O câncer de pele é um dos tipos mais recorrentes de câncer no Brasil, correspondendo a 33% de todos os diagnósticos desta doença no país, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Entre os tratamentos da doença estão a retirada cirúrgica do melanoma e, em casos mais graves, o uso de medicamentos que agem diretamente na destruição da célula cancerígena. O problema com esta segunda intervenção é a dificuldade de se monitorar o sucesso do tratamento e o retrocesso, ou não, da doença. Para resolver este problema pesquisadores da NYU School of Medicine and Perlmutter Cancer Center iniciaram estudos neste campo e chegaram à conclusão de que exames de sangue podem ser capazes de precisar o quão bem um tratamento contra o câncer de pele está funcionando. “Isso é possível devido ao fato das células cancerígenas, à medida que morrem, espalharem seu DNA pela corrente sanguínea, onde pode ser medido, o que permite melhor diagnóstico e direcionamento do tratamento com base no DNA de cada tumor individualmente”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 345 pacientes com melanoma de grau III e IV, quando o tumor já se espalhou da pele para outros órgãos, e que possuíam mutações do gene BRAF, que desempenha um papel fundamental em grande parte dos melanomas. Estes pacientes não podiam ser tratados cirurgicamente e eram parte de um grupo maior participando de testes clínicos de medicamentos desenvolvidos para atingir especificamente cânceres com mutações no gene BRAF. “Após análises, o principal achado do estudo foi o fato dos tumores com mutação do gene BRAF poderem ser detectados pelo exame de sangue em 93% dos pacientes antes do início do tratamento”, afirma a especialista. Além disso, os pesquisadores descobriram que os níveis de DNA dos tumores circulando pelo sangue não era mais detectável em 40% dos pacientes que tiverem um resultado clínico positivo após um mês de tratamento direcionado. Em contrapartida, os outros 60% dos pacientes ainda apresentavam níveis detectáveis do DNA de tumores circulando na corrente sanguínea após o mesmo período, indicando que não estavam respondendo bem ao tratamento. Estes sobreviveram, em média, apenas mais 14 meses.
Segundo a médica, o método convencional de identificar a progressão da doença em pacientes com melanoma é através de tomografias e marcadores a cada três meses. “Sendo assim, a vantagem do exame de sangue proposto pelo estudo é o fato de poder ser realizado em um período de tempo menor e possuir uma janela de detecção maior dos índices do gene BRAF no sangue dos pacientes, o que pode ser de grande auxílio para os médicos, visto que estes podem realizar os exames de forma mais frequente e eficiente, com resultados disponíveis dentro de poucos dias”, destaca a dermatologista. O próximo passo dos pesquisadores agora é testar a eficácia do monitoramento das amostras de sangue dos pacientes em longos períodos de tempo. Além disso, eles pretendem determinar se as decisões de tratamento baseadas nos resultados dos exames de sangue podem realmente aumentar as chances de sobrevivência do paciente. “Se futuros estudos se provarem bem-sucedidos, os exames de sangue em pacientes com melanoma podem oferecer um indicio precoce da eficácia do tratamento contra a doença, oferecendo a possibilidade de o médico adaptá-lo ou não”, finaliza a Dra. Paola Pomerantzeff.
Estudo: https://www.news-medical.net/news/20190516/Blood-test-can-assess-effectiveness-of-treatment-in-patients-with-skin-cancer.aspx