Estudo Propõe Substituir Vale-transporte Por Tarifa Zero Financiada Por Empresas - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco
Estudo propõe substituir vale-transporte por tarifa zero financiada por empresas

Pesquisadores da UnB, UFMG e USP divulgaram um estudo defendendo a viabilidade da tarifa zero no transporte público brasileiro por meio de um fundo financiado por empresas privadas e públicas com mais de dez funcionários. Publicado nesta quarta-feira (26), o documento propõe substituir o atual sistema de vale-transporte por um modelo único de contribuição, capaz de sustentar a gratuidade em 706 cidades com mais de 50 mil habitantes.

Financiamento da tarifa zero e impacto econômico

Segundo os autores, o novo mecanismo concentraria a contribuição em apenas 18,5% dos estabelecimentos do país, mantendo isentos cerca de 81,5%. A estimativa da pesquisa é de que cada empresa pagaria aproximadamente R$ 255 por mês por funcionário, o que geraria em torno de R$ 80 bilhões anuais — valor suficiente para cobrir o custo estimado de R$ 78 bilhões necessários para a implementação nacional da tarifa zero. Atualmente, os gastos nacionais com transporte coletivo são calculados em cerca de R$ 65 bilhões por ano.

O estudo também destaca que 137 cidades brasileiras já adotam a gratuidade e que a expansão do modelo poderia beneficiar cerca de 124 milhões de pessoas. Os pesquisadores ressaltam que a proposta não exigiria novos impostos nem repasses adicionais do governo federal, ao mesmo tempo em que poderia estimular o consumo ao liberar renda hoje comprometida com o pagamento de passagens.

Explicações e justificativas dos pesquisadores

“Um estabelecimento com 10 funcionários irá pagar a contribuição no valor de um. Com 20 funcionários pagará o valor referente a 11 e assim por diante”

De acordo com o professor Thiago Trindade, da UnB, a contribuição substituiria o atual desconto de 6% no salário do trabalhador para adesão ao vale-transporte. Ele defende que, ao centralizar os pagamentos em um fundo único, o sistema se tornaria mais eficiente, sem onerar a União, e permitiria que pilotos fossem iniciados em regiões metropolitanas já a partir de 2026.

Perspectivas, impactos sociais e desafios

Entre os potenciais efeitos da política, o estudo aponta uma migração significativa do transporte individual para o coletivo, reduzindo acidentes de trânsito e custos hospitalares — especialmente com motociclistas, que representaram quase 40% das mortes no trânsito em 2023 e cerca de 60% das internações. Para os pesquisadores, a tarifa zero tende a gerar ganhos sociais amplos, aumentar a longevidade produtiva da população e impulsionar a arrecadação tributária.

A equipe também projeta efeitos diretos na economia local. No Distrito Federal, por exemplo, o modelo poderia devolver cerca de R$ 2 bilhões por ano ao bolso dos cidadãos. Diante da complexidade da mudança, os autores defendem a necessidade de mobilização social e campanhas de sensibilização para avançar em um possível projeto de lei sobre o tema.

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