontes se abrem, com grande impacto na economia pernambucana.