Estímulo para pedalar: cresce o número de ciclistas e infraestrutura cicloviária

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais

Há quatro anos fiz um percurso de 5 km de bicicleta no Recife, entre os bairros de São José e do Espinheiro, para uma reportagem sobre esse modal que reclamava por mais espaço na cidade. Apesar de o sistema Bike PE já estar em funcionamento, não passei por um metro de ciclovia em 2018 no meu trajeto. Hoje, quase todo o percurso já é feito com apoio dessa infraestrutura cicloviária e com muito mais ciclistas nas ruas. A vida de quem se desloca com as magrelas na capital não está resolvida ainda e as organizações que fomentam o modal alertam para muitas demandas a serem atendidas. No entanto, o marco de construir 170 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas trouxe uma mudança na paisagem e na rotina da cidade.

Clériston Bayer, funcionário público, 37 anos, mora no Espinheiro e trabalha no Centro da cidade. Já usava bicicleta tempos atrás, quando ainda vivia no bairro do Cordeiro. Mas, há um ano, passou a usar a bike como principal modal de transporte. “O trânsito me levou a adotar a bicicleta como meio de transporte. O aumento da gasolina foi um incentivo também, mas no horário em que trabalho sempre havia engarrafamento. Hoje o uso do carro é uma exceção”.

Segundo o ciclista, o tempo de deslocamento dos 4,5 km em cada trajeto de carro e do sistema de bicicletas compartilhadas do Bike PE é quase o mesmo. “Nesse período mudou muito a cidade, com muito mais ciclofaixas que antes. Elas dão mais segurança para transitar com as bicicletas. Para melhorar, precisamos de mais segurança no trânsito. Muitos motoristas não respeitam os ciclistas. Inúmeras vezes evitei acidentes”, afirmou Clériston.

A segurança pública é outro fator que incomoda o ciclista. Ele foi assaltado há dois anos, quando usava as bikes com menos frequência e pegava no trabalho por volta das 5h. Desde então, quando levaram sua bicicleta e sua bolsa, ele passou a evitar os horários em que a cidade está muito vazia ou locais mais escuros. “Foi traumatizante. Hoje dificilmente uso bike antes das 6h e após às 18h. Se eu tiver de trabalhar até mais tarde, não arrisco mais, uso um Uber para voltar para casa”.

Aos 61 anos, Clóvis Aroucha segue das Graças até Casa Amarela para o trabalho. O percurso executado entre 15 e 20 minutos é a melhor opção para driblar os congestionamentos. Ele é um dos privilegiados da cidade, por ter 80% de todo o seu trajeto com disponibilidade de ciclofaixa. Mas nem sempre foi assim. Ele conta ainda que até o ano passado trabalhava no bairro da Estância, que fica na periferia da Zona Oeste da cidade, uma região periférica que não era contemplada com a infraestrutura .

“Saio quase que diariamente de bike. Ando de bicicleta há mais de 20 anos, faço parte de grupos noturnos, que circulam pela cidade, e de grupos que organizam passeios também. Tenho experiência como ciclista e pedalo na cidade bem antes de ter as ciclofaixas. Elas são positivas, mas tenho críticas. A maior é relativa à fiscalização. Todo dia que vou, eu paro no meio da ciclofaixa para tirar motoqueiros. Qualquer um invade a faixa. Não existe fiscalização, nem educação”, reclama o ciclista.

*Leia a reportagem completa na edição 201.2 da Algomais: assine.algomais.com

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