Queda mais acentuada ocorreu no comércio com os EUA, que registrou retração de 65% no trimestre
As exportações de Pernambuco registraram retração de 14% no acumulado entre agosto e outubro de 2025, totalizando US$ 493,7 milhões. O resultado reflete os primeiros efeitos consolidados das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, que elevaram custos operacionais e aumentaram a competitividade no comércio exterior, impactando especialmente empresas que dependem daquele mercado.
Queda acentuada nas vendas para os Estados Unidos
O recuo foi ainda mais expressivo nas exportações destinadas ao mercado norte-americano, que somaram US$ 19,9 milhões no trimestre, uma queda de 65% em comparação com o mesmo período de 2024. O açúcar de cana permaneceu como o principal produto enviado, com US$ 4,2 milhões, seguido por mangas frescas (US$ 3,7 milhões) e uvas frescas (US$ 2,3 milhões).
No mesmo intervalo, as importações também diminuíram. Pernambuco comprou US$ 1,77 bilhão do exterior, recuo de 4,8% na comparação anual, movimento atribuído à postura mais cautelosa dos empresários diante de um cenário internacional instável.
Adaptação das empresas e estratégia de diversificação
“O comércio exterior exige previsibilidade, e nesse momento a estratégia passa por reduzir riscos e preservar a competitividade. A diversificação de destinos é o caminho para atenuar a dependência de mercados que impõem barreiras”.
A avaliação é do presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, que destaca a cautela adotada pelo setor nas decisões de compra e investimento. Segundo ele, o empresariado tem buscado se reorganizar para mitigar os efeitos das tarifas e manter a competitividade internacional.
Resiliência e desafios para o fim do ano
“As exportações voltadas aos Estados Unidos tiveram forte retração, mas Pernambuco segue com resultados positivos em outros destinos. As exceções tarifárias foram essenciais para manter o escoamento de parte dos produtos agroalimentares, e a resposta das empresas mostra resiliência. O desafio, agora, é consolidar novos parceiros comerciais e manter o dinamismo da pauta exportadora até o fim do ano”.
A análise do economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, reforça que, apesar da retração, parte das empresas tem conseguido manter desempenho estável em outros mercados. Segundo ele, o último trimestre poderá ser decisivo para avaliar o grau de adaptação das cadeias exportadoras e o ritmo da diversificação comercial.
