A necessidade de realizar a quarentena com isolamento domiciliar trouxe muitos questionamentos, medos, ansiedade e estresse. Uma das consequência disso são as queixas, nos últimos dias, de surgimento ou piora das doenças psicodermatológicas, área da dermatologia que foca na interação entre as doenças de pele e a saúde mental dos pacientes. Alguns exemplos das queixas são a acentuação de queda de cabelos, piora da dermatite atópica, agravamento da psoríase e a volta das manchas brancas de vitiligo que já estavam pigmentadas.
Já é comprovado que estressores psicológicos são gatilhos para o aparecimento ou piora dos quadros cutâneos. “Emoções são importantes fatores em todas as doenças de pele. Os estressores tanto internos quanto externos rompem o equilíbrio do organismo estimulando uma série de reações do sistema neuroendócrino afetando vários aspectos imunológicos das doenças da pele”, explica Márcia Senra, Coordenadora do Departamento de Psicodermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Algumas pessoas com pouca resiliência, sensíveis ao estresse, portadores de transtornos ansiosos e depressivos, pioram muito com a experiência de quarentena, afastados de seus entes queridos, pela perda de liberdade, fobias desenvolvendo quadros de pânico, insônia pelas incertezas quanto à doença e ao futuro, inclusive levando à ideação suicida. “Com tantas emoções negativas, com toda certeza, as somatizações na pele irão aumentar enormemente justamente por essa inter relação entre a pele, o sistema nervoso e o psiquismo”, afirma Márcia Senra.
Diante do cenário, a SBD orienta que a população, nesse período de quarentena, invista em bons hábitos que vão ajudar a reduzir o estresse e prevenir alterações em sua pele, como prática de atividades físicas, ter um bom sono, se alimentar bem e ocupar a cabeça com atividades que causem prazer (desenhar ou realizar jardinagem, por exemplo). Além disso, é importante ter uma rotina diária de cuidados com a pele.
Quanto ao profissional dermatologista, cabe a ele abordar tanto a pele quanto o psiquismo de quem o procura. “O dermatologista deve desenvolver a melhor relação médico paciente com total empatia, acolhimento, fornecendo ferramentas, oferecendo terapias complementares e indicando em alguns casos, o aconselhamento psicológico/psiquiátrico”, finaliza o Sérgio Palma, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).