Pesquisas científicas apontam que a infecção do fígado causada pelo vírus da hepatite C (HCV) aumenta em quatro vezes as chances de desenvolver o diabetes tipo 2. Isso acontece porque o HCV é capaz de alterar a sinalização da insulina e impedir que ela regule o metabolismo da glicose no organismo.
Em outras palavras, o vírus contribui para a instalação da Resistência Periférica à Insulina (RPI) e, desse modo, favorece a elevação de glicose no sangue. Na via oposta, esse desequilíbrio também aumenta o acúmulo de gordura no fígado (esteatose), fato que, por sua vez, acelera a progressão da hepatite C.
A associação se torna especialmente grave porque, assim como o próprio diabetes tipo 2, a hepatite C é também uma doença silenciosa, que avança sem sintomas na grande maioria dos casos.
Do total de brasileiros com diabetes, 50% ou 7 milhões não sabem ter a doença. Já no caso da hepatite C, o desconhecimento é proporcionalmente muito pior: 75% dos cerca de 1 milhão de portadores do vírus HCV seguem alheios à sua condição.
Em ambos os casos, porém, a ausência de diagnóstico oferece sérios riscos, podendo até ser letal. Atualmente, o diabetes é a principal causa de cegueira, insuficiência renal e amputações de pernas no Brasil, enquanto a hepatite C é a maior responsável por cirrose, câncer e transplante de fígado no mundo.